Esse é um texto preventivo. Após um ano de conquistas, o Flamengo decidiu mudar sua comissão técnica. Provavelmente, a partir de janeiro o novo técnico rubro-negro será o português Vítor Pereira, e com essa notícia um velho conhecido passou a rondar pela Gávea: o fantasma dos jogadores preguiçosos e vagabundos.
Ninguém sabe (ninguém mesmo) se Vitor Pereira dará certo no Flamengo. Nas redes sociais já temos vídeos e threads explicando porque dará ou não certo, apenas para que daqui uns meses possam usá-las pra se vangloriar caso acertem, ou correr pra apagar caso errem.
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E haverá aqueles que irão justificar um eventual fracasso do treinador com “o elenco é vagabundo”. Inclusive já existem aqueles que fazem a ressalva de que VP pode não dar certo no Mais Querido porque o elenco é mimado. Alguns ainda hoje sustentam que Paulo Sousa não deu certo por isso. “Ele teve alguns erros, mas os jogadores sabotaram ele”, ainda sai da boca de alguns torcedores e jornalistas.
Esse texto tem o condão de lembrar a vocês de quem vocês estão falando. Afinal, os supostos vagabundos mimados nos deram a maior quantidade de títulos em um período tão curto de tempo na história. Esses homens merecem respeito. Além disso, também merecem que cada um de nós coloque a mão na consciência antes de atacá-los com esse tipo de crítica.
Não se trata, obviamente, de dizer que não iremos ou não devemos cobrá-los. Pelo contrário. Aquele que estiver mal, deverá ser cobrado para melhorar. E que eles tenham cobrança também interna. Mas que nunca sejamos nós a detratar pessoas que têm esse tamanho e importância no Flamengo. Isso foi feito com Diego Ribas e Diego Alves.
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Talvez por isso o nosso ex-camisa 1, que teve um último ano melancólico pelas lesões e também por ter sido boicotado por Paulo Sousa desde o dia 0, disse em seu discurso de despedida “Valorizem esses caras. Eles são a história viva do Flamengo!”. Não caiamos novamente no infeliz erro de, ao sinal de primeiro problema, colocar a culpa em uma suposta falta de vontade ou de entrega dos jogadores.
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Muito me tocou a entrevista de Filipe Luís ao Podcast G.E Flamengo na qual revela ter cogitado seriamente deixar o Flamengo justamente pela maneira como o a torcida criou a fantasia de que jogadores como ele estavam fazendo mal ao clube. E era o Filipe Luís, multicampeão pelo Flamengo, tendo dado ao longo desses anos, demonstrações irrefutáveis de seu comprometimento com as cores vermelha e preta. Perder um jogador desse, por picuinha, seria uma das coisas mais tristes que já aconteceu ao Flamengo.
Que a torcida saiba reconhecer e valorizar esses jogadores nos bons e nos maus momentos e que a idolatria por eles permaneça mesmo com os percalços que podem vir no ano que vem. Somos privilegiados, mas não sejamos nós, os mimados.
Renato Veltri é advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado pela irmã dele na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato
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