Depois de investigar todos os possíveis cenários, Bruno De Laurentis chega ao fim da jornada da busca do Flamengo pelo seu direito de operar um estádio
Até o fim do ano temos mais 17 jogos com mando de campo no Campeonato Brasileiro. Teremos mais pelo menos 1 jogo de Libertadores, e se passarmos de fase (e iremos), mais um. Além da Copa do Brasil com um jogo contra a Ponte Preta, e passando, pelo menos mais um jogo – que também certamente seria no Maracanã.
Antes de seguir, você precisa ler:
O Preço do Maracanã – Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã – Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã – Parte 3: A cronologia do contrato
O Preço do Maracanã – Parte 4: Sem contrato, a extorsão
O Preço do Maracanã – Parte 5: As duas torres e o efeito Manguinhos
Nesse caso, já teríamos os tais 20 jogos. A Ilha do Urubu, lá fechada, demandando custo para reforma de pavimentação, gramado, torres e envelopamento das arquibancadas provisórias, o que fazer? O Flamengo paga um aluguel mensal de 300 mil reais mensais à Portuguesa da Ilha do Governador. Até o fim do ano, seria dinheiro no lixo. Cresce nos bastidores um movimento que, em caso de acordo com Maracanã, adiante-se o encerramento do contrato da Ilha do Governador. Se o clube mandar um jogo na Ilha do Governador em um mês, o custo do aluguel será de 300 mil reais, o que surrealmente seria maior que o aluguel de um jogo no Maracanã. No caso de dois jogos, sairia 150 mil cada jogo, enquanto no Maracanã custaria 250 mil cada jogo e você poderia arrecadar mais no total e ter mais gente no estádio. Além disso, o Maracanã com o time em boa fase permite a melhor precificação, enquanto na Ilha os ingressos baixos não pagam o custo de operação e causam prejuízo maior. No Maracanã o Flamengo perdeu apenas um jogo desde 2015, desempenho técnico quase tão bom quanto o da Ilha do Urubu.
Com todos os pontos elencados, o que você faria? Ainda mais com o furo da repórter da ESPN que talvez o clube nem mesmo precise mais arcar com alguns custos do Maracanã?
Bem, como também adiantou o MRN em furo de reportagem, a atualização do Decreto de Cessão da Gávea que resolveu o impasse dos “fins comerciais”, incluiu a assinatura de uma carta de intenções que permitiriam ao clube trabalhar pelo Estádio da Gávea. Ano passado o prefeito Crivella também acenou ser favorável à medida, assinando carta de intenções semelhante. Pela primeira vez desde o meio da década passada, o Flamengo tem os poderes municipal e estadual a seu lado (aparentemente, pois em ano eleitoral nem tudo pode ser levado a ferro e fogo) para levantar seu estádio na Gávea. Acústico, como quer o prefeito, ou boutique, como preferem diretoria e Governo do Estado.
Todos esses movimentos não são em vão, caro leitor. Em 2013, conforme coluna de Renato Maurício Prado, e em 2015, conforme Ancelmo Góes, Odebrecht e Pezão sinalizaram positivamente para a construção de um estádio pequeno para o Flamengo, até mesmo com parceria da empreiteira.
Para a empreiteira é a melhor solução, pois um pequeno estádio na Gávea inviabilizaria o clube de mandar jogos de grande apelo fora do Maracanã. Quando o clube acena com a construção de um estádio no terreno de Manguinhos, desenterram projeto de alça de ligação entre Ponte e Avenida Brasil, esquecido há uma década. Tudo sempre será feito para que o Flamengo não tenha um estádio à altura de seu porte, porque ele é o trem pagador do Rio de Janeiro.
Quando o poder público e privado acenam positivamente para o Flamengo na Gávea com estádio de 20 mil pessoas, eles sabem que perderão apenas os jogos de estadual contra pequenos (pouco lucrativos) e talvez no máximo uma dúzia de jogos ao longo da temporada contra equipes que não causam nenhuma comoção na torcida. Os jogos grandes, o grande público continuaria no Maracanã.
Então não estranhem o movimento. Talvez até nessa articulação recente de reaproximação com o Consórcio Maracanã já estejam engatilhando o estádio. São muitos fatos acontecendo concomitantemente entre os mesmos agentes de sempre, que costumam dividir o tabuleiro mas nem sempre em lados opostos.
Circula também que o Flamengo pensa e avalia desmontar a Ilha do Urubu e levar a estrutura provisória para a Gávea, mantendo a mesma estrutura. Nesse caso, deixaria de pagar o aluguel mensal à Portuguesa e teria menor custo por jogo. Um bom histórico em seus primeiros jogos em sua sede desarmaria a vizinhança/Amaleblon e provaria que o clube pode ter seu estádio em sua sede com estrutura definitiva. O metrô está lá para ajudar. O estacionamento do combalido Jockey Club espera ansioso por essa receita.
Assim ficaria a Ilha do Urubu montada na Gávea, em foto tirada do alto de nossa velha arquibancada de alvenaria ainda dos anos 30. Reprodução: @b_delaurentis / Bruno De Laurentis – MRN
Todas as partes tem boas cartas.
Infelizmente o clube é o que joga com o blefe. Blefa quando pressiona dizendo que não assina com A ou B. Blefa quando diz que vai comprar um terreno. Blefa quando alega poder manter o Maracanã inteiro sozinho como ele é hoje.
Apenas jogando com inteligência poderá resolver seu problema histórico de não ter um estádio operacional para chamar de seu.
Que não erremos a mão. Nosso futuro depende disso.
SRN.
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O Preço do Maracanã – Parte 1: Nada sai barato no New Maracanan
O Preço do Maracanã – Parte 2: Assinando com o Maracanã
O Preço do Maracanã – Parte 3: A cronologia do contrato
O Preço do Maracanã – Parte 4: Sem contrato, a extorsão
O Preço do Maracanã – Parte 5: As duas torres e o efeito Manguinhos
O Preço do Maracanã – Parte 6: O fim da Ilha e o Estádio da Gávea
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Reprodução
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Bruno De Laurentis é assistente de arte, carioca e gamer. Escreve no blog “Deixou Chegar” e também é responsável pela identidade visual do Mundo Rubro Negro. Acesse: brunodelaurentis.com.br. Siga-o no Twitter: @b_laurentis.
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