Nos últimos dias estamos vendo clubes do futebol brasileiro gritarem aos quatro cantos a adoção da ISONOMIA no futebol brasileiro. Algo que deveria realmente acontecer de forma a atingir todas as camadas do nosso futebol.
Mas o que estamos vendo na realidade é um show de hipocrisia, não só de dirigentes, mas também de jornalistas fantasiados de torcedores defendendo seus clubes de coração, exigindo que o tratamento seja igual para todos.
Pois bem, quando o Grêmio alega que está em desvantagem no jogo contra o Flamengo no Maracanã porque o Mais Querido jogará ao lado de sua torcida eles não estão errados, porém a desvantagem se dá por conta do placar de 4×0 conquistados na casa tricolor. Essa é a real desvantagem deles, reverter um placar extremante elástico.
Do mesmo autor: Quanto mais unidos, mais fortes
Quando o Santos reclama na CBF pela “moralidade do futebol” pelo Flamengo ter utilizado o Andreas Pereira, sem que o mesmo tenha feito uma quarentena “exigida” pela ANVISA, se esquece de efetuar os pagamentos de salários em dia para seus jogadores e não efetuar mais contratações inflando a sua folha de pagamento. Vamos lembrar que o Peixe sofreu alguns “transfer ban” justamente por não cumprir com a obrigação moral de pagar suas contas em dia.
Quando o Palmeiras “lidera” um movimento para impedir que o Flamengo tenha o direito de jogar com torcida quando for mandante, se esquece que em 2019 entrou na justiça para não permitir que o Rubro-Negro tivesse sua torcida na casa alviverde na partida do segundo turno e teve seu pedido atendido, fato lembrado pelo STJD no julgamento de ontem (14/09).
Como querem cobrar isonomia quando o Atlético-MG tem um faturamento de pouco mais de 200 milhões de reais e uma dívida que ultrapassa a casa de 1 Bi faz contratações milionárias e ao mesmo tempo não paga as parcelas pela contratação do Guga junto ao Avaí?
Como querem cobrar isonomia quando o Corinthians atrasa o pagamento de salários das categorias de base e também dos profissionais e traz jogadores “pagando” salários na casa de um milhão?
Como querem cobrar isonomia quando o calendário não para em datas FIFA e um clube é obrigado a entrar em campo sem quatro ou cinco jogadores que foram servir suas seleções?
Este movimento hipócrita dos clubes em não querer a torcida de volta aos estádios, faz com que o Santos, que assinou a ação conjunta pela derrubada da liminar do Flamengo, ontem fizesse festa em suas redes sociais com sua torcida recebendo a equipe na entrada da Vila Belmiro sem seguir nenhum tipo de protocolo sanitário para que estivessem ali fazendo sua festa.
Enquanto isso, nas redes sociais, vemos diversos casos de flamenguistas que iriam ao Maracanã hoje relatando terem testados positivos para a COVID-19 e que por estarem assintomáticos não sabiam da doença e por conta disso irão fazer suas quarentenas e não contaminar ninguém no trabalhou ou mesmo na escola.
A volta do público foi gradual na tão elogiada Premiere League na temporada passada, onde era permitido até duas mil pessoas no estádio nas cidades quem estivesse permitido, e assim o clube mandante poderia ter seu torcedor na arquibancada.
A verdade é que aqui no Brasil o estado de São Paulo só permitiu o torcedor nos estádios a partir de novembro, e por isso os cinco clubes paulistas da Série A estão nessa cruzada para que os demais clubes deixem de arrecadar até que eles possam fazer o mesmo. Nas Séries B, C e D o público já voltou em alguns jogos e não há nenhum tipo de movimento contrário.
Portanto deixem de picuinha e lutem por seus interesses como faz o Flamengo. Deixem de hipocrisia.
Siga Marcelo Neves no Twitter: @MarceloHPNeves