Numa rara conversa com jornalistas, o gerente de Futebol Mozer, o campeão mundial em 1981, falou sobre o trabalho do clube para que, como no tempo em que era jogador, o Flamengo possa ter a maioria do seu time profissional formada em casa. Ele comentou os planos para Vinicius Júnior, falou sobre a situação dos campeões da Copinha que subiram no ano passado e até agora também tiveram poucas oportunidades, e também sobre o meia Adryan, único remanescente no elenco dos campeões da Copa Sâo Paulo de 2011, e que teve quase nenhuma oportunidade no ano passado – para Mozer, uma vítima do mau planejamento de transição que o Flamengo quer deixar para trás. Veja a seguir os principais tópicos da entrevista:
Retorno ao Flamengo
Eu cheguei nesse clube com 15 anos de idade. Trabalhei, me desenvolvi, e fui embora com 27 anos. Quando me foi feito o convite para retornar e fazer parte desse novo projeto foi talvez a melhor coisa que pudesse ter acontecido. Aceitei de bom agrado retornar porque é uma coisa que eu gostaria de ter feito muitos anos atrás. Mas a vida faz muitos contornos e às vezes você quer retornar e não sabe como. Por sorte a minha o Rodrigo me fez esse convite, em função do desempenho que eu tive lá fora. E estou aqui com muito amor, com muito carinho, com muita dedicação nesse projeto.
Contribuição como gerente
Eu acho que a história do clube não é necessário transmitir porque aqueles que militavam no clube anteriormente já o fizeram. Aquilo que trago, que aprendi no futebol europeu, é o procedimento técnico que tem que ser executado, o modelo que se tem que trabalhar, e encontrei dentro do atual Flamengo uma abertura muito grande para que a gente consiga dia a dia se aperfeiçoar o mais próximo daquilo que se trabalha na Europa: metodologia de treino, ideia de treino, respeito pelo clube, profissionalismo. O jogador mais atento, mais concentrado, mais inteligente obviamente ele vai entender tudo com mais facilidade.Esse projeto o Flamengo iniciou e estamos dando conhecimento a todos os jogadores tanto no plano mental, técnico, fisiológico. E tudo começa com disciplina. E a tendência é a gente transmitir cada vez mais no dia a dia. Porque entendemos que o futebol caminhou para uma situação que é muito diferente daquilo que eu vivi. O conhecimento é mais fácil de ser compreendido que a rigidez. Eu desde já agradeço a todos os jogadores que fazem parte desse plantel, porque eles estão aderindo por completo a essa mudança.
Transição dos campeões da Copinha
Foi um processo desenvolvido no ano passado, de não repetir o possível mau aproveitamento por fases antecipadas. Não é fácil para eles saírem dos juniores e se integrarem à equipe principal. A realidade é outra, a pressão é outra, o tipo de treinamento também é outro e foi muito benéfico para eles estarem lá o ano passado. É um projeto que como todo é embrionário, estamos a desenvolvê-lo, mas no ano passado o resultado foi excelente. Isso nos deu indicadores de que estamos no caminho certo. Esse processo vai ser sempre contínuo de adaptação, de renovação, do que podemos buscar de moderno para que o Flamengo consiga em todos os anos evoluir cada vez mais para enfim chegarmos ao ponto em que estivemos há muitos anos atrás. Valorizar o trabalho que nós temos na base para voltarmos a ser cada vez mais fortes.
Adryan
O Adryan foi um jogador que sofreu esse problema. Mas acredito, desde quando eu cheguei em junho até agora, o retorno dele, que essa passagem que ele teve pela Europa o amadureceu muito. Ele está treinando bem desde a temporada passada, tem desenvolvido bastante, mas a concorrência é enorme. Infelizmente, futebol é assim. Às vezes estamos trabalhando bem, estamos desenvolvendo bem, mas à nossa frente temos jogadores com maior experiência, com maior traquejo. O ano passado tivemos um campeonato difícil onde precisávamos ter na maior parte dos jogos a melhor equipe possível, que não nos permitiu – e até tentamos fazê-lo – fazer que esses jogadores tivessem uma maior participação. Não foi possível naquele momento. Mas todos aqueles que estão hoje no elenco, fazendo parte para 2017, têm todas as possibilidades de jogar. Cabe a eles desenvolverem, trabalharem, para que o Zé Ricardo consiga, dentro daquilo que entende, pô-los em campo. Está na mão de cada um deles. A nossa exigência é de alta performance. E o Adryan está envolvido dentro disso. Cabe a ele, como aos outros, lutarem pela posição. Mas ele faz parte do plantel.
Vinicius Júnior
O trabalho que está sendo desenvolvido na base é consoante ao modelo que estamos desenvolvendo aqui. Tive uma reunião com o Noval para explicar a ele os cuidados que temos que tomar principalmente com essas novas pérolas, esses diamantes. Não é só o Vinicius, tem outros também. Isso tudo é um cuidado que temos que ter desde lá de baixo para que possamos usufruir desses grandes jogadores no futuro aqui em cima. E esse processo está sendo muito bem pensado, muito bem analisado, muito bem executado, porque a gente vê, por exemplo, na atitude do Vinicius, cujo talento é inegável, que ele é muito tranquilo. Ele é muito pé no chão. É um garoto que tem despontado com todo mérito, fruto do trabalho que é executado na base, e nós esperamos que ele continue assim. Esse cuidado o Flamengo vai ter, porque necessita desse cuidado, necessita aproveitar o trabalho da base, para que não perca tanta pérola como perdeu no passado. Para que quem sabe um dia a gente consiga ter no nosso time principal o orgulho de ter a maior parte dos jogadores feita em casa. O Vinicius Júnior como grandes jogadores que tivemos no passado no Brasil, reúne aquilo que se joga hoje no futebol no mundo inteiro. É um jogador moderno, que ataca, defende, desequilibra, tem pensamento coletivo, é benevolente. Esse é o jogador que nós queremos criar aqui dentro do Flamengo.
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