O governo federal está cobrando do Flamengo respostas sobre o destino da placa em homenagem a Stuart Angel. Inaugurada em 2010 e removida em 2016, a placa que homenageia o remador rubro-negro, morto pela ditadura militar, tem paradeiro desconhecido.
Em 2019, a gestão Rodolfo Landim causou indignação ao rejeitar uma homenagem de um grupo de sócios a Stuart na garagem de remo do clube no dia do aniversário de 55 anos do golpe militar. Na ocasião, após uma nota sobre a homenagem ser publicada pelo jornalista Ancelmo Gois, a diretoria divulgou uma nota se distanciando da iniciativa.
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“O Clube de Regatas do Flamengo esclarece que, por ser uma verdadeira Nação, formada por mais de 42 milhões de torcedores das mais diversas crenças e opiniões, não se posiciona sobre assuntos políticos. A homenagem citada na nota foi realizada diretamente por um grupo de sócios e torcedores do Clube, sem nenhuma participação da instituição – algo que, inclusive, é estatutariamente vedado”, afirmou o Flamengo em nota na ocasião.
Desde então, o clube se recusou a restaurar a placa ou instalar uma nova no lugar, apesar de o grupo Flamengo da Gente ter se disposto a financiar a iniciativa por conta própria.
Com a mudança de gestão no governo federal, o Flamengo da Gente procurou a primeira-dama Janja da Silva – que torce pro Flamengo – e o Ministério dos Direitos Humanos para pressionar o Flamengo sobre a restauração da homenagem. O jornal “O Globo” divulgou nesta sexta-feira que o assessor especial de Memória e Verdade, Nilmário Miranda, mandou um ofício à direção do Flamengo perguntando sobre a placa.
O MRN entrou em contato com a assessoria do Flamengo para saber se o clube havia respondido o governo e se pretende restaurar a homenagem, mas não obteve retorno.
Quem foi Stuart Angel
Stuart Angel Jones foi remador do Flamengo nos anos 60. Como voga, o primeiro de oito remadores da equipe, foi bicampeão carioca em 1964 e 1965. Nos anos 70, tornou-se militante do MR-8, guerrilha que combatia a ditadura militar.
Em 1971, antes de seu desaparecimento, se escondeu por três dias na garagem de remo do Flamengo, sob guarida do histórico técnico Buck. Depois, nunca mais se soube do seu paradeiro. Em 2019 ele foi oficialmente declarado como morto pela ditadura. Seus restos mortais nunca foram localizados.
A mãe de Stuart Angel, Zuzu Angel, dedicou o resto de sua vida à procura do filho e também foi morta pela ditadura militar. A irmã de Stuart, Hildegard Angel, jornalista e torcedora do Flamengo, participou da homenagem de sócios em 2019 que levou o Flamengo a divulgar a polêmica nota.
A história da homenagem
A homenagem a Stuart Angel fazia parte do programa “Lugares da Memória”, conduzido pelo Ministério dos Direitos Humanos no segundo mandato de Lula. A inauguração aconteceu em 2010 e contou com a participação do então ministro Paulo Vanucchi e da então presidente do Flamengo, Patricia Amorim.
Em 2016, na gestão Eduardo Bandeira de Mello, a placa foi retirada da garagem de remo em meio às reformas conduzidas pelo Comitê Olímpico Americano, que alugou a Gávea como sede da sua delegação na Olimpíada. Em 2019, o Flamengo da Gente decidiu pedir a restauração da homenagem, mas, além da nota, nunca recebeu resposta da gestão Landim.
O MRN apurou que a placa a Stuart é o único dos 40 monumentos do programa Lugares da Memória que não está no local original e tem paradeiro desconhecido.
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