Dia 29 de julho de 1971 é a data que nenhum rubro-negro jamais vai esquecer. Os que nasceram depois, já a conheceram no nascimento, os que viveram, são privilegiados. Há exatos cinquenta anos, Arthur Antunes Coimbra entrava em campo junto com os profissionais do Flamengo pela primeira vez.
A ocasião não poderia ser mais especial, Flamengo x Vasco, no Maracanã, um dos maiores clássicos do Brasil e do mundo, no palco perfeito para o jovem Arthur mostrar do que era capaz. Com apenas 18 anos, Zico dava o primeiro passo para escrever a história mais bela do Clube de Regatas do Flamengo.
– No dia a sensação, a emoção de estar ali, pisar no Maracanã como profissional, aquilo que você almeja, foi realmente difícil. No início de jogo, aquecimento a gente fica bastante nervoso, bastante tenso – declarou Zico em vídeo publicado pelo Flamengo.
Além de estrear em um jogo grande e em palco histórico, Zico era lançado em um Flamengo completamente bagunçado. Em crise técnica e financeira, o Rubro-Negro havia acabado de perder o argentino Doval, um dos principais jogadores do elenco. O atacante se desentendeu com o treinador e acabou emprestado ao Huracán Portenho.
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O Mais Querido teve campanha fraca no Carioca, ficando apenas na quarta colocação e vendo o Fluminense conquistar o título. Diferentemente dos dias atuais, a Taça Guanabara era ocasionalmente disputada depois do campeonato principal. O Vasco, rival do dia 29, também não vinha nada bem, mas o jogo tinha clima tenso.
E foi nesse cenário que o maior camisa 10 da história do Flamengo entrou em campo. O Rubro-Negro abriu o placar com gol de Nei e passe de Zico no primeiro tempo, porém, viu o Vasco empatar no final da primeira etapa com Rodrigues. Na segunda etapa, Fio Maravilha marcou o gol da vitória no finalzinho, 2 a 1 pro Mengão. O garoto Arthur, na ponta direita e com a camisa 9, dava pistas do que viria a seguir.
– Foi inesperado, tinha acabado de ter o Campeonato Juvenil e eu ainda tinha mais dois anos, tinha dezoito anos e a categoria tinha passado pra vinte. Logo assim que acabou eu já fui chamado para treinar no profissional pelo professor Solich. Eu cheguei e ele já me colocou de titular – revelou.
Zico: “Sou uma pessoa privilegiada”
– Sempre digo que sou uma pessoa privilegiada, abençoada por Deus que me deu todas essas oportunidades, essas chances de poder fazer o que eu gosto que é jogar futebol, no meu time de coração que é o Flamengo – disse Zico.
Após a estreia, Zico ficou com os profissionais e disputou 15 partidas do Campeonato Brasileiro. Por incrível que pareça, não obteve destaque. Por conta do ambiente desorganizado, o jovem foi testado fora de posição em diversas oportunidades. Com a chegada de Zagallo, Arthur voltou para o time de base.
Foi apenas em 1974 que o nosso rei se firmou como craque do time, conquistando a Bola de Ouro da revista placar e obtendo destaque na conquista do Campeonato Carioca.
O resto da história de Zico com a camisa do Flamengo, todos nós sabemos de cor. Foram 732 partidas, 508 gols e incríveis 58 títulos com o Manto Sagrado. Uma trajetória que, como ele próprio disse, jamais será esquecida. O nosso Galinho de Quintino está eternamente nos corações dos flamenguistas.
– Foram anos que realmente nós jamais vamos esquecer, marcaram a minha vida. E no dia 29 de julho, como foi a minha estreia no profissional, é começo da minha história – declarou Zico.
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