O inverno está chegando, flamenguista. Cuide de si e de sua família, proteja as crianças, isole as janelas, aqueça os cachorros na garagem que o frio vem assoviando. Arranje blusa, cachecol, luva, arranje lareira, estoque a lenha. Ninguém escapará a este inverno.
Doe agasalhos para os mais necessitados. Aqueça-se com um Black Label, abrace uma cabrocha cheia de abraço. Aumente os estoques de vitamina C, tome a vacina da gripe. Pneumonia, Amidalite, algumas centenas perderão a vida neste inverno de 2015.
O flamenguista vê diante de si o futuro. E lamenta e coça os olhos mirando no horizonte: junho, julho, agosto, setembro, vê que um longo inverno pode invadir a primavera, que o ano pode ser inteiro de gelo e geada.
Outros invernos já foram ruins, mas nesta temporada, em especial, o time está constrangedor, está jogando mal com enorme desenvoltura. O flamenguista vê o time que tem, tudo o que a rapaziada jogou este ano. O flamenguista não queria outro inverno assim, outra temporada assim.
O manto é rubro-negro, aquece e inflama os corpos congelados. Mas sofrendo de muitos calafrios, o torcedor mal consegue respirar fundo. Sente medo de dizer o que pensa, pra não ser esculhambado de profeta agourento. A hora é de pânico, correria, flamenguista chorando a morte do bode, todo mundo virando ST, parando com o cigarro, se virando, com hora extra no trampo, vendendo sofá da casa.
Que o pavor do inverno austral acenda nos corações o instinto de ajudar. Torcedor não é filho do Flamengo, torcedor não é sobrinho. Torcedor é pai. Os rubro-negros devem se unir, se preparar para cruéis batalhas, contra o frio, monstros zumbis e inimigos desonestos.
Orra, é Mengo!