Flamengo e Corinthians entram em campo nesta quarta-feira (12), às 21h45, na Neo Química Arena. A partida vale pela rodada de ida das finais da Copa do Brasil 2022. Por todo o mundo, as duas imensas torcidas contam os minutos para o início do duelo. A Rede Globo e o Sportv transmitem a partida.
Para entrar no clima, o Mundo Rubro Negro resolveu examinar a visão que um torcedor do Flamengo tem do Corinthians, mas também como uma corintinana enxerga o Flamengo. Do lado do Flamengo, convidamos Marcelo Dunlop*, jornalista e escritor. O autor de Crônicas Flamengas, entre outras obras, buscou na memória as vezes que o alvinegro do Parque São Jorge interferiu na sua vida.
Dos cabeludos dos anos 80 a Tévez e Ronaldo, Marcelo lista com brilhantismo os fatores que unem e separam os dois clubes com as maiores torcidas do Brasil. Com vocês, Marcelo Dunlop.
Se o Corinthians fosse a cores, seria o Flamengo
Na minha tenra, suculenta e mal-passada infância, via sempre o Corinthians como um time de cabeludos, um Bon Jovi sem jaquetas, mas com o Tupãzinho e o Biro-Biro.
Me parecia ser o único time do futebol brasileiro que não precisava jogar com os pés – eles adoravam surpreender com gols de cabeça e toques de calcanhar. Para ser ídolo da Fiel, não bastava saber chutar, era preciso ter um canhão nas pernas. Vide Rivellino, Neto, Branco e outros donos de pés encapetados. Tanto que o primeiro pé-de-anjo que vi por lá, o Marcelinho, veja você, veio cá do Flamengo.
Pela estatura e gigantismo de ambos, os clubes sempre se respeitaram e nutriram disputa renhida. Se uma torcida invadia nossas praias, o outro ia de mulão para Sampa. Quando um resgatava Ronaldo, o outro trazia Adriano. Se a dívida de um batia recorde, o outro ia lá e superava. Não à toa, alguém já disse que se o Corinthians fosse a cores, seria o Flamengo.
Não sei, vejo um mar de Copacabana de distância entre os clubes. Flamengo é Mussum, Corinthians Mazzaropi. Mengo é batuque de pandeiro do Junior, enquanto o Corinthians é violão e seresta. Mas uma coisa ambos certamente têm em comum: foram criados por Deus e os homens para deixar nossas vidinhas menos sofridas, e têm sido felizes na missão.
Mas há um senão nebuloso na história dos times: é muito raro Flamengo e Corinthians estarem no topo e serem grandes campeões num mesmo ano. Deve ser para não acabar a cerveja.
*Marcelo Dunlop, prefeito informal do Grande Leblon e Gávea, gosta de samba, cerveja, crônicas e futebol. Já seguiu o Rubro-Negro por meio mundo. Estará em Itaquera nesta quarta-feira (12).