É público e notório para todo rubro-negro que o Flamengo precisa definir seu estádio…
Dentre as opções possíveis hoje, temos a que seria mais fácil: o Maracanã, o templo rubro-negro, preferido de 9 em cada 10 torcedores. No mundo ideal, nada ficaria entre o clube e “seu” estádio, pois é óbvio quem ocupou o estádio por 68 anos e tem como direito o usucapião que lhe foi usurpado pela gangue do ex-governador vascaíno em edital de cartas marcadas que já debatemos aqui em outra coluna e tem seus partícipes todos presos, desde os empreiteiros, passando por membros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, até o próprio ex-Governador.
Alguns alegam que o Maracanã atual, o New Maracanan, tem custos altos demais para ficar na mão de um só clube. E é verdade se for da maneira atual. A reforma do estádio para a Copa de 2014, na verdade uma reconstrução, foi feita para uma Copa do Mundo e para atender seleções, torcidas mistas, com acabamentos caros e custo operacional gigantesco. Por exemplo, dizem os especialistas que o quadro de energia é mal setorizado, tal qual o ar-condicionado, que dificulta operar apenas uma parte do estádio em jogos de baixa demanda. Fora que um estádio tão grande, no mundo de hoje, demanda um número de seguranças privados gigantescos por partida, fora bilheteiros, organizadores e limpeza.
Outro problema é a falta de divisão física para 90%/10% de público, que representa 97% de todos os jogos da Série A do Campeonato Brasileiro (considerando que todos os clássicos cariocas sejam no estádio), muitos lugares acabam perdidos devido à demanda do GEPE (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), em média 8 mil lugares que não podem ser vendidos.
Para piorar, a Lei de Gratuidade do Rio de Janeiro obriga que 10% do total de ingressos emitidos para a partida sejam oferecidos para, principalmente, menores de idade e idosos (recentemente a lei foi revista e baixaram a idade mínima para idosos de 65 para 60 anos). Mas ao mesmo tempo que o clube não pode vender esses milhares de ingressos, precisa arcar com os custos por assento de todas as gratuidades, que incluem luz, água, segurança, emissão de tíquete de gratuidade, bilheteiro, limpeza e organizadores.
Ainda por cima há as cativas do estádio, aproximadamente 5 mil lugares, que não pagam ingresso e também demandam custo de operação por assento.
Vejamos:
– Maracanã tem hoje capacidade total de 78 mil lugares
– 10% são gratuidades, ou 7.800 lugares
– 10% são visitantes: mais 7.800 lugares que não necessariamente são vendidos
– 5 mil lugares são cativas, não há arrecadação
– GEPE isola até 8 mil lugares para separar visitantes no Setor Sul
Temos então um número de assentos de 28.600 lugares que não são vendidos aos seus torcedores na maioria das vezes, variando para mais ou menos dependendo do número de visitantes e tamanho do cordão de isolamento do GEPE. E isso representa em média 35% da capacidade total do estádio.
Então num jogo de casa cheia, o Flamengo tem à sua disposição aproximadamente 50 mil lugares (dependendo do GEPE) para vender, mas paga o custo operacional de 78 mil assentos. E no modelo atual do estádio, não fica com lucro de consumos, como bares e estacionamento.
Uma conta dificílima de fechar, e não estamos nem considerando aqui o ALUGUEL do estádio, assunto que abordaremos nesse artigo ainda.
Um adendo interessante: as cadeiras usadas no estádio, da empresa Giroflex, com alto custo por unidade e aprovada em também estranha licitação, não existem mais para adquirir. Toda vez que uma cadeira quebra no estádio, um buraco surge no lugar, uma vez que a empresa italiana decretou falência há 3 anos. Nada sai barato no New Maracanan.
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O Preço do Maracanã – Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã – Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã – Parte 3: A cronologia do contrato
O Preço do Maracanã – Parte 4: Sem contrato, a extorsão
O Preço do Maracanã – Parte 5: As duas torres e o efeito Manguinhos
O Preço do Maracanã – Parte 6: O fim da Ilha e o Estádio da Gávea
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Maracanã / Divulgação
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Bruno De Laurentis é assistente de arte, carioca e gamer. Escreve no blog “Deixou Chegar” e também é responsável pela identidade visual do Mundo Rubro Negro. Acesse: brunodelaurentis.com.br. Siga-o no Twitter: @b_laurentis.
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