Primeiro é preciso ter a autocrítica e o discernimento necessários para reconhecer que o Flamengo não jogou bem. Teve mais posse de bola? Sim, mas não jogou bem. Dominou as ações? Sim, mas não jogou bem. Venceu a partida? Sim, mas não jogou bem.
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E isso em parte é mérito do adversário. Um Olímpia organizado, defensivamente forte, e que veio para colocar em prática o exato oposto da canção de Guilherme Arantes, ao não deixar chover e nem deixar a chuva molhar. O time paraguaio marcou com intensidade, bateu seu medo de ser feliz e estava tão abraçado à ideia do empate em 0x0 que já começou a fazer cera antes dos 15 minutos do primeiro tempo.
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Também é em parte mérito do juiz, um cidadão visivelmente carente que entrou para a arbitragem menos pela paixão pelo esporte e mais pela oportunidade de conhecer pessoas, fazer novos amigos, e trocar altas ideias quando deveria estar distribuindo diversos cartões.
E o Flamengo, tem mérito?
Mas também é, e muito, mérito do Flamengo. Mérito de um Flamengo que não conseguiu transformar posse de bola em chances claras, que teve dificuldades para fazer o placar diante de uma equipe tecnicamente inferior, que segue oscilando sob o comando de Sampaoli.
E por um lado não há muito do que reclamar. Enfrentamos uma equipe que se classificou melhor do que nós na primeira fase, saímos com a vitória, estamos vindo de um começo de semana em que não sabíamos se o artilheiro da equipe na temporada iria aparecer nos treinos depois de levar um socão do preparador físico. Pra uma equipe que veio desse nível de caos, uma vitória de 1×0 está de bom tamanho.
Mas por outro lado segue na cabeça do torcedor essa constante sensação de que o Flamengo tem capacidade para mais do que isso. Mais do que ser travado por qualquer sistema defensivo minimamente organizado. Ou do que ter a posse de bola mas não conseguir criar oportunidades. Mais do que depender que alguns dos nossos craques tire um coelho da cartola para conseguir vencer.
Porque é claro que não existe problema nenhum em contar com a qualidade acima da média dos nossos jogadores acima da média. Eles foram contratados exatamente para isso: se sobressair nos momentos complicados. Para fazer aquela jogada inesperada naquele momento em que você já está quase conformado com a ideia de que vai ficar acordado até 23h pra ver gente trocando passe lateral como na partida de handebol mas chata do mundo.
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Mas uma equipe com a qualidade e o volume de investimento do Flamengo, ainda que incapaz de contratar um meia de criação reserva, precisa ser capaz de oferecer mais opções, de garantir mais regularidade, de apresentar mais soluções.
Porque, claro, é incrível poder contar com a sintonia e talento quase sobrenaturais de uma dupla como Gabigol e Bruno Henrique para decidir uma partida. Mas e no dia em que eles estiverem menos inspirados? Ou, por fim, se isso não bastar, não seria bom poder contar com algo mais consistente do que isso?
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