Findado a era Sampaoli, um dos momentos mais sombrios e tristes da história do clube, novas questões vêm à baila. A que mais tem agitado as redes sociais são as renovações de Bruno Henrique e Everton Ribeiro. Confrontados finalmente com a realidade de que nossos jogadores são cobiçadissimos por outros clubes.
Há quem aponte o dedo para a diretoria que esperou os últimos três meses de contrato deles para renovar. Há aqueles que alegam que seria traição dos atletas em fechar com clubes rivais. Mas para a correta compreensão de ambos os lados é necessário entender que não há herói nem vilão.
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Antes de mais nada é necessário tirar do caminho um argumento canalha: que o clube não fez nada além de sua obrigação em manter e pagar os salários do jogador enquanto ele estava machucado. Não foi caridade. A postura dos torcedores – aí sim – para com Bruno, poderia ser algo a ser pesado? Indubitável que sim. Deveria ser suficiente? Evidentemente não.
Por outro lado, não há qualquer absurdo adicional na postura do clube nesta renovação. É modus operandi desta diretoria deixar para os últimos meses de contrato para negociar a renovação com jogadores que passaram dos 30. Certa ou errada? Eu pessoalmente não gosto, nos expõe à possibilidade de perder o jogador. Entretanto, assim foi com Filipe Luis, Diego Alves, Diego Ribas e com alguns desses mais de uma vez.
Desde sempre contamos com um certo senso de idolatria – alguns diriam acomodação – desses personagens. Diego Ribas recusou oferta dos Estados Unidos para ficar. Filipe já afirmou algumas vezes que sua carreira se encerrará com sua passagem pelo clube. Esse ano nos deparamos com situações diferentes.
Um Bruno Henrique valorizado no mercado por ser um jogador único e supervalorizado pela torcida por ser -segundo alguns – “um dos poucos que corre e que tá jogando bem”, beseado em alguns lampejos que nos renderam pontos nesse inverno sampolístico.
É legítimo que o jogador queira um bom salário. O que é – na minha visão – inadmissível, é a leitura de que haverá no novo contrato não uma renovação mas uma “recompra” do “passe” do jogador. Esta malandragem dos empresários do atleta talvez seja a única coisa que possa manchar de alguma forma esta saída.
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Embora exista a possibilidade do jogador assinar com qualquer clube por estar em final de contrato, este ainda é atleta do Flamengo. A leitura de que Bruno não é mais “propriedade” do Flamengo abre – por exemplo – o questionamento sobre se o jogador está focado no clube nessa reta final. Pontuo: essa não é uma dúvida minha, ao contrário de boa parte dos torcedores, não coloco em xeque a seriedade e hombridade dos jogadores. Por isso tenho certeza de que isso é coisa de empresário.
Portanto, acredito que Bruno deveria interceder e tomar as rédeas dessa negociação. Se tiver que sair, ainda que pra um grande rival, que vá e permaneça nos nossos corações. Mas que faça isso da maneira certa, como uma escolha sua e não como consequência de descabida de empresários.
Por fim, é certo que 2023 e Sampaoli deixará um legado: ao menos um grande craque histórico do clube estará em outro time ano que vem. Rodrigo Caio, que foi preterido a Pablo por Sampaoli, não terá seu contrato renovado. O injutiçado Everton Ribeiro, melhor jogador do ano passado, talvez também não fique. E podemos perder até Bruno Henrique. Resta tristeza diante desse cenário.
Renato Veltri é advogado, formado pela UFRJ em 2019 e flamenguista formado por sua irmã, Vanessa, na final da Copa do Brasil de 2006. Twitter: @veltri_renato.
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