A vitória contra o Ceará no ultimo domingo (29 de abril), vai ficar marcada pela comemoração do meia Diego, literalmente nos braços da torcida do Flamengo que superlotou a área destinada aos visitantes no Castelão, em Fortaleza. Torcedores cearenses e de outros estados do Nordeste compraram os cerca de 20 mil ingressos colocados à venda para a Nação Rubro-Negra da região.
Único clube com perfil nacional, o Flamengo terá a companhia de Corinthians e São Paulo no grupo de gigantes do futebol tupiniquim. A projeção, baseada na última pesquisa Datafolha sobre o perfil dos torcedores do país, feita por Fernando Ferreira, fundador e sócio da Pluri Consultoria, é de que os três acumulem nada menos do que 3/4 da torcida brasileira: “Se projetarmos a evolução das torcidas pelos dados etários disponíveis na pesquisa, e considerarmos as taxas de natalidade, de fecundidade e os dados de expectativa de vida atualmente disponíveis, podemos projetar um futuro próximo (10 a 20 anos) de aumento da concentração e da diferença de porte entre os clubes, em direção a termos apenas 3 grupos de torcidas disputando os 75% de brasileiros que torcem para algum time”, declarou em artigo publicado em seu blog.
Quando se analisa o recorte da faixa etária da atual pesquisa, é impressionante a constatação do futuro da Nação Rubro-Negra. Entre 16 e 24 anos, o Mengo arremata 24% de torcida contra 17% do principal rival em grandeza. Um apontamento que não deixa margem para maiores objeções quanto ao futuro. Apesar de reportagens que forçam a barra, é improvável e quase que impossível mesmo que o posto de maior torcida do Brasil deixe de ser da Nação.
Sobre a questão, Vinicius Paiva, do respeitado blog Teoria dos Jogos, escreve:
A análise por faixa etária empata com a das rendas como recortes mais importantes nas pesquisas. Isto porque uma aponta o tamanho futuro das massas, enquanto outro indica quem consome ou tem potencial de consumir – mesmo em torcidas menores do que outras. Vamos à avaliação do primeiro grupo.
Por idade, não é de hoje, o Flamengo encerra toda e qualquer controvérsia quanto à sua liderança. Na faixa mais jovem, entre 16 e 24 anos, o Mengão explode a incríveis 24%, contra 17% do Timão. Isto, ao menos por ora, é indicativo de que nossa geração não verá qualquer mudança no topo do ordenamento. O aumento entre a garotada rubro-negra é tão impactante que supera em muito faixas reconhecidamente pertencentes à “era Zico”: 20% entre 35 e 44 anos, e 18% entre 45 e 59 anos.
Saiba mais: Áudio-entrevista: Vinícius Paiva, do blog Teoria dos Jogos, fala sobre o mito da espanholização
A margem de erro é “mais fiel” na balança
O teor do anúncio da pesquisa uma vez mais forçou igualdade numérica entre as torcidas rubro-negra e corintiana (veja print abaixo). Com 18% da preferência nacional contra 14% do atual campeão brasileiro, a matéria da Folha de São Paulo destaca que o alvinegro paulistano está tecnicamente empatado com o Flamengo considerando a margem de erro de 2%. O interessante é notar que a margem de erro da editoria do jornal sempre conclui que os paulistas podem ter um percentual maior e o Flamengo menor.
Especialista sobre o tema, Vinicius Paiva explica bem o “empate técnico” em seu blog Teoria dos Jogos: “O foco foi forçar uma igualdade numérica entre as torcidas rubro-negra e corintiana. Com 18% da preferência nacional contra 14% do atual campeão brasileiro, a matéria da Folha de São Paulo destaca que o alvinegro paulistano está tecnicamente empatado com o Flamengo considerando a margem de erro de 2%. O interessante é notar que a margem de erro da editoria do jornal sempre conclui que os paulistas podem ter um percentual maior e o Flamengo menor”.
Domínio absoluto no Norte e Nordeste; empate nas outras regiões
No Norte e Nordeste a margem de erro dá um salto para 6%, segundo os critérios do instituto. Mesmo assim, o time da Gávea fica muito à frente dos demais clubes. No Norte, o Fla conta com 37% contra 8% do Corinthians. No Nordeste os números são 23% e 9%, respectivamente.
Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste equilibram a balança pró-Corinthians, segundo o Datafolha
Na região Sul despontam Inter e Grêmio como os clubes que ameaçam o domínio corintiano. O Fla estaria logo abaixo. A margem de erro é de 5%. Na região Centro-Oeste a margem sobe para 6%. O curioso é que o Fla tem 23% da preferência, enquanto o Corinthians apenas 9%. Mesmo assim o jornal vaticina novo empate técnico. Finalmente, na região Sudeste o estudo confere 19% para o Corinthians contra 14% para o Flamengo, com margem de erro descendo para 3 pontos percentuais.
Outras discrepâncias conceituais
Sobre as margens de erro, Vinicius Paiva destacou que elas não funcionam como noticiadas no estudo do Datafolha, o primeiro desde 2014: “Margens de erro não funcionam na base do “dois pontos percentuais pra todo mundo”. Fosse assim, clubes com 1% das preferências (como o Bahia) variariam entre 3% e… -1%! Ou mesmo zero, levando proeminentes torcidas regionais à condição de inexistência. Parece óbvio que estas não são opções válidas. A questão é que margens de erro são proporcionais ao “tamanho do número”, sendo assim, quanto menor o percentual, menor a margem. Só isto já é suficiente para dizer que mesmo a variação benéfica aos paulistas (eles pra cima e cariocas para baixo) não seria suficiente para atingir a condição de empate técnico. Sendo assim, é correto afirmar: Não existe qualquer dúvida sobre a inexistência de um empate na primeira posição. Para alguns, uma verdade inconveniente”, alerta Paiva.
O especialista em números ainda alertou sobre uma questão do arredondamento praticado pela empresa de pesquisa: “Mas ainda existe um último questionamento. Na pesquisa divulgada hoje, o Sport sequer aparece na lista dos votados – ou seja, o Leão pernambucano foi acomodado dentro de nada desprezíveis 8% de “outros”. Só que numa pesquisa fidedigna, seria imperativo que os pernambucanos aparecessem (bem) à frente do Vitória, pois algumas outras já o colocaram mesmo adiante do Bahia. Se torcidas tão importantes estão dentro do “outros”, e se este agregado atingiu índice tão proeminente (equiparado ao tamanho do São Paulo, terceira maior torcida do país), por que não abri-lo? Novamente: o que custa revelar os percentuais de todos os que bateram 1% – mesmo os que o fazem com base no famigerado arredondamento? A mesma reivindicação se aplica aos importantes Atlético-PR e Coritiba, agregados dentro de um catadão que não lhes é de direito”, conclui.
A pesquisa Datafolha foi realizada entre os dias 29 e 30 de janeiro de 2018. Foram entrevistas 2.826 pessoas em 174 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Staff Images / Flamengo; Reprodução Folha de São Paulo.
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