O Flamengo nunca deve ser apenas para quem pode. Flamengo é pra quem é Flamengo
Salve Mulambada,
Ontem estava no metrô, a caminho do jogo, quando ouvi algum irmão de alma parabenizar mais um debutante no templo:
– Aê, vai conhecer o Maraca!
Era um cidadão já adulto, logo não pude me identificar, pois minha primeira vez no estádio foi aos 7 anos. Mas o brilho nos olhos do cara dizia muita coisa.
E por que ele estava ali logo ontem? A fase não vinha boa – mesmo com o alívio na última semana -, protesto, desconfiança, Brasileirão apenas no início… Por que logo ontem ele ali?
– Ah Léo, teve a volta do Guerrero. Ídolo, cativa multidões, ícone, etc.
Aí tu tá falando do Zico, irmão. Não era por causa do Guerrero e não serei convencido do contrário.
Tenho certeza que esse cara já queria ter debutado faz tempo, só não podia. E ontem ele pôde, coube no seu bolso.
O Flamengo, embora viva descumprindo, é proibido moralmente de excluir seu povo. Nunca será aceito pelos deuses que seu jogo tenha um público de 15 mil pessoas que puderam pagar 100 pratas. O Flamengo nunca deve ser apenas para quem pode. Flamengo é pra quem é Flamengo. E eu vou repetir a palavra Flamengo da mesma forma que tanta gente repete no dia-a-dia por livre e espontâneo amor, por livre e espontâneo Flamengo.
Em cada cantinho da cidade, do estado, do país, há uma voz a gritar Flamengo.
Flamengo!
O “Onde estiver, estarei” sempre vai servir para se referir à alma e ao coração. Mas quando o ingresso está 20 conto num domingo à tarde, ele também serve pra presença física, que torna o Flamengo muito mais Flamengo.
Ontem não houve vergonha em cantar “Festa na Favela”, porque dessa vez o ingresso chegou lá. Na favela, no subúrbio, no barraco. Chegou pro cara que rala a semana toda ganhando um salário mínimo e não pode nem pensar em ser sócio. Chegou pra qualquer um que quisesse ser Flamengo.
O problema não era os que podem pagar caro. São Flamengo, então são bem-vindos. O problema era a ausência do povo, ausência de Flamengo.
Ontem, 60 mil. Onde esteve, estivemos, de fato. Ali mesmo, de pertinho.
Somos o Flamengo. Ontem, fomos o Flamengo. Não tem metáfora, nem exagero ao se referir na primeira pessoa. Maraca tomado, de ricos, pobres, finos, favelados, cascudos e debutantes. Tomado de Flamengo.
Não mais para quem “pode”, voltando aos que querem.
E quem não quer ser Flamengo?
Bom dia a você, que teve um domingão tão prazeroso quanto ver aquele petardo do nosso menino estufar a rede. A você que viveu intensamente um dia de Flamengo. A você que ajudou a fazer o Rodrigo Dourado olhar em volta e pensar: ‘Que torcida é essa!?’. A você que é Flamengo.
Seguiremos juntos. O Flamengo enfim entendeu, mesmo por pressão, que precisa de Flamengo pra ser mais Flamengo.
Seguimos a vida, já pensando em quinta-feira, quando o povo poderá estar ali novamente. Pro Flamengo.
E se há alguém aqui que não vista essa camisa, que siga o líder. O Flamengo.
Saudações,
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Gilvan de Souza / Flamengo
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Léo Leal escreve no MRN e participa do programa Mesa Rubro-Negro no YouTube. Siga-o no Twitter: @_LeoLealC
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