MRN Informação | Bruno Guedes – O jornal Folha de São Paulo revelou nesta quarta-feira (16) que os clubes da Série A e B do Brasil estão insatisfeitos com a exclusividade esportiva da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com a publicação, os dirigentes se aproveitam da briga pelo poder para conseguir maior representatividade nas decisões. Além disso, buscam também novas fontes de receita. Uma das motivações teria sido a crise financeira das equipes, enquanto a entidade lucra com os times
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O texto diz que a inspiração dos clubes brasileiros é a Premier League. A mais rentável liga de futebol do mundo foi criada em 1992. Entretanto, o Brasil já havia experimentado o primeiro passo de uma liga cinco anos antes, em 1987. A famosa Copa União, conquistada pelo Flamengo, virou imbróglio após a entrada da CBF no meio do torneio e rasgando o regulamento. À época, a entidade não tinha dinheiro para organizar a competição.
Contudo, desta vez, a principal articulação passa pela saúde financeira dos times. A insatisfação dos clubes da Série A e B passa diretamente sobre a lucratividade da CBF. Se as equipes seguem uma escalada de endividamento, a confederação lucra a cada nova temporada.
Deste modo, a formação de uma liga tentaria não apenas melhorar o nível competitivo do futebol no país, mas também buscar novas receitas. Uma das lideranças do projeto, Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, revelou à publicação a estratégia:
“O objetivo principal dessa liga é garantir novas receitas para que os clubes aumentem os seus recursos e tenham uma vida financeira mais saudável. Com a possibilidade de organizar um calendário favorável aos interesses das instituições”, afirmou.
Autonomia para calendário e parada nas datas FIFA
Uma das maiores brigas entre os clubes e a CBF, atualmente, diz respeito ao calendário nacional. A leitura dos dirigentes é que a Confederação não se preocupa com o retorno esportivo, mas financeiro. Assim, datas seriam sobrepostas e sem a interrupção dos campeonatos, como acontece nos demais países, nas chamadas datas FIFA.
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Guilherme Bellintani, presidente do Bahia, questionou a ausência de uma liga em pleno anos de 2021. De acordo com ele, o Brasil avança. Mas de forma lenta e longe do ideal que o futebol praticado no planeta exige:
“O nosso objetivo é dar um salto de melhoria no campeonato e implantar soluções para sanar esta alavancagem de dívidas. O futebol brasileiro vem avançado, mas numa velocidade menor do que precisa. O Brasil é o único país entre os principais do centro do futebol que não tem uma liga”, disse à Folha de São Paulo.
Com cinco jogadores na Copa América, o Flamengo tentou paralisar o Campeonato Brasileiro. Rodrigo Dunshee, vice-presidente-geral do Flamengo, fez o pedido à CBF. Mas não obteve sucesso e o caso foi levado ao STJD, que também rejeitou. O dirigente explicou a posição rubro-negra:
“Não pode o Flamengo, que investiu muito dinheiro e está sofrendo na pandemia, entrar nas competições sem seus melhores jogadores. São nove rodadas sem seus melhores atletas”, disse Dunshee.
CBF precisaria mudar estatuto para a criação de uma Liga
Entretanto, a criação de uma liga nacional não é tão simples. A entidade precisaria mudar o seu estatuto. De acordo com o previsto, a ideia precisa ser aprovada em assembleia geral administrativa na qual participam somente as 27 federações filiadas. Ou seja, os clubes, partes interessadas na organização do Campeonato Brasileiro, ficariam de fora.
A CBF informou que está analisando os pedidos. Mas que não iria se manifestar por enquanto. Até lá, os clubes seguem tentando buscar uma independência esportiva e financeira.