Em um curto espaço de seis semanas, o Conselho Deliberativo foi incumbido da tarefa de votar as duas mais importantes pautas dos últimos anos. O primeiro passo para a construção do seu tão sonhado estádio. E uma emenda inviabilizando a transformação do clube em SAF.
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No dia 29 de Julho, em reunião histórica, conselheiros e conselheiras apostaram no futuro, na realização de um desejo de décadas, na vontade de sua torcida de ter a sua própria casa, para ver o seu time brilhar em campo.
➕ Conselho do Flamengo deve aprovar blindagem contra SAF
E neste dia 11 de Setembro, outra data histórica, o Conselho votará, provavelmente por unanimidade, a favor de uma emenda que reafirma a natureza associativa do CRF, reiterando a sua essência, celebrando a sua história.
Passado e futuro exaltados e votados no presente, em um movimento diacrônico, onde a natureza da associação sem fins lucrativos permanece, e se adapta aos desafios do mundo moderno.
Pois repudiar a transformação do Flamengo em uma SAF é muito mais do que recusar um modelo de gestão. Significa reafirmar nossos valores: somos movidos pelo amor ao nosso Clube, pela paixão incondicional, onde o lucro só tem sentido se for reinvestido integralmente no CRF.
Distribuir dividendos para investidores é inconcebível, visto que nossos objetivos são esportivos e o dinheiro é apenas um meio para alcança- los.
O Flamengo é poliesportivo desde seus primórdios, não apenas Futebol. Sua torcida é seu maior Patrimônio, não apenas um conjunto de consumidores. Ele é um Clube formador, tem uma função social, não apenas económica. Suas metas são esportivas, não apenas financeiras.
Nunca na História do país, um Clube faturou tanto. E sua essência sem fins lucrativos permanece.
Os desafios provavelmente aumentarão, com o convívio cada vez maior com as SAFs no Futebol brasileiro, mas nada que não possamos resolver. Nossas receitas, cotas de TVs, Patrocinadores, não dependem de um investidor que pode amanhã se cansar de investir, ou reduzir os investimentos. O dinheiro que arrecadamos depende somente e unicamente de nossa torcida. É o tamanho dela que nos proporciona cifras tão volumosas. É a sua fidelidade, sua paixão que permite contratos tão duradouros.
O Flamengo não é um produto. É uma Instituição, que desperta sentimentos que nenhuma marca de consumo jamais alcançará.
Faturar, lucrar, investir. Sim. Nosso mundo funciona assim. Todo Clube funciona assim. Mas essa lógica lucrativa abastece apenas o Flamengo e seus objetivos esportivos.
Por isso não está a venda e nunca estará. Pois não se quantifica a paixão e não se monetiza o amor.
E para aqueles que brandam que as SAFs são o futuro do futebol brasileiro, lembramos a eles a famosa frase do Saint-Exupery: “O futuro não é um lugar onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando. O caminho para ele não é encontrado, mas construído e o ato de fazê-lo muda tanto o realizador quando o destino”.
Marion Konczyk Kaplan é conselheira do Clube de Regatas do Flamengo e presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo. Mestre em História pela Sorbonne Paris. Siga: @marionk72
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