A maioria dos rubro-negros sabem quem é Marcos Braz e o que ele faz no Flamengo.
O que talvez uma boa parcela não saiba é por que ele se tornou um dirigente “intocável”, mesmo com tantos erros na condução do futebol, quando não é a primeira ou segunda vez que isso acontece.
Embora suas passagens no Flamengo venham normalmente acompanhadas de títulos, o que se observa desde que Braz se tornou dirigente é uma espécie de ciclo, alternando conquistas no futebol e falhas na sua gestão.
O MRN coloca o dedo na ferida e vai mais fundo para mostrar para você quem é a pessoa quem está no comando do Departamento de Futebol do Flamengo há mais de cinco anos, e que em 2024 pode estar caminhando para sua última passagem à frente da pasta.
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Afinal, quem é Marcos Braz?
Nascido em Nova Iguaçu em 1971, Marcos Braz vem de uma família com conexões políticas, já que sua mãe era professora e seu pai, advogado, foi um ex-diretor do INSS. Com a prosperidade, a família logo se mudaria para a Zona Sul do Rio, logo, Braz não chega a ser “cria da Baixada”.
Sua trajetória profissional começou no mercado imobiliário, no qual intercedia a favor da família, cuidando dos seus negócios. Braz se tornaria funcionário do Flamengo em 1995, quando assumiu o cargo de gestor do antigo centro de treinamento Fla Barra, por intermédio do então amigo e dirigente rubro-negro Cacau Medeiros.
Assim permaneceria até 2007, quando saiu do Flamengo depois de 12 anos ocupando funções de menor relevância. Em 2006, Braz ainda tentaria se candidatar a vereador pelo PDT, mas teve seu nome rejeitado pela então deputada Cidinha Campos.
A volta de Braz ao Flamengo aconteceria em 2009, quando ocupou o cargo de vice-presidente de Esportes Olímpicos na gestão de Marcio Braga/Delair Dumbrosck.
Eram tempos conturbados, em que o Flamengo estava sempre emendando uma crise atrás da outra. Assim, em julho de 2009, Marcos Braz cairia de paraquedas na função de vice de futebol, para a qual não tinha nenhuma experiência, substituindo Kleber Leite.
Naquele ano, a sorte parecia estar ao lado do então novato dirigente, já que o Mengo, em uma reação épica, viria a conquistar o hexacampeonato nacional depois de 17 anos na fila.
O sucesso seria então creditado em parte a Braz, muito por causa do seu apreço por aparecer na mídia nos momentos em que o time vai bem.
O que Marcos Braz é do Flamengo?
Muita coisa aconteceu desde 2009, e o Flamengo passou de clube mais endividado do Brasil a líder absoluto de faturamento e um modelo de gestão a ser seguido.
O que parece não ter mudado muito foi a forma de gerir o futebol do clube, que ainda segue um organograma baseado no amadorismo, em que um vice-presidente não remunerado comanda todo o departamento.
Graças a esse modelo até certo ponto bizarro em um clube dito profissional é que Marcos Braz é, desde 2019, vice-presidente de futebol.
Aliás, é bom que se diga que Braz foi demitido dessa mesma função em 2010, não resistindo à pressão da perda de um carioca e da eliminação da Libertadores naquele ano.
É interessante notar que, naquela altura, a presidente Patricia Amorim, cuja gestão não se caracterizou pelo alto nível de profissionalismo, fez o que o atual presidente Rodolfo Landim, disse que faria quando em campanha à presidência: cobrar e demitir quem não trouxesse resultados, como podemos conferir no vídeo abaixo.
Claro que, desde que Braz assumiu, o Fla conquistou vários títulos e nada menos que duas Libertadores.
Por outro lado, o futebol, mesmo com o maior orçamento do Brasil, amargou 2021 e 2023 sem ganhar um título sequer. Na última temporada, o Flamengo chegou a jogar 4 finais (Recopa, Supercopa, Carioca e Copa do Brasil), tendo sido derrotado em todas elas.
Entre 2019 e 2023, a gestão do futebol segue o mesmo modelo dos tempos de crise sem fim. Ou seja, dança de técnicos, incertezas e contratações de jogadores de qualidade duvidosa. Por isso, há quem diga que o Fla ganhou títulos nos últimos anos não “por causa de” Marcos Braz, mas “apesar” dele.
Quanto ganha Marcos Braz no Flamengo?
Enquanto dirigente voluntário e amador, Marcos Braz não recebe um centavo pelo seu trabalho à frente do futebol.
Lembrando que ele elegeu-se vereador em 2020. Isso faz com que o amadorismo no futebol venha bastante a calhar, já que assim ele pode exercer ambas as funções. Claro que Braz não vive só do amor pelo Flamengo, por isso, como parlamentar da ALERJ, ele recebe um salário mensal de R$ 17,2 mil.
Marcos Braz: uma trajetória de títulos, polêmicas e demissões
O que fez, então, com que Marcos Braz se tornasse um dirigente com relativo sucesso e uma figura sempre presente no noticiário esportivo? Parte desse sucesso pode ser explicado pela sua grande habilidade política e sua capacidade de costurar alianças até certo ponto improváveis.
Como revela uma reportagem da revista Piauí, Braz é um sujeito que circula bem entre todos os partidos na ALERJ. Isso faz com que seja querido tanto por esquerdistas quanto pelo pessoal da Direita.
Certamente ele usou essa habilidade para subir não só na política, como no Flamengo, embora tenha dito uma vez que “dirigente é tudo frouxo”. O que Braz parece seguir é uma fórmula bastante manjada nos cenários político e futebolístico.
Enquanto as coisas caminham bem, ele “joga para a torcida”, com declarações bombásticas e postura aparentemente combativa. Nos bastidores, ele costura acordos, faz alianças e tenta, tanto quanto possível, agradar a gregos e troianos.
Mas, quando os resultados não aparecem, esse tipo de dirigente amador que divide as atenções com a política via de regra se esconde. A ideia é evitar ao máximo tomar qualquer tipo de decisão. Só que, no Flamengo, a cobrança sempre chega.
Se ela não vier do presidente, virá da torcida. O próprio Marcos Braz sentiu isso no lamentável episódio em que agrediu um torcedor em um shopping center no Rio. Falando em torcida, é notável que, no gabinete do vereador Marcos Braz, estejam empregados três membros de torcidas organizadas rubro-negras.
Certamente uma dessas pessoas não é o torcedor Leandro Gonçalves, que teve a infelicidade de ser agredido por Braz com uma insólita mordida na virilha.
Detalhe: Braz estava no shopping quando, na verdade, deveria estar na ALERJ em plena sessão.
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Entenda o que faz um dirigente amador
Acho incrível como uma função tão importante quanto a de vice-presidente de Futebol ainda seja, na prática, amadora. Cabe à pessoa que ocupa esse cargo cuidar de uma série de aspectos operacionais e estratégicos. Sem dedicação exclusiva, não vejo como dar conta, muito menos fazer um bom trabalho.
Contratações, gestão de elenco, finanças, marketing e comunicação são algumas das responsabilidades de altíssima importância que cabem a um VP não remunerado. A pergunta que fica é: quem é Marcos Braz, dirigente amador ou vereador?
Na minha modesta opinião, Braz não é nem uma coisa, nem outra. Na verdade, ele é alguém que deu a sorte de ocupar posições importantes, tirando delas o melhor proveito para si e para seus aliados.
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