A fatídica derrocada em Assunção ainda ecoa nos corações e mentes rubro-negros. Time estrelar e multicampeão, os comandados de Sampaoli careceram de brio, de alma e de mínima disposição para fazer valer a magra vantagem conquistada no jogo de ida e superar mais uma etapa rumo à quinta Glória Eterna, desta vez no Maracanã.
Diante da revolta e tristeza, há muitos culpados a serem apontados em todas as escalas da pirâmide. Em todos os flancos do sistema. Há vícios complexos que pertencem às quatro linhas e, muito profundamente, a fora delas.
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Como rubro-negro fora do Brasil há 15 anos, no entanto, leio com muita tristeza diversas manifestações de torcedores nas redes sobre “abandonar o time” até o fim do ano, como se este menosprezo fosse a necessária panaceia para o instável momento que o atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil atravessa.
Sem entrar no chauvinismo nostálgico e geracional e comparar a época das vacas magras de títulos de um passado recente com a hodierna predominância de nossos cofres bilionários, o fato é que todos nós, flamenguistas, precisamos nos perguntar: o que significa o Flamengo em nossas vidas?
Todos os protestos pacíficos são válidos.
Mas será que eles devem ser tão contundentes a ponto de prejudicarem o CRF esportivamente? Assim como estádios esvaziados, as vaias nos 90 minutos ajudam deliberadamente o adversário a nos superar. É isso que queremos? Torcer contra? Ver nosso time perder?
Estamos no segundo lugar do Brasileiro (distantes dos líderes, mas com um turno pela frente – o DCF acabou e não fui avisado?) e virtualmente classificados a mais uma final de Copa do Brasil. Há uma temporada em disputa. Mudanças podem (e devem!) ser feitas em todas as esferas.
Mas precisamos ter o mínimo de esperteza para saber quando cobrar. Esta iniciativa autofágica é tudo que os antis nos desejam!
Neste Dia dos Pais, tudo o que eu gostaria era estar no Mario Filho. Local que frequentei semanalmente nos meus primeiros 25 anos de vida e onde estive apenas cinco vezes na última década e meia. Obviamente minha expectativa era me reencontrar com ele no dia 4 de novembro, de forma a me regozijar de alegrias tal como ano passado no Pichincha em Guayaquil. Mas não deu. Sou Flamengo, até morrer.
Os bons também amam os filhos também nos momentos tristes. Amar é também criticar, tentar consertar e amar… mas na hora dos “vamos-ver”, é incentivar até a última gota de sangue. Nessas horas, a torcida não é personificada para presidente, diretor, técnico ou jogador. Torcemos para ver o Flamengo brilhar, para ver a gente mesmo feliz.
Queridos, vamos todos ao Maraca hoje e sempre. Apupem todos. Antes e depois, se for o caso. Não livrem a cara de ninguém. Ninguém está acima do Flamengo. Nem nós…
Quando a bola rolar, quem joga é a camisa, é o distintivo, são as cores rubro-negras. É a nossa história. Façam valer a sorte que têm de estarem tão perto.
Paulo Caruso de Lima é jornalista, trabalhou no Diário LANCE! e é funcionário da ONU em Bruxelas. Reside desde 2008 fora do Brasil e é militante das causa flamengas no exterior. Fundou o Consulado FlaBruxelas em 2019.