É muito bom ter dinheiro como o Flamengo. Tendo dinheiro você aumenta suas possibilidades. Tem acesso a mais comodidades. Consegue tornar sua vida muito mais fácil e divertida do que ela seria se você não tivesse dinheiro algum. Ou mesmo se tivesse um pouco menos de dinheiro.
Mas isso tem muito a ver, é claro, com a maneira como você usa esse dinheiro. Ainda que mais dinheiro quase sempre vá significar mais possibilidades e mais comodidades. E que acima de um certo volume de dinheiro você fique meio que imune à quase todas as leis que regem a sociedade, uma certa eficiência e lógica no uso desse dinheiro costuma, sim, ajudar.
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Se você, por exemplo, ganha R$1 milhão na loteria e imediatamente compra um apartamento de R$1 milhão, são boas as chances de que rapidamente as suas despesas superem a sua receita. E você talvez não tenha dinheiro nem para pagar o condomínio. Já se você, não sei, usar esse mesmo prêmio para comprar uma casinha e abrir um pequeno comércio, talvez você acabe conseguindo manter um nível mais modesto, mas bem regular, de renda por um bom tempo.
E poucas situações no futebol exemplificam melhor o que é ter muito dinheiro, mas não saber usar do que o Flamengo de 2023.
Isso porque temos ali o clube de maior receita do continente, com valores de R$1 bilhão, e também a maior folha salarial do país, acima dos R$20 milhões mensais. E como já falamos antes, são valores que abrem possibilidades, são valores que oferecem comodidades.
Mas que não vão fazer a menor diferença se não forem utilizados com um mínimo de lógica, bom senso e planejamento. Adianta ter um bilhão em receitas se você dá esse dinheiro na mão de dirigentes incapazes, que pensam apenas nos seus projetos pessoais e políticos? Ajuda alguma coisa ter uma folha salarial de quase R$25 milhões se você não tem um lateral-direito titular? E, pior, os dois que você usa na posição deram um gol cada para o time adversário numa partida decisiva?
Derrota reflete juros a serem pagos pelo Flamengo
Porque o que vimos na derrota vergonhosa desta quarta-feira (29) para o Atlético-MG, em pleno Maracanã, nada mais foi do que, mais uma vez, o pagamento dos juros. Juros de toda a burrice, incompetência e fanfarronice dos dirigentes rubro-negros. A falta de lateral-direito, que já vinha de longe: a péssima fase de Thiago Maia, que não surpreendeu ninguém; a famigerada ausência de outro meia criativo para os dias em que Arrascaeta está mal e Éverton Ribeiro sente o peso da idade.
O Flamengo é, sim, o clube mais rico das Américas, é, sim, a maior folha salarial do Brasil. Mas tal qual uma pessoa que gasta todo o seu dinheiro numa Ferrari, mas esquece de guardar algum para o combustível, a absoluta e completa falta de organização e planejamento impede que ele chegue aonde pode chegar.
Uma situação que já nos custou diversos títulos esse ano e pode agora ter nos tirado de vez da briga pelo Brasileirão. E que, se não for finalmente resolvida, pode acabar nos jogando na cara, também na próxima temporada, que dinheiro às vezes não traz felicidade. Apenas te faz, por fim, passar raiva pagando muito mais caro.
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