A decisão de Atlético-PR e Coritiba de não realizarem o clássico de ontem em Curitiba por divergências políticas com a federação local – no caso, por conta dos direitos de transmissão do jogo – não é inédito no Brasil. Em 1998, um Fla-Flu do Campeonato Carioca não aconteceu por W.O. duplo. Os dois clubes se solidarizaram ao Botafogo, que dias antes havia se recusado a jogar contra o Vasco, e avisaram que só iriam a campo quando a Ferj remarcasse o clássico. Em represália, a federação transferiu o duelo do Maracanã para Moça Bonita. Por intermédio da Liga Carioca, entidade que reunia o trio contrário à federação, os dois clubes conseguiram então uma liminar para não entrarem em campo naquela quarta-feira. E assim ocorreu.
No dia seguinte, como se nada tivesse acontecido, o Vasco derrotou o Bangu e comemorou o título estadual. O TJD da Ferj ignorou as liminares da Justiça e aplicou WO no Botafogo contra o Vasco e em Flamengo e Fluminense pelo clássico. O Flamengo ainda se recusou a entrar em campo contra o Vasco.
A polêmica toda aconteceu porque Flamengo, Fluminense e Botafogo acusaram a Ferj de descumprir acordo entre os clubes e beneficiar o Vasco na montagem da tabela. Os três clubes chegaram a declarar o Estadual como morto e fazer planos para um campeonato da Liga em 1999.
O então presidente da Ferj, Eduardo Vianna, porém, foi certeiro ao prever que a rebelião não duraria muito tempo e que trocas no comando de Flamengo e Fluminense no fim daquele ano reaproximariam os clubes da federação. Foi o que aconteceu. Os W.O.s foram mantidos, assim como o título do Vasco, e em 1999 o campeonato aconteceu normalmente, com título do Flamengo, o primeiro de um tricampeonato. Ao longo dos anos, os clubes voltariam a se unir, se desunir e a enfrentar a federação. Mas 19 anos depois, o Carioca segue vivo e a Ferj continua tendo um poder muito maior do que deveria – com uma nova polêmica prestes a começar em relação ao mando de campo do clássico do próximo sábado.