Nem sempre o astro da equipe deixa de ser o mais esforçado do elenco e o ídolo máximo do Flamengo não deixa dúvida sobre isso.
Nunca faltou dedicação, empenho e garra a craques como Zico, Junior e Leandro. Contudo, para que nossos solistas pudessem brilhar ainda mais nos conjuntos rubro-negros, o clube contou com carregadores de piano.
No Dia do Trabalhador, o MRN montou uma lista para servir de debates em mesas rubro-negras de bar nesse feriado. O critério da brincadeira é ter jogado de volante e ter representado a raça e a entrega de um típico carregador de piano.
Não se trata de desmerecer a qualidade de cada um deles, mas de exaltar a entrega em nome do time.
Carlos Martín Volante
Inconcebível começar uma lista dos melhores volantes com outro nome. Foi o argentino, nascido em Lanús a 11 de novembro de 1910, que eternizou seu sobrenome para designar aquele jogador de meio-campo mais preocupado com a marcação e que corria pelo time. Nascia com Carlos Martín a posição de volante no futebol brasileiro.
Atuou profissionalmente em clubes importantes do seu país, como Lanús e San Lorenzo. Mas foi no Flamengo tricampeão carioca da década de 30 que virou lenda. Faleceu na cidade de Milão, na Itália, já aposentado e longe do futebol, aos 76 anos de idade.
Dequinha
Dequinha é lembrado pelos torcedores mais antigos com muito carinho. Provavelmente estará sempre na lista dos melhores jogadores da velha guarda da Nação Rubro-Negra. Polivalente, raçudo ao extremo, um pulmão inesgotável. Dequinha se multiplicava em campo. E o melhor de tudo, tinha muita habilidade. Predicados não faltam a este filho de Mossoró, importante cidade do Rio Grande do Norte inclusive o de representar representar o nordeste nas fileiras do Mengo.
Dequinha chegou ao Fla em 1950 e atuou por 374 jogos. Faleceu em 1997, em Aracaju-SE.
Liminha
João Crevelim trabalhava tanto em prol do time que seu apelido de fato era “Carregador de Piano”. Jogou no Flamengo de 1968 a 1975 e foi campeão carioca em 1972 e 1974. Pegou uma época difícil. O Flamengo montava bons times, porém, não conseguia se firmar como clube vencedor.
Fez 513 partidas e atualmente é o nono jogador que mais vestiu o uniforme da fábrica, ou melhor dizendo, o Manto Sagrado. Morreu em 2013, aos 69 anos.
Andrade
O camisa 5 do maior time do Flamengo de todos os tempos não poderia ficar de fora. Andrade não era um brucutu ou o clássico cão de guarda, mas se alguém ali era chão de fábrica, esse alguém era Andrade.
Charles Guerreiro
O início foi complicado. Ele demorou a entrar nas graças da torcida. A raça do volante-lateral-direito chamava tanta atenção que foi natural que o apelidassem de Guerreiro. Quem viveu o Fla do final dos anos 80 e início dos 90 nunca vai esquecer dar derrapagens espetaculares nas roubadas de bola de Charles. Nosso trabalhador e sua cabeleira de rebelde gostava muito de um carrinho nas tardes de domingo no Maracanã!
Mancuso
Da Argentino para o Brasil. Do amor pelo Velez para a paixão pelo Flamengo. Mancuso veio e virou música. Jogava firme, não seria exagero dizer que era até violento: com ele não tinha folga em serviço! Campeão Carioca em 1996 pelo Mengo, jogou no Palmeiras e no Boca Juniors mas não hesita nunca em repetir que o Flamengo é maior do que tudo. Ah, e quem aí lembra da música?
Maldonado
Como não colocar Maldonado na lista de ídolos operários do Flamengo? Além de raçudo o chileno tinha bola. Veio para o Flamengo após brilhar por muito tempo no Cruzeiro. E foi a peça que faltava para na engrenagem daquela linha de montagem que acabou protagonizando a maior arrancada da história dos campeonatos de pontos corridos. Eu nem preciso citar que o ápice de Claudio Maldonado foi na comemoração do terceiro gol daquele mítico 1×3 contra o Atlético-MG, em pleno Mineirão. Lembra a comemoração? Ah, que saudade…
Minas Gerais; Brasil; Mineirao; 08/11/2009; Futebol; Campeonato Brasileiro 2009, jogo, Atletico-MG x Flamengo, ; Foto Gil Leonardi/Lancepress; ;
Amaral
Por ando andas, Amaral? Melhor não pesquisar. Em um grande time do futebol brasileiro sabemos que não vamos encontrá-lo, não é mesmo? Então o melhor que podemos fazer é lembrar daquele Amaral tímido e típico de quem vem de um pequeno clube do Rio, após destaque no desprestigiado Campeonato Carioca. Amaral venceu a desconfiança e a Copa do Brasil 2013, metendo um golaço na final contra o Atlético-PR, diga-se de passagem. Brucutu, volante-volante, marcador implacável. Amaral está vivo demais nas nossas melhores lembranças do último grande título do Mengão Queridão.
Ah, só pra não te deixar curioso, ficamos sabendo que ele estava defendendo o Boa Esporte…
Gustavo Cuéllar
A identificação entre o colombiano Cuéllar e a torcida do Flamengo foi instantânea. Desde que chegou o volante foi abraçado pela Nação, no início por esperança de que seria ele o herói a livrá-la da falta se carisma e raça do titular Márcio Araújo. Ele não decepcionou ainda. Além de Xodó, Cuéllar sabe enaltecer a grandeza do clube. Por diversas vezes disse repetiu que quer fazer história e que ama o CRF. Sempre sério e concentrado. Em muitas ocasiões mostra-se como representante solitário de virilidade em um elenco superprotegido. Cuéllar é raiz, raça e técnica, um descendente Dequinha. Nosso mais fundamental operário e representante do trabalho duro em 2018.
Bônus
Em tempos de reforma trabalhista e discussões sobre reforma da previdência trazemos também dois casos pitorescos. Não eram volantes mas mostraram a determinação dos grandes homens que trabalham e superam os limites do corpo com muita raça: o primeiro é Valido, herói do primeiro tri, talvez o primeiro desaposentado do Brasil.
Conta Patricia Castelan, aqui mesmo no MRN:
A história do primeiro Tri Carioca do Flamengo com Valido impressiona. É daquelas histórias mágicas que só acontecem nos Clubes mais amados de cada país.
Em 1944, Valido já havia pendurado as chuteiras há um ano e sete meses quando foi até a Gávea para jogar bola sem compromisso. Uma pelada entre amigos.
Ao ver como Valido ainda jogava muito bem, o atual técnico Flávio Costa, que queria um cabeceador como Agustín, fez o convite surpreendente: queria que Valido voltasse e atuasse no time novamente há dois jogos da final do estadual daquele ano. Valido ficou surpreso, hesitante mas aceitou.
Para deleite da maior torcida do mundo, marcou na sua reestreia na goleada de 6 x 1 em cima do arquirrival, Fluminense. O próximo jogo seria contra o Vasco da Gama, e a mágica aconteceria.
Diz a história, que no dia da final, Valido acordou sentindo-se mal e jogou com 39 graus de febre. Aos 41 minutos do 2º tempo, abriu o placar marcando um belo gol de cabeça, sua especialidade, que deu ao Flamengo o 1º Tri Campeonato do Carioca e decretou o 2º lugar ao Vasco, a freguesia que permanece até os dias atuais.
O segundo é de Moderato, que num período pré-INSS jogou quando deveria estar cumprindo licença médica, operado de apêndice na época antes das cirurgias por vídeo…
Moderato era o principal jogador do Flamengo na década de 20. Após uma crise de apendicite é submetido a uma cirurgia. Em 1927 a coisa não era simples no agora, quase cem anos depois. O ponta-esquerda não esmorece, e diz que vai jogar contra o América. Enfia uma cinta para proteger os pontos da cirurgia e vai a campo.
Conta Rafael Oliveira, do blog Heróis do Mengão:
O Flamengo começa o jogo na frente com gol de Nonô. No início do segundo tempo é a vez de Moderato marcar, 2 x 0. Então vem o gol do América, e como consequência a pressão pelo gol de empate. O Mengão então põe pra valer toda a sua mística raça, e com muita garra e vontade, aguenta a pressão e de forma heroica conquista o Campeonato Carioca de 1927. Dentre todos os Heróis do Mengão é impossível não destacar Moderato, que pelo seu amor ao Flamengo, subestimou sua saúde e arriscou sua vida para ser campeão, sendo premiado com o gol do título.
Sugestão de pauta e colaboração direta: Arthur Butter Nunes. Escolha da lista foi feita no grupo dos apoiadores do MRN no Whatsapp.
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Reprodução
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