Onde burguês senta e ostenta sua camisa original de R$ 300,00, ele carrega um símbolo costurado na fantasia.
Por Ricardo Moura – Twitter: @MouraPalopoli
Dizem os mais religiosos que no final de nossa vida teremos que prestar conta de tudo que fizemos nessa longa jornada na terra. Todo nosso caminho até a morte será colocado na mesa e ai sim teremos o destino final. Me diga, qual é o teu caminho?
Fazem algumas semanas que um torcedor símbolo do Flamengo passou a ser perseguido por homens e mulheres, muitos que torcem para o mesmo time, outros de times rivais e pasmem, até membros da imprensa compraram o barulho e partiram para piadas e chacotas sem sentido. Não citarei nomes, não citarei absolutamente nada. Teu caminho dirá de quem falo. Sua jornada será o pires revelador do personagem descrito.
Quando o homem engravatado afundou o Maracanã, ali, no papel que permitiu a demolição de parte do estádio, estava decretada a morte de parte de um povo. Com as arquibancadas de concreto que foram colocadas ao chão, morriam junto uma centena de personagens que faziam do local um berço da sociedade. Quase um “Mundo Paralelo”, um recorte cirúrgico do que era o Rio de Janeiro, o Flamengo e o Povo.
Os anos se passaram, e alguns daqueles personagens conseguem sobreviver. Tenho certeza que tristes, mas sobrevivem ao um espaço que não é mais deles. Não é mais da Cidade, nem do Flamengo e muito menos do Povo. O novo Maracanã merece quem o frequenta, merece os jeans, as blusas polos, os sapatênis e o silêncio causado pelo canto da torcida adversária.
Um homem resolveu quebrar isso. Vestiu a roupa de seu herói e passou a torcer. Onde burguês senta e ostenta sua camisa original de R$ 300,00, ele carrega um símbolo costurado na fantasia. O dono do sapatênis exibe seu celular, mais preocupado em tirar foto do que ver o jogo, e o julgado apenas carrega um cartaz, tentando fazer a sua parte para que a bola entre. Me diga, qual o teu caminho?
Na briga, na disputa, no peso sobre peso, eu to com ele. Abro mão do seu ingresso, do seu sócio torcedor, da sua procura por cada lançamento de vestuário do clube, troco isso tudo por ele. Fique em casa, não frequente o mesmo local que ele. Se o teu problema é ele, o meu é você. Se no final do texto você se sentir raivoso, te questiono novamente, diga ai meu amigo, qual o teu caminho?
Ricardo Moura é jornalista, Flamenguista e prefere mil vezes a alegria de um torcedor puro, do que o dinheiro besta de um torcedor que não conhece seu time. O Flamengo é do Povo e o Povo é muito mais do que você.
*Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Reprodução / Autor Desconhecido