Durante coletiva de imprensa, Rogério Ceni reforçou discurso sobre a rotina de treinos em finalizações e definiu como “infelicidade” a perda de gols do time
Em coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira, 6, após o Fla x Flu no Maracanã, Rogério Ceni respondeu perguntas sobre o futebol apresentado pelo Flamengo dentro de campo, que resultou na virada do tricolor por 2 a 1. Ao analisar a postura do elenco, o técnico enfatizou a rotina de treinos adotada pela equipe nas finalizações, lamentou a dificuldade do time em fazer a bola entrar e buscou minimizar críticas aos atletas, principalmente a Everton Ribeiro, que tem sido cobrado por não estar fazendo uma boa atuação nos últimos jogos.
MAIS NOTÍCIAS
Flamengo é punido por conformismo e sofre virada do Fluminense no segundo tempo
Pedro tem 50% de aproveitamento em jogos disputados contra o Fluminense
Auxiliar de Rogério Ceni descreve experiência em trabalhar pelo Flamengo
Sub-20 do Flamengo elimina Fluminense e se classifica para semifinal do Brasileirão
Flamengo contrata novo preparador físico para as categorias de base
No final da partida, Arrascaeta foi eleito o Craque do Jogo, e ao receber o troféu, o uruguaio lamentou a derrota: “Não tem muita palavra, a gente tem que sair com vergonha hoje. (..) Tem hora que a gente não merece ser campeão”. A declaração gerou grande repercussão e ao ser perguntado sobre, Rogério Ceni afirmou concordar com a opinião do atleta.
“Eu acho que ele não se refere a maneira como o time jogou, mas sim a maneira como o time sofreu os gols. Aí eu tenho que concordar com ele nessa parte, da maneira como nós sofremos a virada… O time produziu no primeiro tempo, teve ótimas chances de gol, grandes oportunidades de fazer 2 a 0 e liquidar o jogo.
O Fluminense veio para jogar a bola na área de qualquer lugar que fosse e assim conseguir o primeiro gol. Eu pedi no intervalo para a gente evitar as faltas mais próximas à área, e infelizmente em uma bola a 40m da área, alçada lenta e devagar, nós tomamos o gol. Aí nessa parte eu tenho que concordar com o Arrascaeta, que sofrendo gols dessa maneira, realmente fica difícil”, pontuou.
Ainda fazendo uma análise sobre a partida, Rogério Ceni lamentou a dificuldade do time em finalizar, mesmo tendo a posse de bola na maior parte do tempo. “Nós tivemos as oportunidades, dominamos o jogo, se você olhar os números da partida você vai ver que em todos os quesitos nós dominamos o jogo, mas não se consegue matar o jogo. Não conseguimos fazer o segundo gol e aí a gente paga um preço alto e pesado por não ter conseguido definir o jogo antes que o Fluminense fizesse o seu primeiro gol”, disse.
Queda de intensidade
O treinador do Flamengo foi questionado sobre a diminuição do ritmo dos jogadores em campo, falha que tem sido recorrente nas últimas partidas. Ao responder, Ceni reforçou que a intensidade dos atletas é trabalhada em todos os treinos e culpou “a falta de confiança” dos jogadores como a causa para terem apresentado um futebol muito diferente no segundo tempo em comparação ao primeiro.
“Nós trabalhamos a semana inteira em alta intensidade fisicamente, percorremos grandes distâncias, exceto o dia de ontem que a gente diminuiu para que eles pudessem estar bem para o dia de hoje. É natural que se caia um pouco, qualquer time vai cair um pouquinho do primeiro para o segundo tempo. Mas eu acho que o que foi não é nem a falta de intensidade, o que foi, foi a falta de confiança a partir do momento que você sofre o gol.
Aí você perde um pouco a confiança, começa a errar passes que você não estava errando e propicia o adversário a ter uma ou outra chance de gol e se o adversário se fecha, você tenta de todas as maneiras e não consegue, e aí no final você tem a infelicidade de errar um passe e colocar o adversário na cara do gol para definir a partida. Mas eu não vejo nem tanta falta de intensidade, nós fizemos quatro trocas, tentamos de todas as maneiras manter o time bem e no ataque. Nós tivemos a posse de bola e o controle do jogo, mas não conseguimos fazer a definição do segundo para acalmar, para que o Fluminense perdesse a esperança de tentar empatar e posteriormente virar o jogo”, afirmou.
Ainda sobre o desempenho do time, Rogério Ceni foi perguntado sobre qual seria a sua avaliação sofre a falta de repertório ofensivo do Flamengo. Novamente, o técnico voltou a falar sobre a rotina de treinos feita com os jogadores e destacou que o número de finalizações da equipe não pode ser considerado falta de repertório.
“Uma coisa é falta de repertório, outra coisa é a bola não entrar. Quando você finaliza 19 vezes no gol do adversário não é falta de repertório. As bolas chegaram, tanto alçadas quanto com tabelas, conseguimos chegar e finalizar, o goleiro deles fez ótimas defesas, finalizamos muitas bolas dentro do gol inclusive, e para isso você tem que ter repertório, para chegar no gol do adversário. A bola entrar ou não é circunstancial, não tem como se fazer uma análise em cima disso. Mais finalização do que a gente treina, é impossível. A gente treina muita finalização, mas infelizmente a bola tem teimado em não entrar”, analisou.
Sobre a briga pelo título do Campeonato Brasileiro, o técnico desconversou, mas afirmou que os erros cometidos durante a partida são “grotescos para uma equipe que quer ser campeã”, fazendo uma avaliação parecida com a de Arrascaeta no pós-jogo: “O que nós criamos é o suficiente para marcar gols e vencer um jogo, como no caso, de hoje. Agora, os erros que nós cometemos são grotescos para uma equipe que quer ser campeã”.
Everton Ribeiro
Everton Ribeiro tem realizado atuações muito distantes do futebol que os rubro-negros estavam acostumados a assistir dentro de campo, e tem sofrido duras críticas pela torcida e pela imprensa desde que voltou da seleção brasileira, quando disputou as Eliminatórias da Copa. Durante a coletiva, Rogério Ceni minimizou o tom das críticas feitas ao atleta e saiu em defesa do camisa 7.
“Ele participou da jogada do gol, o cruzamento é dele, se não me engano, e ele fez outras boas jogadas. É natural, quando a gente perde um jogo, a gente tem que encontrar alguém para tentar diminuir ou colocar culpa. Eu acho que ele jogou até o minuto que ele podia, depois ele foi substituído. Se o resultado tivesse sido favorável, se tivesse 2 a 0 ou 3 a 0 para nós, como poderia ter estado, não teria a pergunta.
Em outras vezes, contra o Racing, por exemplo, nós empatamos o jogo e fomos para os pênaltis. Era porque tiramos o Everton muito cedo, e hoje, foi muito tarde. Então é muito difícil. O que você tem que fazer é ganhar jogo, aqui você tem que ganhar jogo. Em qualquer lugar, mais aqui, especialmente, a gente precisa vencer jogos, e hoje, como não venceu… Eu acho que o Everton não fez um jogo tão abaixo. Ele fez até um jogo com boas jogadas, mas como não matamos a partida, e aí, lógico, vem o julgamento em cima do atleta”, afirmou.
Desempenho das equipes
Rogério Ceni também falou sobre a derrota sofrida no Maracanã, mesmo com 11 dias livres de treino. “Todas as equipes praticamente tiveram duas equipes de treino. Os gols foram falhas grandes e por isso perdemos a partida, porque de resto, controle de bola, número de finalizações, enfim… Tudo é muito favorável a você ganhar. Você fica mais de 75% com a bola, você finaliza o dobro do adversário… Fora isso, eu não tenho como explicar para você, porque infelizmente nós falhamos nos momentos decisivos do jogo”, disse.
Ao ser questionado sobre a falta de objetividade do time, o treinador discordou e afirmou que, o que falta para a equipe evoluir é balançar a rede do adversário, e não a objetividade: “Está faltando fazer o gol. O time tem finalizado, tem se esforçado para colocar a bola para dentro mas não tem tido a felicidade da bola entrar. Objetividade, não. O time trabalha bem a bola até achar a situação clara de gol, finaliza bastante a gol a cada jogo. Hoje, se não me engano, foram 20 finalizações que nós tivemos mas não se consegue fazer o gol. Ou o goleiro faz uma grande defesa, ou a bola passa perto do gol… Objetividade se resume em a bola entrar.”
Rogério Ceni também analisou o futebol apresentado em campo pelo Fluminense, e atribuiu a virada do tricolor ao ganho de confiança após marcar o primeiro gol, e não a mudança de postura tática do time. “Não, eu não vejo muita mudança de postura. Eu vejo uma bola alçada na área, como tantas que foram alçadas e que a partir daí saiu o gol. Logicamente, o time se anima, ganha um pouco mais de confiança e aí teve mais duas ocasiões de gol, mas não vejo uma mudança de postura. O estilo de jogo foi o mesmo. Falta acima da linha do meio campo, todas as bolas jogadas em cima da área e, mesmo a gente alertando, foi assim que eles conseguiram fazer o gol”, ressaltou.
Briga pelo título
Ao finalizar a coletiva, o técnico do Flamengo lamentou a derrota, mas enfatizou que não se pode desanimar por uma “derrota inesperada” e que ainda restam mais 11 rodadas pela frente. “O que a gente não pode é desanimar e se abater. São Paulo também perdeu hoje, era uma grande oportunidade de diminuir para 4 pontos a diferença e entrar literalmente na disputa pelo título, mas faltam 11 rodadas. Assim como o São Paulo perdeu hoje, infelizmente nós tivemos essa derrota inesperada… É continuar trabalhando, fazer a vitória acontecer e a bola entrar.
Não podemos parar por causa de um jogo onde nós sofremos gols que não tem muita explicação. Uma bola que vem mansa na área, a outra bola que é uma infelicidade do atleta que vai passar para outro jogador e ela escapa… Então, assim, são gols que não são treináveis para você não sofrer. Acontece dentro de um jogo como aconteceu no dia de hoje”, disse.
- Fortaleza x Flamengo: Vojvoda destaca importância de confronto direto no Brasileirão
- STJD define data para julgamento do Atlético-MG pelos eventos diante do Flamengo na Arena MRV
- Próximo adversário do Flamengo, Fortaleza não perdeu em casa no Brasileirão
- Bap pretende contratar português para compor diretoria do Flamengo, afirma jornalista
- Dá para sonhar? Projeção aponta Flamengo com chance de título do Brasileirão menor que 1%