Ser treinador de futebol é difícil em qualquer parte do globo terrestre, mas no Brasil é um desafio ainda maior. Talvez porque este esporte tenha se consolidado no imaginário popular como um espaço de magia, talentos infinitos e de muita criatividade.
Em termos objetivos, o futebol está morrendo em seu nascedouro. Recentemente, Natal, que fez parte de um time histórico do Cruzeiro, que goleou o Santos de Pelé, me confidenciou que nas “peneiras” dos clubes, pequeninos craques são preteridos diante de parrudos trogloditas.
Os times ficaram muito parecidos. Observemos os confrontos deste Campeonato Brasileiro. Por mais que imaginemos que uma equipe esteja bem, os tropeços aparecem com certa frequência. Há times que oscilam muito. Há outros meteóricos, pois, da mesma forma que se destacaram no alto, rapidamente mergulham em direção às profundezas do Z4.
O Flamengo vinha apresentando um formato de jogo, ao longo do século XXI, repleto de empáfia. Mesmo o time de 2009 atuou por diversas vezes de forma irritante, demonstrando falta de compromisso com o resultado. Eu tenho receio de contar quantos treinadores passaram pelo Flamengo ao longo desses anos, mas é bem provável que tenhamos uma média de três técnicos por temporada.
O sentimento comum é o de que, para ser treinador, o grupo tem que aceitá-lo, para a partir disso se unir em torno do “distribuidor de camisas”. Ocorre que, enquanto acreditamos em complôs, a verdadeira origem de todos os problemas é esquecida, os atletas do futebol brasileiro carecem de uma formação básica mais completa. Afinal, o grande problema do jogador não é cognitivo, mas sim cultural.
Enquanto os profissionais do futebol não tornarem o paradigma que o coletivo supera o individual, muitos pensarão que apenas o Neymar resolve. Curioso, a Seleção Brasileira não é assim? Objetivamente, o que necessitamos é que o posicionamento em campo, as variações táticas e a disciplina na execução esteja presente na relação diária entre treinamento e cultura dos profissionais envolvidos, comissão técnica, atletas e também os gestores executivos.
Zé Ricardo, nosso Zércules, se esforça para fazer algo diferente, mesmo dentro de suas limitações. Nem sei exatamente qual o grau de sua formação, mas já percebi que ele é melhor do que trazer um mais, ou pior do mesmo. É nítida a diferença de comportamento da equipe em campo. O time marca melhor, se defende de maneira mais compacta e demonstra maior vontade.
Não estou convencido de Zércules seja o treinador que irá revolucionar o futebol brasileiro, como o fez Cláudio Coutinho. E mais, Zé Ricardo já sentiu na pele o que significa a falta de sequência de resultados. Mas reflitam senhores, em um campeonato equilibrado, sua equipe joga em sequência contra, por exemplo, São Paulo, Internacional, Flamengo e Atlético Mineiro e não consegue vencer nenhum deles, os resultados podem ser considerados anormais?
Zércules já descobriu que os doze adversários que pertencem ao moribundo Clube dos Treze são o grande objetivo a ser alcançado. Superá-los significa conquistar alguma coisa no ano, nem que seja apenas uma vaga na Taça Libertadores da América. Chegar ao título é outra história. Futebol não se decide só dentro de campo. Todos aqui sabemos que o Maracanã SEMPRE foi nosso aliado nas grandes conquistas.
Mesmo assim, ainda que jogando um futebol com soluços, o padrão de jogo do Flamengo começou a aparecer. Se não nos agrada totalmente, pelo menos já nos coloca em uma posição mais estável que em campanhas anteriores. A escalação e as substituições possuem ressalvas.. E muitas. Porém é inegável que os resultados, embora tímidos, já apareceram. Não seria nenhum absurdo se o Flamengo nesse exato momento estivesse no G4, apesar dos Trajanos e outros da imprensa pensarem o contrário.
No mínimo, Zércules vem fazendo a lição de casa (detesto este termo!). Mas os desafios são enormes. Jogar em Brasília é um deles. Muitos achavam que o brasiliense não torcia, não apoiava. Isso provavelmente não é verdade, todavia, contra Palmeiras e São Paulo, a Magnética não fez a diferença. O estádio Mané Garrincha vem sendo neutro. No sentido oposto, em Juiz de Fora e Vitória, o apoio das arquibancadas foi durante os 90 minutos. Torcida não ganha jogo? Convença o Torcedor do Flamengo disso…
Que bom que Zé Ricardo foi efetivado. Ele pode não ser o treinador dos meus, do seu, dos nossos sonhos, mas eu não o troco por um Abel 2004 da vida. Ele já demonstrou capacidade bem superior na recentes “soluções” para a função. Por exemplo, só de ouvir falar em Ney Franco eu fico arrepiado. Enganadores dessa ordem já nos levaram a situações tão vergonhosas nas tabelas de competições anteriores, que nem sei de onde tiraram coragem para contratá-los. Como pode alguém tão ruim um dia ter sido comandante dos gladiadores do Manto Sagrado?
Estou e sempre estive com Zércules. Admiro deveras Sampaoli e outros técnicos argentinos ou de outras nacionalidades que brilham contemporaneamente mundo afora, mas entendo a dificuldade em se assumir um compromisso, a esta altura do ano, sem quaisquer garantias de sucesso. Olhando as demais equipes do Campeonato Brasileiro, logo percebemos que a maioria não possui treinador de reconhecida superioridade em relação ao jovem Zé Ricardo.
Faça a prova, hoje você trocaria Zé Ricardo por qual dos técnicos que estão nos outros times na atual competição? Enquanto você pensa, eu vou conferir como foi a rodada do Brasileirão:
Flamengo 1×2 Internacional
Não ocultemos a verdade, o Flamengo, mesmo com a posse de bola menor, não levou grandes sustos. Durante todo o jogo foi muito mais perigoso que o Internacional, com superioridade no número de chutes a gol, comprovados pela atuação destacada do goleiro adversário. As principais peças da equipe gaúcha não renderam.
Já vi outras partidas do Internacional e, contra o Fla, pela primeira vez, o time de Argel encontrou dificuldades de criação. A meu ver, méritos totais da forma como Zé Ricardo montou o Flamengo, mesmo com Márcio Araújo em campo. Quero falar rapidamente sobre esse jogador. Ele é esforçado, corre muito, se doa, mas é ruim. Estive observando o quanto se coloca mal quando a zaga do Flamengo está com a bola e Márcio não aparece como opção de saída de jogo. E quando Márcio Araújo está com a bola, ele apresenta enorme dificuldade em passá-la ofensivamente e aí só dá passes para os lados e para trás. Ou seja, ele quebra a dinâmica da equipe e facilita o reposicionamento da equipe adversária. Não se trata de perseguição ao jogador, que aparenta ser uma boa pessoa, mas é inadmissível ele ser titular em detrimento ao Cuellar.
Tendências: as duas equipes tendem a lutar no alto da tabela.
Vitória 3×2 Sport – Esse time do Vitória me surpreende. É uma equipe muito fraca, mas vem compensando com uma vontade incrível, o que comprova que o campeonato não possui grandes diferenças técnicas entre as equipes. O Sport é outro time fraco que vem tendo espasmos de bons momentos. Nem sei se o placar foi justo, mas parece que essas equipes disputam uma competição a parte para não cair. Tendências: equipes lutam para fugir do fantasma do rebaixamento, 45 pontos é a meta.
Grêmio 3×2 Santos – A equipe gaúcha vem sofrendo com a sequência de contusões. Mesmo assim, o time de Roger vem fazendo bonito no campeonato. A vitória contra o Santos ajudou a frear a subida da equipe santista na tabela. Bom para o Flamengo, a meu ver. Tendências: Grêmio- G4; Santos – G8.
Coritiba 1×0 Atlético/PR – Grande resultado para o Coxa, pois o rival demonstra estar em um patamar acima em termos de qualidade. Mesmo assim, a situação na tabela é preocupante, a porte da zona maldita é a sua posição atual. Tendências: Coxa – Z4; Atlético/PR – Meio de tabela.
Chapecoense 3×2 Cruzeiro– Quando muitos pensavam que a Chape mergulharia em depressão e que o Cruzeiro do português Paulo Bento decolaria, as coisas voltaram a normalidade. Tendências: Chapecoense – Meio de tabela; Cruzeiro – Continuar oscilando.
São Paulo 2×1 Fluminense – No encontro da diversidade de cores, os paulistas se deram melhor. Para nós ficou a sensação de que a derrota no FlaxFlu foi maior do que os simples resultado. Tendências: São Paulo – Resultado permite aos são-paulinos acreditarem em dias melhores no Brasileirão, mesmo que os olhos estejam focados na Libertadores; Fluminense – Com Fred lutava pelo título, agora meio de tabela é resignação.
América 0x2 Corinthians – Eu estava assistindo a partida. Depois que vi o Leandro Guerreiro dar condições ao ataque dos gambás após cobrança de escanteio, desliguei a TV e fui dormir. Tendências: América – Merece a lanterna; Corinthians – Time tá sortudo, que até Cristóvão faz três substituições!
Palmeiras 4×0 Figueirense – O Porco fez o que tinha que fazer, atropelou a equipe mais fraca. O time de Cuca tem 100% de aproveitamento dos jogos como mandante. Nem preciso falar mais nada. Tendências: Palmeiras luta pelo título; Figueirense – É o vice-lanterna, mas o Flamengo perdeu para eles, injustamente, mas perdeu.
Santa Cruz 0x3 Ponte Preta– O que comentar de um resultado desses? Tendências: Santa Cruz – Triste fim de Policarpo Quaresma; Ponte Preta – Eletrocardiograma.
Atlético/MG 5×3 Botafogo – Placar de futsal. Todos estão enaltecendo o time do Galo, mas reflitam… quem sofre três gols do Foguinho não deve estar tão bem assim. Assisti à partida e fiquei intrigado, o placar começou 1×0 para a equipe mineira. Pode isso Arnaldo? Tendências: Atlético Mineiro – G4; Botafogo – G4 da Série B 2017.
E como ficou o Mengão após os embates da rodada?