O Flamengo embarcou rumo ao mundial no Marrocos. A última chance de conquistarmos a obsessão do clube parece se tornar, nos últimos dias, a última possibilidade de sofremos uma das maiores humilhações da nossa história caso não passemos da semi. O cenário é caótico, com indisciplina de jogador, futebol meia boca e contestação da torcida.
O Marrocos é o objetivo do ano. Nada mais importa caso os dois próximos jogos tenham como resultado a vitória. Só pensamos nisso, respiramos isso. Marrocos é o objetivo. Entretanto, o futebol jogado pelo time de Vitor Pereira surpreende negativamente e já há a necessidade de justificar essa péssima surpresa.
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No Twitter e em alguns programas esportivos já sentenciaram: Vitor Pereira é o menos culpado. Afinal, está em início de trabalho, o time não tá encaixado, automatizado. A culpa maior recairia em outras figuras, principalmente na diretoria. O Judas da vez parece ser o período de férias dado aos atletas entre o final do ano passado e o início da temporada.
A Diretoria tem culpa sim, mas essa culpa senta no banco de reservas e atende pelo nome de Vitor Pereira. Os cartolas interromperam um trabalho que deu resultados para colocar um outro que precisava se ajeitar em 30 dias para jogar o torneio mais desafiador e importante do ano. Propôs isso a Vitor e ele aceitou.
E é por isso que não existe parcela de culpa reduzida do treinador. O português sabia de todas as condições ao aceitar o trabalho. Não é como se tivesse sido surpreendido com a existência de um jogo repentino contra alienígenas, valendo o futuro do planeta. Sabia de todas as condições e sabia que o que quer tivesse que fazer, não poderia dar resultados em agosto ou outubro. Seu time teria que jogar já em fevereiro.
E agora o próprio treinador fala em “período de preparação fora do ideal”. Essa ressalva deveria ter sido feita na hora da negociação e caso não foi resolvida, Vitor Pereira deveria declinar da oferta. Simples assim. Imagine um pedreiro que é contratado pra entregar uma empreitada em uma semana, recebe o dinheiro e ao final da semana diz “mas era curto o tempo né?”. Calma aí, você disse que faria.
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E não precisa ser sequer o Flamengo definitivo do ano. Vitor Pereira tem a missão de, em curto prazo, tornar esse time competitivo. Parece ter falhado. Nós passamos muito tempo nos acostumando com a existência dos chamados “técnicos bombeiros”. Eram os que chegavam pra nos salvar do rebaixamento que parecia certo, em três meses. Papai Joel, por exemplo, chegava, metia três volantes e a gente disparava na tabela. Após esses três meses, percebia-se não haver mais o que tirar dali.
Era limitado, servia pra um tipo de papel. Para aceitar o cargo, Vitor Pereira precisava ter a certeza de que tinha essa capacidade. Há três meses estávamos cantando as glórias de Regragui, o treinador que levou um pequeno país muçulmano e africano a fases adiantadas da Copa do Mundo, passando por seleções tradicionais, mesmo tendo assumido a seleção pouco antes do torneio.
Regragui mostrou que dentro deu repertório, isso era algo que ele tinha. Pode ser que seja a única coisa que tem, mas mostrou que tem. Não é admissível que Vitor Pereira, se utilize do pouco tempo de trabalho como salvo conduto pra fazer partidas pífias contra o Boa Vista, Madureira e Palmeiras, tendo o melhor elenco do país.
Tão pouco é possível que isso sirva de desculpa pra uma eventual eliminação na semi do Mundial. Regragui mostrou que é possível, ao levar o Marrocos ao quarto lugar do mundo. Marrocos é mesmo o objetivo, precisamos ir ao Marrocos, fazer o que Marrocos fez, e conquistar o Marrocos. Caso contrário, Vitor Pereira será o rosto desse fracasso.
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