A melhor maneira de entender a vitória do Flamengo é a partir dos seis principais personagens da partida
Mais alívio que comemoração. O Flamengo venceu o Botafogo no finalzinho e manteve a vantagem de oito pontos sobre o Palmeiras.
Um jogo difícil, suado, arriscado… Uma vitória importante! E alguns pontos de preocupação.
A melhor maneira de entender Botafogo 0x1 Flamengo é a partir dos seis principais personagens da partida.
Cada um ajudou a escrever a história do jogo de uma forma, com suas características próprias. Vamos a eles. O primeiro personagem é Joel Carli.
O capitão alvinegro deu o tom do clássico. É o típico jogador que confunde intensidade com violência, raça com brutalidade e rivalidade com intimidação. Colocou essa pilha desde o primeiro minuto, provocando, batendo e reclamando.
O zagueiro argentino representou dentro de campo o clima que se viu do lado de fora, com todas as brigas e intimidações. A atmosfera do Engenhão estava pesada desde antes do apito inicial, e o Botafogo veio a campo com essa pegada. O segundo personagem é Luiz Fernando, o maior prejudicado pelo clima do jogo.
Jogando pela ponta direita, o camisa 9 foi o melhor do Botafogo no primeiro tempo – talvez ao lado de Cícero, mas acabou expulso e prejudicou sua equipe.
O melhor – talvez o único – escape do Botafogo desde o início era através das arrancadas de Luiz Fernando pela direita, buscando sempre a velocidade em cima de Renê. O Botafogo buscava sempre o atacante, que errava e acertava, mas conseguia levar perigo.
Mas a função de Luiz Fernando não se limitava ao ataque.
O Botafogo não costuma ser um time intenso na marcação, então sua proposta de pressionar a bola contra o Fla era feita de forma um pouco atabalhoada. Com isso, os jogadores chegavam atrasados.
Não acho que havia uma orientação para baixar a porrada deliberadamente, mas um time que precisava se desdobrar para cobrir muito campo com movimentos coletivos pouco coordenados e uma pilha excessiva que colocaram um clima de guerra na mente dos jogadores.
No Blog do Téo: Téo Benjamin: como o 4-2-3-1 moderno surgiu na Inglaterra
Luiz Fernando também entrou na pilha e logo no início levou cartão amarelo por uma pregada em Gabigol. No segundo tempo, errou um passe, chegou atrasado na recomposição e fez uma falta sem violência, mas para amarelo.
Chegamos, então, ao terceiro personagem: Gabigol.
O principal alvo das entradas duras e provocações do Botafogo. A ideia parecia ser desestabilizar o artilheiro do Flamengo, que tem fama de esquentado.
O comportamento e Gabigol na parte disciplinar foi exemplar. Não caiu na pilha, não revidou faltas, não entrou na provocação. Se limitou a jogar bola.
Mas seu comportamento tático também foi interessante. Ele teve muitas dificuldades jogando entre os zagueiros. Claramente não estava confortável. Não conseguiu encontrar muitos espaços até que aos 41 min saiu da área centralizado, quase como meia, e fez sua primeira boa jogada.
A partir daí, Gabigol passou a buscar sempre a jogada mais recuado. Recuou, se tornou um jogador a mais no meio-campo e encontrou espaços. Invadia a área apenas em velocidade, vindo de trás. Deu certo, mas o Flamengo perdeu sua referência na frente.
O quarto personagem importante é Everton Ribeiro.
Pela forma como o Botafogo costuma jogar, pressionando pouco a bola e com poucas coberturas, Everton tinha tudo para ser a chave do jogo rubro-negro. No entanto, não encontrou espaços no primeiro tempo.
O Flamengo forçava o jogo pela direita, mas o Botafogo fechava a porta.
No 4-1-4-1 alvi-negro, Cícero era a chave. Saía do meio para ser mais um marcador no lado da bola. Assim, o Botafogo sempre tinha quatro jogadores marcando três pelo lado.
Com isso, Everton Ribeiro ficou encaixotado. Recebia pressionado por todos os lados e não conseguia acelerar o jogo. Situação extremamente desconfortável para o camisa 7!
Aí chegamos ao quinto personagem. Ele, é claro, Jorge Jesus.
Enlouquecido com a atuação do time até os 30 do segundo tempo, o Mister promoveu as entradas de Lincoln e Lucas Silva nas vagas de Vitinho e Gerson.
Quase ninguém entendeu. Muita gente cornetou.
A entrada de Lincoln significou um centroavante mais fixo na área, permitindo que Gabigol se movimentasse pelos espaços mais confortáveis para ele.
A de Lucas Silva fez com que Everton saísse da direita e fosse jogar pelo meio, buscando armar o time sem ficar encaixotado. Alguns questionaram a saída de Gerson em vez de Arão, já que o segundo é “mais defensivo”.
Para ser mto ofensivo e impor uma pressão total, Fla precisava recuperar todos os chutões do Bota. Ser absoluto lá atrás e ficar com a bola. Eram 7 no ataque e 3 para dar suporte ao ataque
Lucas Silva entrou para abrir o campo pela direita. Bruno Henrique foi jogar colado na linha lateral pela esquerda e a ideia era forçar o jogo por ali. Todas as jogadas passaram a sair por aquele lado. Aos 37, ele recebeu junto à linha lateral com Lincoln e Gabigol invadindo a área. Marcado por dois, não passou.
Aos 39, de novo, mas teve que inventar outra jogada.
Aos 41, recebeu mais por dentro, tentou buscar a linha de fundo e sofreu falta…
Aos 43, Everton olha por cima do ombro e vê o espaço pelo meio. Olha de novo e vê que o marcador não percebeu sua intenção. Ele acelera. Bruno Henrique fica livre para buscar o fundo…
A bola chega ao sexto personagem.
Se Lincoln não é o centro-avante que JJ tanto queria, é um moleque útil, dedicado, com estrela e é Flamengo pra caralho.
Decisivo contra o Grêmio em 2018, decisivo de novo agora. Que ano difícil para ele e que forma de voltar!
O Botafogo lutou. Fez mais do que podia. Exagerou, é verdade, e precisa rever isso. Mas também endureceu o jogo mesmo quando não bateu.
No fim, valeu a superioridade do Flamengo. Valeu a estrela dos nossos personagens. Valeu a determinação de um time que sabe onde quer chegar! Como preocupação, ou ponto de atenção, ou pelo menos aprendizado, fica o fato de um adversário bem inferior ter conseguido criar dificuldade encaixotando nosso principal armador, desestruturando o jogo do nosso artilheiro e sair em velocidade na transição. Pontos a trabalhar!
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