Após o sucesso de Jorge Jesus no Flamengo, os clubes brasileiros olharam com mais carinho para técnicos europeus, sobretudo portugueses. Contudo, o fato não agradou o técnico e ídolo do Botafogo, Roger, que criticou a contratação de estrangeiros e elogiou os treinadores brasileiros, como Renato Gaúcho.
O programa ‘Central do GE‘, no YouTube, entrevistou o ex-jogador e agora técnico do Athletic. Roger criticou a demissão de Enderson Moreira no Botafogo, mas não se contentou em falar apenas do treinador alvinegro. Isso porque ele precisou usar o termo xenofóbico “bacalhoada” para se referir aos técnicos portugueses no Brasil.
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Roger criticou a chegada dos técnicos portugueses ao Brasil, uma vez que o novo treinador do Alvinegro também deve ser um lusitano. Além disso, aproveitou para elogiar o trabalho de outros brasileiros, como Renato Gaúcho, demitido recentemente do Flamengo.
“E vamos enfiando português (sic), parece que inventaram futebol. Parece que sabem tudo e não sabemos tudo. Beleza. É muito fácil. Fazemos o trabalho sujo, quando está tudo redondo chega um argentino ou português. (…) Agora não concordo, estamos trazendo treinador português que teve sucesso na base para dirigir o Botafogo. Tem muita gente boa aqui querendo conquistar. Vou em Roger Machado, Mano Menezes, o próprio Renato Gaúcho. Não concordo com essa bacalhoada chegando e resolvendo todos os problemas do Brasil. Não sei se é esse o caminho.”
Jorge Jesus, Paulo Sousa, Abel Ferreira: técnicos portugueses não são novidades no Flamengo ou no Brasil
Não por acaso, há procura dos clubes de maior investimento por técnicos com nacionalidade portuguesa. A explicação também não está no sucesso recente no Brasil, quando as últimas três Libertadores foram vencidas por lusitanos. Outros testes também não deram certo, como casos de António Oliveira, no Athletico, Sá Pinto, no Vasco, e Jesualdo, no Santos. Paulo Sousa agora tenta dar certo no Flamengo.
Entretanto, um dos fatores que pesa a favor de Portugal é a facilidade da língua. Além disso, a escola portuguesa é muito conceituada na Europa, sendo referência em tática e estratégia em campo. Nos grandes centros da Europa, é fácil encontrar vencedores nascidos em Portugal, casos de José Mourinho, Leonardo Jardim e André Villas-Boas.
Soma-se, ademais, isso o fato de que os lusitanos são obrigados a estudar para se tornarem treinadores. A metodologia é bem densa e pode ser entendida nesta matéria do Mundo Rubro Negro. No Brasil, a realidade é completamente diferente, contudo, a CBF começou a implementar a CBF Academy, que visa capacitar melhor os técnicos brasileiros.
Flamengo, Atlético-MG, Palmeiras, Internacional: clubes brasileiros procuram mais técnicos estrangeiros
Jorge Jesus não foi o primeiro e não será o último estrangeiro a pisar no Brasil. Contudo, sua contribuição abriu as portas novamente para os estrangeiros, que já estavam caindo no esquecimento. Atualmente, a Série A do Campeonato Brasileiro conta com seis técnicos estrangeiros. Entre eles, dois portugueses, dois argentinos, um paraguaio e um uruguaio.
Flamengo e Palmeiras têm Paulo Sousa e Abel Ferreira como técnicos lusitanos. Os hermanos são “El Turco”, do Atlético-MG, e Vojvoda, do Fortaleza. Enquanto isso, o Internacional trouxe o uruguaio Medina e o Coritiba tem o paraguaio Morinigo. Além disso, o Botafogo tem na mira o, também português, Luís Castro. Na Série B também há dois estrangeiros: o uruguaio Pezzolano no Cruzeiro e Florentín, paraguaio, no Sport.
Apesar disso, a porcentagem de brasileiros segue sendo muito maior. No futebol brasileiro há espaço para todos, mas só criticar não adianta. Isso porque os técnicos tem que provar a cada dia que são bons, capacitados e merecem a vaga.