“Une femme qui n’a pas peur des hommes leur fait peur.”
“Uma mulher que não tem medo dos homens, amedronta eles”
Simone de Beauvoir
A sociedade brasileira, na medida em que a democracia tornou-se incondicional e que as lutas para uma comunidade mais justa e igualitária promoveram inúmeros avanços, tem refletido de forma mais contundente sobre o patriarcado e o machismo estrutural.
O empoderamento das mulheres passou a ser uma pauta universal, em prol do bem estar social, ocasionando inúmeras mudanças em vários setores e profusas reflexões, permeando nosso cotidiano através das mídias e das redes sociais.
➕ Coluna da Marion Jogadoras e conselheiras
O universo do futebol permanece contudo bastante hermético a essas transformações, provocando frequentemente conflitos, polêmicas e violências contra mulheres. Existe hoje uma clara dicotomia entre o mundo futebolístico e o resto da sociedade, bastante evidenciada não somente com os casos do Robinho, do Daniel Alves, ou das 19 jogadoras silenciadas no Santos, mas também com o número de mulheres que atuam na política ou como dirigentes em clubes de futebol e federações.
Na política, no judiciário e nas empresas, as mulheres ainda são minoria. Mas o aumento da participação feminina a cada ano é inegável. No futebol os avanços são quase inexistentes. Corinthians e Flamengo tiveram Presidente mulher e o Palmeiras tem uma Presidente mulher, é verdade. Mas são exceções. Exceções que não são consequências, nem refletem a realidade de um espaço extremamente restrito às mulheres.
São raríssimas as mulheres executivas e em cargos de liderança nos clubes e nas federações, e são pouquíssimas mulheres conselheiras. E ao contrário da sociedade, onde se nota verdadeiros esforços para modificar esse cenário, não há mudanças, nem tentativas de mudanças no universo futebolístico. Isso se explica pelo fato de ser um mundo controlado e pensado por homens.
Faz-se portanto necessário a criação de um movimento nacional em prol das mulheres no Futebol, movimento guiado por algumas pautas abrangentes em um primeiro momento, para depois definir-se metas mais específicas:
-Por uma reflexão sobre as especificidades na dinâmica das relações interpessoais no futebol.
-Por uma abordagem diferenciada em cima da violência de gênero no futebol. -Por uma majoração e valorização das mulheres no ambiente do futebol.
-Por um levantamento de dados em cada região, cada clube, cada organização atados ao futebol.
-Por medidas concretas nas diversas entidades, clubes, escolinhas e federações ligadas ao futebol.
Precisamos dar um primeiro passo, para que possamos em um futuro próximo ter um ambiente mais diverso, mais inclusivo e mais conectado com o resto da sociedade, pois o futebol tem uma visibilidade e um impacto imensurável sobre ela.
Precisamos do Futebol como agente transformador e ele precisa se reestruturar e se modernizar. Da mesma forma que mulheres e homens precisam andar juntos para alcançar uma coletividade mais justa, a Sociedade e o Futebol precisam se unir em prol da majoração das mulheres em um ambiente tão masculino e tão vedado à elas.
Marion Konczyk Kaplan é conselheira do Clube de Regatas do Flamengo e presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo. Mestre em História pela Sorbonne Paris. Siga: @marionk72
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