Clássicos já são naturalmente marcantes, especialmente o charmoso Fla-Flu, quando se enfrentam os dois maiores campeões cariocas. Mais especial ainda é marcar o gol da vitória de um duelo tão grandioso como esse, o que aconteceu com Maxi Biancucchi há 15 anos.
O argentino havia chegado ao Flamengo há pouco tempo e, cercado de grandes expectativas, ainda não havia balançado as redes nos três jogos anteriores. Eis que no dia 16 de agosto de 2007, pela primeira vez como titular, diante de um Maracanã lotado, Maxi Biancucchi marcou o gol da vitória e foi o herói de um Fla-Flu. A rede balançou aos 42 minutos do primeiro tempo, sendo o gol solo daquele clássico há 15 anos, uma sensação incrível para um jovem jogador chegando a um país desconhecido.
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“Pra mim foi um fato histórico. Desde menino você sonha em jogar por grandes clubes e quando joguei pelo Flamengo minha vida mudou completamente. Cheguei em um país que não conhecia a língua e tudo parecia difícil pois não podia entender o que se falava. O Flamengo vivia uma situação difícil, acho que lutava contra o rebaixamento e eu jogava o primeiro clássico. Lembro que tinha muita expectativa em cima de mim e foi uma motivação extra. Eu sentia muita vontade de jogar. Lembro que, apesar de ter algumas situações difíceis futebolisticamente falando, eu sempre tive muita personalidade e esse tipo de jogo eu amava jogar. Eu me preparei muito a cabeça e entrei confiante para tentar fazer meu melhor”, afirmou Maxi.
Exclusiva
O argentino concedeu exclusiva para o MRN e, além de contar qual a sensação que foi atuar pelo Flamengo naquele clássico, lembrou bem do lance do gol.
“O lance foi um contra-ataque. Me lembro perfeitamente! Eu estava aberto pela esquerda, onde normalmente jogava. Quando o Juan começou o contra-ataque, meu medo era ficar em impedimento. Então eu sempre estava olhando a linha. Eu não sabia se Juan ia tocar para mim porque ele era um cara que também driblava e podia partir pra cima. Juan era um cara que você tinha que entender como ele jogava. Às vezes ele fazia coisas que não dava para antecipar a jogada. Então tentei ficar bem posicionado e gritava o nome dele para ele passar a bola.
Quando vi a bola passar, comecei a correr sentindo que não estava impedido e ouvia a torcida começando a se levantar, eu fique com medo do cara (o marcador) cortar. Se você observar, ele quase corta quando eu chuto. Tentei chegar o mais próximo possível do gol, mas ao mesmo tempo longe do marcador. Quando cortei e chutei por cima do goleiro foi uma sensação única”.
Maxi Biancucchi fala em sensação única de jogar pelo Flamengo, ser herói de um Fla-Flu e… jogar com a 10 de Zico
Maxi Biancucchi também ressaltou a grandeza do momento em que marcou um gol e comemorou com a Nação vestindo a camisa 10 de Zico. Ao fazer essa rememoração, o argentino afirmou ser uma pessoa privilegiada:
“Sensação única. Como falei, meu sonho era jogar por grandes equipes. Hoje vejo o gol e eu comemorando o gol, em um Fla-Flu, com a camisa número 10 do Flamengo. A pesada camisa número 10. Acho que sou um privilegiado. E com todo respeito, porque sei que é uma camisa que o Zico usou e eu tenho o maior respeito pelos grandes ídolos do Flamengo, no momento que coloquei a 10 foi uma motivação extra. Eu sabia da responsabilidade, sabia o que significava… Então passado o tempo eu vejo essa situação e acho muito bacana o que vivi nesse momento. É um gol que nunca vou esquecer”, afirmou.
Sobre o atual elenco do Flamengo
“Hoje o Flamengo é uma seleção. É difícil saber sobre isso, apesar que eu confiava muito no meu potencial. Eu acredito que o jogador vai evoluindo de acordo com os seus companheiros também. Então se você tem um elenco forte, você se fortalece. E se você não é forte, acaba saindo. Claro que o Flamengo hoje é outro, é uma seleção. Mas tem jogadores que evoluíram ao longo da carreira. Um exemplo é o Marinho. Hoje não tem tanto espaço, mas é um cara que começou de baixo e foi evoluindo. O Arrascaeta também, que hoje tem um potencial absurdo”.
Então eu acho que o jogador evolui de acordo com o nível de competição. Se eu estivesse ali, seria um jogador muito melhor por causa dos meus companheiros. Naquela época tínhamos um grande elenco também. Renato Augusto, me lembro que era novo, já estava nas seleções. Tinha o Roger, com muita experiência, Juan, Léo Moura… Depois vieram o Petkovic, o Adriano Imperador e aí foi constante evolução. Nesse momento eu fui perdendo espaço. Futebol é assim e hoje vejo o Flamengo totalmente diferente. Naquela época era outro nível de contratação e hoje é absurdo”.
Jogador preferido no atual elenco do Flamengo
“Gosto muito do Arrascaeta. Acho um jogador acima da média. Tem o Everton Ribeiro também, o Gabigol… Poxa! Falar de um é desmerecer o outro”.
Novas instalações e comparação com estrutura da sua época
“Não conheço. Tenho vontade de conhecer (o CT) e visitar o Maraca lotado também. Chegar lá e ver aquela massa… Tá louco! Na minha época, a gente treinava na Gávea, às vezes no Ninho. Mas era muito precário. Hoje é tudo novo”.
Acha que teria uma passagem melhor se tivesse toda essa estrutura?
“Nada disso. O futebol está nos pés. O demais é para potencializar o jogador, mas se não tem o futebol, não adianta. O que acho é que se você está em campo com um elenco forte, tem maior possibilidade de ser campeão. Na época a Libertadores era mais difícil de competir. A gente não tinha essa mística. Hoje o Flamengo é forte na Libertadores. Para os times brasileiros hoje não existem rivais. Os argentinos vêm por baixo”.
Sobre o bicampeonato da Libertadores em 2019
“Acompanhei, claro! Aquela Libertadores tinha que ser do Flamengo. Às vezes é o destino. É Deus…”
Sobre Flamengo x Vélez Sarsfield na semifinal da atual edição da Libertadores
“Acho o Flamengo favorito. Mas time argentino é sempre forte. Não pode relaxar e achar que já está classificado. O Vélez sabe jogar essa competição, mas acho o Flamengo favorito”.
Sobre trabalho atual e se tem vontade de voltar para o campo em outra função
“Estou trabalhando em televisão e rádio. Como comentarista. Às vezes tenho a sensação de que preciso dessa adrenalina (voltar para o campo de jogo). Comecei a fazer cursos, mas acabei deixando porque comecei a trabalhar aqui (TV e rádio) e não quero misturar. Sinto muito prazer fazendo o que faço agora, que é falar de futebol, ir aos campos. Tenho entrevistado pessoas do futebol e acho muito interessante. Gosto muito dos conteúdos. Tive um programa de entrevistas com jogadores e estou gostando do que faço”.
Veja o gol de Maxi Biancucchi no Fla-Flu
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