Um dos atletas mais experientes do atual elenco, Everton Ribeiro vive um novo momento em sua longa trajetória no Flamengo. Com a chegada de Paulo Sousa, o meia passou a atuar numa nova função.
O Camisa 7 se notabilizou no futebol brasileiro atuando como um meia pelo lado direito e agora passou a atuar como uma ala pela esquerda. Vamos analisar os objetivos do treinador português em mudar Everton Ribeiro de posicionamento e como isso vem afetando no seu desempenho.
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Por que Everton Ribeiro se destacou atuando pelo lado direito?
Antes de mais nada, é preciso compreender os motivos que fizeram Everton Ribeiro potencializar seu rendimento atuando pelo lado direito.
O jogador é um meia que tem como suas principais características o trabalho no espaço curto. Busca gerar associações para avançar no campo com passes e movimentações ao redor de seus companheiros por conta de sua grande capacidade técnica com os pés.
Nesse sentido, seria natural que Everton atuasse no centro do campo, pois é a região do campo mais congestionada de adversários e que necessita de um maior poder associativo para gerar volume de jogo.
Contudo, o meia possui grande dificuldade num indicador essencial para quem atua mais centralizado no campo: receber bolas de costas. Everton tem dificuldades para se desmarcar dos adversários recebendo passes nesta orientação. Dessa forma, o meia passou a atuar pelo lado do campo, onde normalmente se perfila para ser acionado de forma mais lateral.
Mas apesar de atuar pelo lado do campo, Everton seguiu buscando o corredor central. E atuando pelo lado direito, tem maior facilidade de centralizar suas ações devido ao seu pé dominante. Everton é canhoto, logo recebe passes pela direita já se orientando para o centro. Assim, consegue dominar já buscando a região onde tem seu jogo potencializado sem precisar receber de costas para seus opositores.
Além disso, os movimentos que realiza partindo do corredor lateral para o central induzem a marcação dos adversários no setor e permite a ultrapassagem do lateral pelo lado do campo. Desse modo consegue gerar uma indecisão no adversário por onde um ataque continuará se desenvolvendo.
Foi desta maneira que Everton Ribeiro se consagrou como um dos principais meias do futebol brasileiro nos últimos 10 anos. Gerando volume de jogo partindo do lado para o centro do campo se associando com companheiros tanto pelo corredor lateral, quanto pelo corredor central.
Paulo Sousa busca um lado esquerdo mais associativo pelo lado esquerdo
A princípio, a ideia de ter Everton Ribeiro pela ala esquerda soa estranha. Pelo setor, o meia tem maior dificuldade de centralizar o jogo por conta do seu pé dominante estar mais próximo à linha de fundo. O meia também não tem característica de atacar a linha de fundo, pois não consegue realizar sprints longos e enfrentamentos mano a mano com adversários.
Entretanto, dentro do modelo de jogo de Paulo Sousa, a ideia ganha lógica. O Mister busca atacar de forma diferente pelo lados do campo. Com Everton Ribeiro pela esquerda, ao invés de gerar amplitude, o técnica busca concentrar muitos jogadores técnicos para construir pelo setor. Naturalmente isso faz com que o bloco adversário se posicione com mais jogadores nesta região.
Daí o Flamengo pode conseguir entrar em zona de finalização de duas formas: Vencendo o bloqueio adversário pela esquerda ou buscar inverter o jogo para o lado direito, que contará com menos adversários. Por lá, a equipe conta com alas que fisicamente conseguem realizar com eficiência os ataques em profundidade pelo corredor lateral: Rodinei e Matheuzinho.
Ter Everton Ribeiro pela esquerda facilita Gabi e Pedro atuarem juntos
Além da ideia de atacar de formas diferentes pelos lados do campo, a escolha de Paulo Sousa em atuar com Everton Ribeiro também permite que Gabi e Pedro possam atuar juntos em diferentes contextos. Isso muito por conta novo posicionamento de Gabriel.
O atacante pode atuar tanto como a referência do 3-4-2-1 em organização ofensiva, como também ser um dos meias que trabalham atrás do atacante mais centralizado, partindo do lado direito. Sua mobilidade faz com que ele possa atuar numa região um pouco mais distante da área, porém mantendo os movimentos de ataque a última linha.
Caso Everton Ribeiro voltasse a jogar pelo lado direito, Gabigol fatalmente voltaria a ser a referência do ataque e Pedro não teria espaço para atuar, por não ter tanta facilidade para trabalhar numa linha de meias.
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Mas e aí: Everton Ribeiro é subutilizado no Flamengo?
Para este que escreve, a discussão em torno do novo posicionamento de Everton Ribeiro com Paulo Sousa gira em dois pontos principais:
- Everton Ribeiro vem rendendo bem atuando pela ala esquerda?
- Vale a pena ter Everton Ribeiro pela direita e dificultar o encaixe de Pedro no ataque?
Com relação à primeira pergunta, é possível enxergar uma nítida oscilação no desempenho atuando pelo setor. E isso muito tem a ver com o aspecto coletivo. O meia se destacou atuando pela ala esquerda nos jogos onde a equipe conseguiu concentrar muitos jogadores pelo setor e teve eficiência nas associações, em especial contra Botafogo e Resende.
Já nas partidas onde Everton ficou mais deslocado pela esquerda, o meia pouquíssimo rendeu pela falta de opções de jogo mais próximas. Nesses jogos, Vitinho e Lázaro entraram no lugar do meia e demonstraram maior facilidade para atuar desta forma.
Já em relação à segunda pergunta, o desempenho de Pedro nos últimos anos deixa claro que o centroavante precisa ter mais espaço nos principais jogos da temporada. Assim, dentro de um cenário com todos os atletas do elenco à disposição, é algo que não vale a pena. Pelo que já fez com a camisa do Flamengo, Pedro merece uma engrenagem ofensiva que o melhor adapte nesse momento.
Logo, a discussão não gira em torno da subutilização de Everton Ribeiro, mas sim da concorrência que possui para atuar entre os titulares do Flamengo. Tanto pela ala esquerda, quanto pela meia direita.
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