A Forte Futebol, grupo concorrente da Libra na negociação dos direitos do Campeonato Brasileiro, ofereceu ao Corinthians o que na prática seria uma garantia de que o clube vai receber mais que todos os outros no contrato de TV. Entretanto, foi exatamente essa garantia pleiteada pelo Flamengo que serviu de argumento contra a formação de um bloco único no ano passado.
A contradição foi exposta na coluna desta segunda-feira no jornal “O Globo” de Rodrigo Capelo, jornalista especializado na cobertura de negócios do futebol.
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“Quando a negociação comercial é tratada como guerra ideológica, nos bastidores e perante a opinião pública, arrisca-se ao constrangimento diante de contradições. Para puxar Corinthians e Santos para o lado deles [da Forte], seus intermediários fazem promessas que confrontam o que eles mesmos vinham defendendo, radicalmente, há mais de um ano”, escreveu Capelo.
Capelo lembra que, para evitar o abismo que se ampliou nos direitos de TV entre Flamengo, Corinthians, e os demais no atual contrato da Globo, a Forte se posicionou contra qualquer garantia de receita mínima para a dupla no regulamento da nova Liga que pretendiam criar. O Flamengo e a gestão anterior do Corinthians insistiram na garantia, o que acabou levando à formação de dois blocos rivais.
O jornalista explica o que fez a Forte mudar de posição agora para tentar aproveitar a mudança de gestão no Corinthians e no Santos e trazer esses clubes para o seu lado.
“A Libra recebeu proposta de R$ 1,3 bilhão da Globo pelos seus direitos, enquanto Forte e União têm a promessa feita por seus intermediários de que arrecadarão tanto ou mais. Nenhum dirigente vai admitir publicamente, mas eles sabem que estão em desvantagem comercial”, escreveu.
Diante desse cenário, explica Capelo, intermediários do bloco foram atrás das novas gestões de Corinthians e Santos e pediram para que não assinassem com a Globo sem ouvi-los.
“A diretoria do Corinthians (…) disse que só migraria se tivesse garantia de receber mais no Forte do que na Libra. O Santos viu a oportunidade e foi na mesma linha. E o benefício está prestes a ser concedido por investidores”, afirmou.
Se Forte convencer Corinthians, Globo deve reduzir oferta à Libra
Capelo revela como a garantia funcionaria na prática. A XP emprestaria um valor ainda a ser acertado a Corinthians e Santos com o contrato de TV como garantia. Entretanto, se o Corinthians, ao longo do contrato, em alguma temporada arrecadar, pelos critérios da Forte, um valor inferior ao que receberia no acordo com a Libra, a diferença será perdoada pela Forte.
O mesmo cálculo vale para o Santos, em valores proporcionalmente menores.
“Do jeito que a mecânica foi construída, pergunto: trata-se de garantia mínima? As cabeças por trás do Forte dizem que não, pois o dinheiro não sai diretamente do bolso de Fluminense, Internacional e Fortaleza, entre outros clubes, e sim da XP. Além de estar limitado ao montante do empréstimo. Mas o benefício garante uma receita com televisão anual para Corinthians e Santos, e ele só foi oferecido para a dupla. O constrangimento toma conta da sala”, escreve.
A nova postura da Forte mostra que, na prática, o medo do grupo era apenas dar mais dinheiro ao Flamengo, e não ao Corinthians ou outros clubes.
O Flamengo acompanha atentamente a negociação da Forte com o Corinthians já que se o clube desistir de assinar o contrato com a Globo junto com a Libra, a emissora deve reduzir a proposta de R$ 1,3 bilhão por ano que ofereceu ao bloco. A Libra já decidiu assinar com a Globo e negocia os termos finais do contrato.
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