Os próximos jogos do Flamengo podem definitivamente encaminhar a temporada 2023 para o fracasso total. Nem nos tempos de caixa vazio, salários atrasados e estrutura de time de várzea tivemos um pré-Brasileiro tão ruim, a despeito dos vices deste ano serem frutos, afinal, do sucesso do ano passado.
A estreia no Campeonato Brasileiro é contra o Coritiba, neste domingo (16), às 16h. Depois, o Flamengo enfrenta o Ñublense pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores, quarta (19), 21h30. Ambos jogos no Rio. Em seguida, no dia 23, encara o Internacional no Beira-Rio. Dia 26 volta então a encarar o Maringá, jogando a vida na Copa do Brasil, precisando vencer por três gols de diferença, no Maracanã. Assim, serão quatro jogos em dez dias.
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Essas partidas são absolutamente cruciais para o Flamengo. Os dirigentes não podem continuar omissos. Jogadores precisam lutar contra o comportamento catatônico em campo. E torcedores precisam entender ainda que não é hora para matar saudades de Jorge Jesus, que para a maioria virou um Dom Sebastião rubro-negro. Tem contrato com o Fenerbahçe, tem outras opções em cima de sua mesa. É um profissional do futebol e não um Messias.
Por outro lado, Dorival Júnior, o responsável por colocar ordem na casa bagunçada do time ano passado, está livre e aceita voltar ao comando do Mais Querido. Mexendo em algumas peças, com carisma, humildade, bem como alguma sorte aqui e ali, o time voltou a ganhar confiança e a jogar bem e “pelo menos” faturou as copas. Quer dizer que vai acontecer novamente? Não. Contudo, há alguns pontos importantes que devem ser levados em conta.
Dorival Júnior já conhece o time do Flamengo. Tirando Gerson, ele já trabalhou com absolutamente todos os jogadores. Atletas como Léo Pereira e Thiago Maia subiram de produção. E Pedro ganhou o espaço tão chorado por sua mãe.
Dorival Júnior é bem aceito pelo grupo. Podemos discutir a ética envolvida nessa ideia de jogadores aceitarem ou não um treinador, mas é fato que o grupo atual gosta dele e isso conta demais para um momento em que todos parecem estar com o psicológico abalado. Parece pejorativo taxar um treinador de paizão. Mas não teria sido o aspecto acolhedor o motivo para a rápida melhora do time na temporada passada?
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Dorival Júnior conhece o futebol brasileiro. Jogou dezenas de edições do Campeonato Brasileiro. Conhece as armadilhas da Libertadores. E respeita a Copa do Brasil. E o mais importante: sabe quem são os nossos adversários, especialmente os domésticos. É meio caminho andado para todos os planos de jogo das competições que ainda nos restam.
Dorival Júnior é mais do que um narigudo legal. Sim, os técnicos brasileiros estão defasados em relação aos europeus. É infantil, no entanto, taxar todos de relapsos e negligentes. Ecossistemas moldam a praxis . O tema é complexo e passa por calendário, dinheiro, cultura imediatista etc. DJ não é apenas um boleiro distribuidor de coletes que escala por apreço ou pressão. Afirmar esse tipo de coisa é desonesto com ele e com a própria tradição brasileira.
Firmo posição aqui a favor do Dorival no Flamengo. E deve chegar o mais rápido possível. Não há mais margem para técnicos europeus no momento. O fato de Jesus ter vindo, visto e vencido – um Júlio César luso – o torna sim um nome sacro na mitologia flamenga. Deuses do futebol não são infalíveis e não podem ser inevitáveis.
Diogo Almeida é editor do Mundo Rubro Negro. Gosta de escrever teses não convencionais sobre o Flamengo. Siga no Twitter.
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