Por Gerrinson. R. de Andrade (Twitter: @GerriRodrian) - Do Blog Orra, é Mengo!
Humanos não são muito bons com números. Não por acaso inventaram ábaco, calculadoras e computadores. É fácil pensar em duas coisas de qualquer coisa. Duas mãos, dois gols ou dois seios. É fácil pensar em dez unidades de alguma coisa, sejam os dedos das mãos, dez moedas, dez jogadores de um time. Cem minutos, cem reais ou cem por cento de qualquer coisa ainda está fácil pra contar.
Mas é certo que não temos imaginação para pensar claramente em dez sextilhões de estrelas no cosmos ou em trilhões de micróbios que habitam um corpo humano. Nem os 8.515.767 km² do território brasileiro a gente consegue imaginar com clareza.
Dizem alguns estudos que há no planeta uns 8 milhões de vascaínos. Conheci apenas dois, mesmo vivendo numa megalópole e tendo viajado por alguns cantos do país, em quatro décadas, foi só. E humano que sou, com a dificuldade de pensar em milhões, acabo por entender o torcedor do Vasco apenas pela amostra que tive.
Ambos eram parecidos, quietos, viviam discretos no mundo, não olhavam diretamente nos olhos, eram tímidos e anunciavam que eram vascaínos gaguejando, degringolando no acabamento da frase. Eram pessoas honestas, o primeiro com seus vinte e poucos anos, iniciando em alvenaria, o outro com quarenta e tanto, labutando como carregador. Eram sujeitos simples, sem grade senso de humor e sem ambições.
Tenho cá comigo que todo vascaíno é meio assim, como os exemplos que tenho. A razão sabe que isso é tolice, querer conceber ideias sem qualquer informação. Humanos vivem a prejulgar assim, conhecendo dois vascaínos, imagina os dois replicados em oito milhões.
Os três torcedores do Fluminense que conheci ao longo da vida me fizeram acreditar que esta torcida é a antítese do corintiano: tudo é de boa, sorriso no rosto, perdendo, ganhando, com ou sem tapetão, sem dramatizar, tudo de leve. Fiel, se precisar. Um olhar sempre cínico para o futebol, os melhores piadistas. Botafoguense conheci só um, mas já morreu faz uns trinta anos.
Orra, é Mengo!