Doze dos 233 casos do relatório anual do Observatório do Racismo no Futebol envolvem personagens ligados ao Flamengo, seja como vítimas, seja como algozes. Além de episódios de racismo, o relatório, feito em parceria com a CBF, também documenta casos de LGBTfobia e xenofobia.
A maioria dos casos, ocorridos em 2022, envolve a torcida do Flamengo como vítima ou perpetradora dos atos. Há ainda um caso de racismo sofrido por Gabigol e uma acusação de xenofobia contra a esposa do presidente Rodolfo Landim, que também é dirigente do clube.
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Flamengo como vítima
O Flamengo aparece como vítima de cinco casos de racismo e um de homofobia:
- Gabigol foi chamado de “macaco” por torcedores do Fluminense em fevereiro de 2022. Apesar do registro em vídeo das ofensas, o Fluminense foi absolvido pelo STJD
- Na Supercopa de 2022, na Arena Pantanal, um torcedor do Atlético-MG fez gestos de macaco para a torcida do Flamengo e chamou os torcedores de “macaco fedorento”. Não houve punição na esfera esportiva e na esfera criminal, o caso corre em segredo de Justiça.
- Antes da mesma partida, o rapper Djonga convocou a torcida para assistir à final da Supercopa usando uma imagem com a frase “Galo x Mulambos”. Após repercussão, Djonga afirmou que não sabia que a expressão tinha conotação racista e se desculpou
- Mais um caso de gestos de macaco aconteceu em abril de 2022, no Chile, quando um torcedor da Universidad Católica foi flagrado fazendo esses gestos em direção à torcida do Flamengo. O time chileno foi multado em US$ 30 mil pela Conmebol
- Outro incidente num jogo contra o Atlético-MG, desta vez contra o Mineirão, em junho de 2022: torcedores do Atlético-MG foram filmados cantando música de tom homofóbico em direção aos rubro-negros. O Atlético-MG foi multado em R$ 50 mil.
- Durante a transmissão da Fórmula 1 em maio de 2022, o áudio do narrador Sérgio Maurício vazou e foi possível ouvir ele dizendo que os torcedores do Flamengo são “duros e favelados”. Sérgio Maurício pediu desculpas pela fala, dizendo que foi uma “brincadeira imprópria”. Não há registro de outras consequências
Flamengo como algoz
Na ponta oposta, torcedores e dirigentes do Flamengo aparecem como autores de seis atos de LGBTfobia, misoginia e xenofobia
- No mesmo jogo em que Gabigol foi chamado de macaco, a torcida do Flamengo cantou um canto com expressões homofóbicas contra a torcida tricolor. O Flamengo foi condenado a doar 50 cestas básicas e instado a realizar reuniões com líderes de torcidas organizadas para informar sobre possíveis punições que atos como esse poderiam causar ao clube
- Após o jogo contra o São Paulo, em setembro de 2022, a humorista e influencer Gabô Pontaleão afirmou ter sido chamada de sapatão repetidas vezes quando saía do Maracanã. Não houve desdobramentos do caso
- Em uma entrada ao vivo antes da semifinal da Libertadores, contra o Vélez, a jornalista Jéssica Dias, da ESPN, foi beijada à força por um torcedor rubro-negro. O agressor foi detido e teve medidas cautelares impostas pelo juiz: não ir a jogos do Flamengo enquanto o processo por ato libidinoso perdurar, não viajar para fora do Estado do Rio sem autorização judicial e não ter contato com a vítima e testemunhas
- Na final da Libertadores, em Guayaquil, a jornalista equatoriana Pilar Vera trabalhava em uma transmissão ao vivo para o seu país quando foi abordada por um torcedor do Flamengo que a abraçou, a pediu em casamento e a perseguiu por alguns metros. Pilar disse que se sentiu muito desconfortável, mas não há registro de consequências legais ao episódio.
- Segundo o relatório, as redes sociais do Ceará foram tomadas por comentários preconceituosos contra nordestinos de torcedores do Flamengo em setembro de 2022. O humorista Tom Cavalcante também sofreu ofensas preconceituosas depois de fazer uma publicação comemorando o embate entre seu clube e o Flamengo
- Mulher de Rodolfo Landim e diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, Ângela Machado Landim publicou nas suas redes sociais mensagem xenofóbica contra nordestinos após a vitória de Lula na eleição de 2022. “Ganhamos onde produz, perdemos onde se passa férias. Bora trabalhar porque se o gado morre, o carrapato passa fome”. Apesar de ter se tornado ré por xenofobia, Ângela segue até hoje no cargo no Flamengo
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