Foi um desses jogos com todas as atenuantes possíveis. Temos as convocações para a Copa América, temos as antigas lesões, temos as novas lesões, temos a titularidade de Wesley, que a cada jogo transmite mais a sensação de não ser um atleta profissional mas sim um sócio-torcedor que na parte de “Experiências” do site “Nação Rubro-Negra” trocou todos os seus pontos pela possibilidade de entrar em campo como lateral-direito.
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Além disso existia o tabu de nunca ter vencido o Juventude em Caxias do Sul, o que dado o fato do clube gaúcho costumeiramente transitar pelas divisões inferiores do futebol brasileiro, claramente tem menos a ver com questões técnicas do que com misticismo, feitiçaria, pragas lançadas por nonnas italianas e uma possível incapacidade do organismo rubro-negro de funcionar abaixo de certas temperaturas.
➕ Um gol foi pouco – mas garantiu a vitória que o Flamengo precisava
E ainda assim, por mais que seja uma dessas derrotas que entram na conta dos acidentes de percurso, no grupo dos riscos calculados, na famigerada categoria “perdeu quando podia perder”, não deixa de existir uma óbvia sensação de frustração em relação ao resultado desta quarta-feira.
Primeiro pela memorável partida realizada por Agustín Rossi, o goleiro rubro-negro. Se já havia feito grandes partidas, se já havia batido recordes desde que chegou ao Flamengo, talvez ainda faltasse ao argentino aquele recital, aquele show pessoal, aquela versão esportiva do solo de 4 minutos que o guitarrista de rock progressivo dá no meio da música.
Isso aconteceu contra o Juventude. Foi uma, foram duas, foram ao menos três defesas decisivas realizadas pelo ex-Boca Juniors, deixando claro que o Flamengo tem sim debaixo das traves alguém capaz de passar a confiança necessária nos momentos mais decisivos. Acabou sofrendo dois gols, ambos em jogadas bisonhas da nossa defesa? Sim, mas tudo que ele podia fazer é possível dizer que sim, ele fez.
Depois porque até um dado momento, o Flamengo vinha até relativamente bem na partida. Não era dominante, não estava nem perto do que poderia, mas dado o status absolutamente retalhado da equipe, até que o primeiro tempo não havia sido tão ruim, com o gol de Pedro, por mais que o empate tenha vindo quase que imediatamente.
Porém a entrada de Allan no lugar de Lorran acabou reduzindo ainda mais o potencial ofensivo do time, e quando Gabigol, visivelmente fora de ritmo, entrou no lugar de Victor Hugo, aí que o Flamengo abdicou de vez do ataque e se via absolutamente preso na sua grande área, jogando pelo empate e tendo como única esperança o apito final.
Apito final que veio, mas não antes do gol da virada do Juventude, em mais uma bola cruzada na área, em mais uma falha generalizada da defesa, em uma bela zicada da equipe de transmissão do Premiere que falou, no minuto anterior, que Tite tinha acabado de fazer mudanças para proteger a equipe na bola aérea.
Então, fica a frustração. Uma frustração moderada, já que o Flamengo se manter na liderança, mesmo com tantos desfalques e lesões, já é um triunfo por si só. Mas é inegável a sensação de que, com um pouco mais de sorte, um pouco mais de organização, um pouco mais de ofensividade, talvez a equipe rubro-negra pudesse ter voltado com algum ponto do Rio Grande do Sul.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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