Primeiro é preciso deixar claro que não existe “derrota boa” e que o conceito de “perdeu quando podia perder” só existe pra clubes que podem perder, o que não é o caso do Flamengo. Nosso hino diz “vencer, vencer, vencer” e não “vencer, empatar, perder agora porque dá pra contornar depois”. Não é nosso espírito, não é nossa cultura e toda derrota precisa ser vista como uma falha a não ser repetida, como uma lição que precisa ser aprendida.
E várias são as lições da derrota de hoje, por 2×1, diante do Internacional, numa virada triste e decepcionante sofrida já nos acréscimos.
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Isso porque vimos um Flamengo muito pouco eficiente, que desperdiçou oportunidades, errou passes e cometeu falhas de marcação que não seriam aceitáveis num time infantil cuja preleção do treinador é “o importante é todo mundo se divertir”, agora imagine numa equipe profissional que tem a pretensão de brigar por títulos.
Os gols adversários saíram em erros bisonhos, um deles contando com Santos sendo encoberto enquanto estava dentro do gol; várias bolas foram perdidas no meio de campo como se os atletas não soubessem quem era colega e quem era rival; ataques foram desperdiçados porque as pessoas simplesmente não conseguiam regular a força do próprio pé. Vidal parecia um vídeo rodando na velocidade 0,5x e a saída de bola através de lançamentos de zagueiros e goleiros fica muito prejudicada quando os zagueiros e os goleiros não sabem lançar a bola.
Mas ainda assim, mesmo com a derrota frustrante diante de um Internacional comandado por aquele que talvez seja o mais covarde dos treinadores da primeira divisão brasileira, é inegável que o Flamengo segue sim apresentando alguns sinais de evolução – ainda que, obviamente, evoluir o fraquíssimo trabalho realizado pelo 6x reprovado no psicotécnico Vítor Pereira não seja exatamente difícil.
Contra o Internacional, o Flamengo voltou de vez a ser um time propositivo. Não foi só a primeira partida, não foi só em casa, não foi apenas contra o Nublense. O Flamengo hoje tenta as jogadas, busca as movimentações, ataca o adversário e, ainda que de maneira um tanto confusa e com alguns jogadores meio perdidos, reencontrou sua vocação natural para usar o talento e a posse de bola como armas em direção ao gol. Não deu certo como precisa dar e o nível de acerto nas jogadas ainda é muito baixo, mas é visivelmente um caminho mais promissor do que o “todo mundo na defesa rezando enquanto eu durmo” do técnico anterior.
E a intensidade da equipe é outra, como exemplificado pelo retorno de Gerson, cuja alma parece ter sido capturada por Sampaoli usando uma daquelas armadilhas dos Caça-Fantasmas. Se antes nosso volante mal subia e marcava de maneira dispersa, o que vimos na partida de hoje foi um jogador bem mais intenso e arrojado, que se movimentava pelos espaços e anotou um lindo gol, com direito a chapéu no goleiro e tudo, uma mudança que com certeza pode ser creditada ao estilo de jogo imposto pelo técnico argentino.
Então ainda que obviamente não exista alegria na derrota e ainda que evidentemente seja visível a lista de melhorias que o Flamengo ainda exige, não se pode negar também que, pela primeira vez desde o começo dessa temporada, o rubro-negro não apenas parece estar jogando à sua maneira como também numa trajetória que parece promissora e não triste e causadora de desespero. Que as próximas partidas depois desse Flamengo x Internacional possam então provar que esse caminho é o certo e que essa evolução é real.
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