O flamenguista é acima de tudo um otimista. Salvo exceções, como aquele torcedor naturalmente mais triste ou o rubro-negro nascido numa casa botafoguense, a média dos torcedores tem uma confiança quase patológica na ideia de que no final o Flamengo vai ganhar. E se o Flamengo ainda não ganhou, é porque não chegamos no final.
É uma Nação de pessoas que acredita na reversão de qualquer placar, que um clube 10 pontos na frente pode facilmente ser alcançado, que confiam ser plenamente viável tirar 16 pontos de um adversário em cinco rodadas, já que precisamos apenas vencer todas, eles perderem todas, alguém descobrir que um moleque de 17 anos do time deles, na verdade, serviu ao exército durante a Segunda Guerra.
Leia mais do autor: João Luis Jr: O ‘titismo’ pode não ser tão bonito, mas ele resolve
Porém, o otimismo, por mais bonito e gosto que seja, possui uma tradicional inimiga. Que pode se aproximar de diversas formas, algumas mais sorrateiras, outras mais declaradas, e ela se chama “realidade”.
Porque, sim, nada mais natural para o torcedor rubro-negro do que ver o Botafogo empatando, o Bragantino perdendo, o Flamengo vindo de uma série de duas vitórias e pensar “estamos de volta na briga pelo título”.
O problema é que, como ficou claro na lamentável derrota por 3×2 para o Grêmio nessa noite de quarta-feira (25), faltou avisar isso para o time do Flamengo.
Porque o “titismo” vinha, sim, construindo sua narrativa da maneira que fez contra Cruzeiro e Vasco. O time não dava show, mas mostrava aplicação técnica. A equipe não sobrava, mas garantia o placar necessário para voltar para casa com mais três pontos.
Flamengo de Tite tem lampejo de Sampaoli e VP
Mas aí, subitamente, o que parecia ser o Flamengo de Tite se transformou no Flamengo de Sampaoli, no Flamengo de Vítor Pereira. E sofrendo três gols em praticamente dez minutos do segundo tempo, o trem sem freio da realidade atropelou o frágil carrinho de rolimã de ilusão de que um treinador pudesse, tão rapidamente, transformar em postulante ao título brasileiro uma equipe que antes capengava na briga pelo G4.
Porque o Flamengo tem diversos problemas que não vão ser resolvidos da noite para o dia. Que vão desde atletas em má fase técnica até um grupo que, coletivamente, viveu mais baixos do que altos nessa temporada de 2023. São necessários reforços em algumas posições. É essencial a recuperação física de diversos atletas. E é ilusão achar que Tite conseguiria resolver tudo isso apenas na base da conversa e do pensamento positivo.
É impossível brigar pelo título brasileiro? Não, porque a matemática ainda permite. É preciso, contudo, reconhecer que se trata de um objetivo um bocado improvável. Que só voltou ao debate após Tite nos lembrar quão viável era nosso objetivo inicial, a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores.
Mas panes como a ocorrida nessa noite servem para nos lembrar. Por mais que a chegada de Tite represente sim uma virada de página e uma mudança positiva na equipe, segue existindo um caminho relativamente longo pela frente até que o Flamengo entre nos eixos.
Porque não existe nada de errado em ainda acreditar no título em 2023. Entretanto, a realidade vem deixando cada vez mais claro que nossa briga real é para voltar a ganhar coisas em 2024.
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