O trabalho de Rodrigo Caetano no Flamengo foi péssimo. Irresponsável nos gastos, pouco criativo no mercado e arrogante no trato com a torcida, o gerente de futebol não deixou boa impressão. Parte do seu legado é um problema que a torcida já percebeu: nosso único atacante é Henrique Dourado.
Nenhum gestor é avaliado unicamente pelos resultados, mas sim levando em consideração os recursos que tem à disposição. O dono da padaria da esquina não pode ser avaliado pelos mesmos critérios que o gerente de tecnologia do Google. Esse talvez tenha sido o maior erro durante esses três anos com ele. As contratações caras e a perspectiva de bons resultados serviam de muleta, mas nunca foi colocado em perspectiva o poderio financeiro do clube e as expectativas geradas.
Rodrigo Caetano gastou muito e entregou pouco. Todas as contratações foram óbvias. Sempre seguiam o mesmo padrão de jogadores que se destacaram por aqui há um tempo, mas andavam sumidos. Independente de gostar ou não do desempenho desses caras no Flamengo, é inegável que esse é o caso de Geuvânio, Rômulo, Rhodolfo, Diego Alves, Diego e Éverton Ribeiro, só para citar os mais recentes.
Passou a ser raro o Flamengo contratar alguém que está em alta ou uma aposta com potencial de ser titular e decidir, como Tchê Tchê, Moisés ou Keno no Palmeiras.
E finalmente chegamos ao fim de 2017. Com a suspensão de Guerrero, o clube se viu em uma situação delicada. A vaga no ataque só poderia ser ocupada por Vizeu ou Paquetá, que nem é da posição. Jogamos duas finais importantes assim e a crítica ao planejamento se instalou: o Flamengo não pode chegar em um momento decisivo como esse colocando uma responsabilidade desse tamanho em cima dos garotos.
Caetano foi então ao mercado. Vendeu Vizeu aos italianos e trouxe Henrique Dourado do Fluminense. Um aumento considerável nos gastos mensais, mas será que isso se justifica por um ganho técnico?
Dourado nunca foi melhor que Vizeu. Nem o nosso departamento de futebol acreditava nisso. Ele limitado tecnicamente, não finaliza tão bem e tem falhas graves de posicionamento. Se coloca sempre atrás do zagueiro adversário, esperando um passe quase impossível, que só sairia a cada trinta tentativas se fosse feito por um Gérson.
Mas Rodrigo Caetano se livrou daquela crítica. Se Guerrero fosse mesmo suspenso, como aconteceu, poderia dizer que deixou o ataque do Flamengo nas mãos do artilheiro do ano passado. Contratou o Ceifador para ajudar a si mesmo, não para ajudar o Flamengo.
Hoje estamos aí. Nosso atacante luta muito, batalha, se mata. Não falta raça, mas falta todo o resto. Devemos agradecer ao egoísmo de Rodrigo Caetano.
Foto destacada: Gilvan de Souza / Flamengo
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Escrevo as análises táticas do MRN porque futebol se estuda sim! De vez em quando peço licença para escrever sobre outros assuntos também. Twitter: @teofb
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