Jardel, apelido de Rodrigo Alves dos Santos. Carioca da Barra da Tijuca, 34 anos e uma vitoriosa carreira no vôlei brasileiro. O central e oposto é o atleta que se encaixa perfeitamente no projeto de retomada do vôlei rubro-negro.
A vice-presidência de esportes olímpicos conquistou a autossuficiência financeira, resultado que só pôde ser alcançado quando o Flamengo teve condições – obtidas as famosas Certidões Negativas de Débito (CNDs) – de buscar aprovação de projetos através de programas de incentivos ao esporte, patrocínios diretos, captação de pessoas físicas via imposto de renda (Anjo Rubro Negro), entre outros recursos assegurados com muita dificuldade.
Dificuldade esta que não deixou o Flamengo formatar seu ingresso direto para primeira divisão do acirrado vôlei masculino brasileiro. A SuperLiga A, que nos últimos anos assistiu a ascendência do Sada Vôlei. O celeste mineiro hoje é o campeão da liga, projeto que começou há 10 anos e que só alcançou o fôlego de campeão ao juntar-se com o Cruzeiro, arrebatando uma torcida de futebol ávida por torcer pelo esporte da cortada. Somente na temporada 2012/13 alcançou seu primeiro nacional e que, apesar da formatação de projeto ser bem diferente do Flamengo, pode indicar o tamanho do desafio de se chegar ao topo no esporte comandado por um confederação também às voltas com denúncias de corrupção e gestão esportiva de decisões pouco acertadas.
Estamos indo pra Liga B com muita confiança. pic.twitter.com/P32zEMU6aH
— Mundo Rubro Negro (@MRN_CRF) 12 janeiro 2016
Com o sucesso do Basquete e a reforma do Hélio Maurício, as ambições da dupla Póvoa-Vido, VP e Diretor-Executivo, se voltaram para o esporte que mais desperta atenção depois do hegemônico futebol. Era a hora do Flamengo começar a formar um time de vôlei e iniciar o projeto de reconquista do seu espaço no cenário. O Flamengo, verdade seja dita, não possui grandes tradições de conquistas no vôlei masculino, possuindo talvez mais orgulho de vestir craques como Bernard, Bernardinho, John O’shea, Tande, entre outros grandes jogadores que foram contratados. No feminino a história é mais vitoriosa, comandada por Virna e Leila, o Maracanãzinho até hoje ecoa a emocionante vitória frente ao Vasco.
Desta vez a ideia é não individar o clube. Seria simples pegar 15 milhões de reais e montar um timaço. Contudo não há espaço para irresponsabilidades financeiras no novo Flamengo. Há dois anos o fortalecimento das categorias de base propiciaram um time masculino muito talentoso. E é neste time de garotos com sangue rubro-negro que Jardel, a referência que chega, senão para o posto de capitão, com certeza para ser peça chave em uma equipe adulta recém-saída dos juvenis.
Equipe nova e talentosa do Flamengo. Chegada de Jardel traz equilíbrio. Foto: FlamengoO novo líder terá papel semelhante de Marcelinho Machado na reconstrução do Basquete em meados dos anos 2000, quando o nosso ala, já rodado e com carreira sedimentada no basquetebol brasileiro assumiu o posto de condutor do time. Uma identificação parecida seria fantástica para jogador e clube.
O trabalho do Central, MVP da decisão 2006/07, é ainda mais difícil. Sem gastança e na pressão de jogar uma segunda divisão, Jardel pode se consagrar levando o clube de maior torcida do Brasil a um título que representa muito e que por ser Flamengo é obrigação. Para Jardel, o ano de 2016 pode representar o direito a ser erguido por 80 milhões de braços.
Jardel demonstrou, na coletiva onde foi apresentado oficialmente à Nação, nesta terça (12/01) que está muito consciente do desafio. “O projeto é humilde, mas pode dar muito certo. Não é um catadão de jogadores. Eu sei das dificuldades da SuperLiga B. Não será fácil”, disse para o presentes no Auditório Rogério Steinberg, na Gávea.
“Na verdade é isso. A gente tá se preparando ao máximo para tentar representar o Manto Sagrado Rubro-Negro da melhor forma possível. Dentro da minha experiência eu acho que a gente tá no caminho certo. Principalmente por estar fazendo as coisas com o pé no chão, sem querer atropelar muito”, declarou Jardel, que já treina há quatro semanas com o time.
Póvoa explicou bem a decisão de jogar a divisão inferior mesmo com o convite da CBV para entrar direto na elite. “Não conseguimos patrocínio. Impressionante que às portas de uma olímpiadas no Brasil, a gente visite 250 empresas e e não consiga um valor adequado para a montagem de um time competitivo para a SuperLiga. A parceria com UFJF também não se formatou conforme achamos conveniente. Então a decisão mais acertada dentro deste quadro foi disputar a SuperLiga B. E no fim das contas eu acredito que realmente foi a melhor coisa. Assim a gente pode chegar para a próxima temporada com um time pronto, um trabalho pronto para a busca dos recursos”. Vimos mais uma vez um Póvoa cada vez mais combativo e indignado com a situação do esporte brasileiro.
Com exclusividade para o MRN, Jardel foi mais contundente sobre sua visão do time, sua nova dinâmica de jogo, podendo ajudar na posição de oposto também e seu papel abrangente no processo de formação desse importante planejamento.
Central e Oposto
Na verdade isso aconteceu devido a uma necessidade do time que eu jogava, o Canoas, duas temporadas atrás. Já no Juiz de Fora, a diretoria pediu pra que eu atuasse na posição faltando sete jogos, o time precisando muito vencer pra não ser rebaixado. Deu super certo, vencemos seis e pontuamos nos sete comigo atuando de oposto. Então eu vi que poderia, não definir a troca de posição, e sim criar uma nova opção para quem quisesse me contratar. Então na verdade não é uma questão de necessidade do time e sim um acréscimo. Aqui no Flamengo ainda não tá definindo. Pode ser de acordo com a partida. O Marcelo, que tá chegando também é oposto…
Ajudando a Comissão Técnica
O mercado está muito difícil para contratar. A chegada do Marcelo foi importante e essa flexibilidade minha de atuar de central e oposta será muito importante. Tenho tido algumas reuniões, tanto com a Comissão Técnica, como com o Marcelo Freitas (gerente) na parte de administração. A gente tem trocado muitas ideias. Eu tenho procurado ajudá-los. Claro, são pessoas muito capacitadas, mas eu tenho procurado passar essa minha experiência de muitos anos na SuperLiga, vendo a coisa acontecer repetidamente.
Capitão?
Eu acho que (se mostra reticente)… a principio não. (Risos)
De volta ao Rio
Sou nascido e criado aqui no Rio de Janeiro. O mundo do vôlei é pequeno e todo mundo aqui no Rio me conhece desde novo. Já trabalhamos juntos. Fui campeão brasileiro de seleções com o Arly Cunha.
Que comece a SuperLiga
O trabalho tá bem legal. O pessoal tá bem focado, o entrosamento tá bem bacana. A gente tem é que ter a cabeça no lugar, tranquilo. Entender onde a gente quer chegar e de onde a gente tá saindo.
O primeiro jogo será contra o Botafogo, que nos venceu na final do Estadual em dezembro. A estreia ocorrerá na Gávea, dia 20/01. Com cobertura total do MRN. Fique ligado e apoie o FlaVôlei!
Diogo Almeida faz parte da Equipe MRN Informação. Twitter: @DidaZico