Saudações, Rubro-Negros!
Joguei minha toalha. Cansei desse Flamengo preguiçoso, previsível, confuso, perdido, monótono, sem inspiração, enganador, amarelão e bunda mole. E esse meu desalento não se construiu apenas por causa de mais essa nova fase ridícula que atravessa o time. Ele vem de bem mais longe. O Flamengo vem sendo descaracterizado, perdeu por completo sua identidade, seu DNA, e sobre tudo isso já falamos aqui em diversas outras ocasiões, assim como também já foi discutido por vários outros colegas deste site e de diversos outros veículos. A transformação do Flamengo numa caricatura do que o Flamengo historicamente sempre foi é um projeto de longo prazo, e seus resultados agora estão aí concretizados na forma de atuações ridículas, conformismo com essas mesmas atuações ridículas e na falta de títulos expressivos. O Flamengo, senhoras e senhores, esse Flamengo que aí está, é uma vergonha, um insulto a nossa História e a todos nós.
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O cenário é desolador. Conseguiram minar até o que nós tínhamos de mais característico: aquela nossa marra que tanto incomodava os adversários, especialmente a arco-íris. Não dá para ser marrento se num ano inteiro não conseguimos vencer o Vasco — o VASCO, porra! — nenhuma vez. Pior: no sábado passado, além de não conseguir batê-los, por pouco não fomos batidos. E teria sido bem merecido, verdade seja dita. E a isso somam-se a vergonhosa e inaceitável derrota diante do Ceará dentro do Maracanã, aquela atuação bizarra na primeira partida das oitavas da Libertadores contra o Cruzeiro, o atropelamento sofrido em Curitiba contra um fraquíssimo Atlético, dentre outros tantos.
Outro sintoma claro do quanto as coisas no Flamengo anda de mal a pior é a total incapacidade do time de dar a volta aos resultados. Neste ano, apenas uma vez conseguimos vencer após sair atrás no placar. Foi no jogo contra o Emelec, pela Libertadores, lá no Equador. Pelo Brasileiro, nenhuma vez. Vencer fora de casa, então, é quase proibido para esse Flamengo frouxo e desarrumado. Não tenho sequer palavras para definir o quanto isso é decepcionante.
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São muitas as razões que explicam isso. Elas vão desde o desequilíbrio na montagem do elenco, lotado de atacantes de lado de campo, mas sem nenhum lateral que preste e sem meias em condições de substituir qualquer um dos titulares, passam pelo manjadíssimo jogo que a equipe tenta empreender dentro do campo e também por um (des)comando por parte da cúpula do futebol, outro tema já bastante abordado. Nossos dirigentes têm a cara desse Flamengo.
Mas vamos aqui nos concentrar no jogo que o time tenta reproduzir dentro de campo. Em primeiro lugar, ele não muda nunca. É outra coisa que se arrasta no Flamengo há pelo menos três temporadas. É sempre a mesma coisa. Bola pra um dos “pontinhas”, como bem os chama meu amigo téo Benjamin, os quais, via de regra, tentam sempre a mesma jogada — trazer a bola para o meio e tentar um chute, tentativas bisonhas de cruzamentos saídos dos pés desses nossos laterais ridículos e bola parada. A isso — e só a isso — se resume o futebol desse Flamengo, se é que se pode chamar algo assim de futebol. Nossos centroavantes penam, seja por serem tecnicamente bisonhos, como é o caso do tal do Henrique Dourado, um dos piores que já vi vestir o Manto em toda minha vida, incapaz de sequer dominar uma bola, ou por simplesmente atuarem num time que ignora solenemente o fato de haver um centroavante lá no meio da área. Nesse Flamengo é muito mais fácil sair gol contra do que de centroavante, como foi contra o Vasco.
Por tudo isso, amigos, eu cansei. Não tenho mais forças, nem saco, nem tesão de seguir acompanhando o Flamengo até o final da temporada. Seguirei assistindo aos jogos pela TV, continuarei torcendo para as coisas milagrosamente melhorarem, mas deixarei de ir ao Maracanã por tempo indeterminado. A não ser, é claro, que após uma semana cheia para treinar o Barbieri se revele um gênio, acerte tudo o que está errado, o time volte voando domingo contra o Galo, emplaque uma sequência absurda de vitórias, reassuma a ponta do Brasileiro e chegue à final da Copa do Brasil. Se isso acontecer, esqueçam tudo o que leram aqui e me encontrem lá no setor Norte, ali entre as saídas 39 e 40, pra gente se embebedar, torcer, se abraçar e comemorar junto.
SRN
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Fabiano Torres, o Tatu, é nascido e criado em Paracambi, onde deu os primeiros passos rumo ao rubronegrismo que o acompanha desde então. É professor de idiomas há mais de 25 anos e já esteve à frente de vários projetos de futebol na Internet, TV e rádio, como a série de documentários Energia das Torcidas, de 2010, o Canal dos Fominhas e o programa Torcedor Esporte Clube, na Rádio UOL. Também escreve no blog Happy Hour da Depressão.
Imagem destacada nos posts e nas redes sociais: Reprodução
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