Ser flamenguista é, entre várias outras coisas, se expor a uma vasta gama de emoções. Das mais prováveis até as mais inesperadas, das mais positivas até as mais negativas. Em questão de semanas, dias, até mesmo horas, o Flamengo pode te levar da euforia ao desespero, da comemoração ao luto, da plenitude soltadora de fogos da vitória até a revolta pixadora de muros da derrota.
Mas tem uma coisa que nenhum torcedor rubro-negro, nem mesmo o mais experiente, ou o mais precavido, poderia estar preparado pra sentir. Essa coisa é a nefasta e assustadora “saudade do Rodinei”.
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Sim, Rodinei, Rodilindo, ou, como diria Arturo Vidal, “El avión”. O lateral-direito que, entre 2016 e 2022 teve uma longa passagem de altos e baixos com a camisa rubro-negra, que incluiu desde altíssimos altos, como o pênalti decisivo na Copa do Brasil e a boa atuação na final da Libertadores, ambos ano passado, até baixíssimos baixos, como falhas de marcação absurdas, gols contra bizarros e ter sido reserva do Pará durante um certo período.
Por isso, ainda que tenha saído do Flamengo em boa fase no fim da temporada passada, não se poderia dizer que Rodinei deixou grandes saudades na torcida rubro-negra. Apesar de carismático, dedicado e com reconhecidas qualidades ofensivas, Rodishow saiu da Gávea visto como um lateral com fragilidades táticas, dificuldades na marcação e um tanto quanto irregular demais para ser titular de uma equipe como o Flamengo, que contava com o promissor Matheuzinho e o uruguaio Varela, que ainda não tinha tido tempo para mostrar serviço mas vinha credenciado como titular de sua seleção.
Mas menos de três meses depois, o cenário é bem diferente. Matheuzinho, apesar dos acertos no ataque, parece cada vez menos promissor e ainda sofreu uma fratura que pode deixá-lo fora de campo durante meses. Já Varela, que no fim do ano passado não tinha entrado em partidas o bastante para permitir uma avaliação, mesmo depois de ser titular em vários jogos segue uma incógnita, já que não parece ter grande capacidade ofensiva mas também não se destaca na defesa, permanecendo um grande mistério quais seriam as características que o levaram a ser titular de sua seleção e disputar uma Copa do Mundo.
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E quem sofre com isso, claro, é o torcedor. Afinal, quem é que vê Matheuzinho errando um cruzamento e pensa “talvez o Rodinei acertasse essa, hein”?. Quem precisa acompanhar Varela perdendo na velocidade pro atacante adversário e solta um “nessa bola o Rodi chegava”? Quem, quando Vidal teve aquele mini-surto e saiu batendo chuteirinha pra todo lado não teve certeza que com Rodishow naquele banco de reservas o clima seria outro?
Mais do que um elogio a Rodinei, que tem sim seus talentos, mas várias vezes se mostrava irregular demais ou taticamente perdido demais, essa situação é mais um sintoma da grave doença que é a presunção da nossa diretoria, incapaz de perceber as próprias falhas e se organizar da maneira que um clube como o Flamengo precisa.
Afinal, como o elenco mais caro do mundo fora do continente europeu pode não ter um lateral-direito titular melhor do que o dispensado Rodinei? Como um time que começou a temporada sonhando com título mundial pode chegar em março sem um jogador sequer em condições para uma posição tão importante? Como fica cada vez mais claro, o Flamengo de 2023 tem diversos problemas. E a maioria deles, aliás, começa em esferas bem mais altas do que o campo de futebol.
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