Existe uma distância imensa entre ter acesso a recursos e saber usar os recursos a que você tem acesso.
Você nota isso quando vê pessoas que recebem salário mínimo sendo uma força positiva nas suas comunidades enquanto bilionários investem somas indecentes em naves espaciais, mansões e na compra de redes sociais que colaboram com a ascensão do fascismo.
Você percebe isso quando vê criadores independentes precisando de apenas uma câmera, três amigos e uma lanterna pra contar histórias que marcam a vida das pessoas enquanto diretores como Zack Snyder gastam praticamente o PIB de um pequeno país pra fazer filmes que nem fazem sentido.
➕ JOÃO LUIS JR: Nem Libertadores nem Brasileiro: a prioridade parece ser “perder”
E, claro, você percebe isso quando vê times de baixo orçamento, sem jogadores badalados, sendo capazes de criar jogadas ofensivas enquanto o milionário Flamengo de Tite se transformou numa espécie de fusão entre as empresas Hydra e Lorenzetti para dominar o mercado de chuveirinhos.
Porque o cenário era o melhor possível. Feriado nacional, Rio de Janeiro em clima de show da Madonna, Gabigol voltando ao time após um longo período afastado. . O adversário era um time da Série B, treinado por Adilson Batista, que veio ao Maracanã com a única missão de perder de pouco.
Pra uma equipe rubro-negra em busca de afirmação após resultados ruins, essa seria a hora de garantir uma vitória tranquila, fazer as pazes com a torcida e afastar essa má fase, correto?
Errado. Porque o Flamengo de Tite, mais uma vez, apresentou um futebol absolutamente triste, desanimador e frustrante. Garantiu a vitória? Sim, mas através de um placar magro e anêmico, de 1×0, num gol surgido em uma das poucas jogadas ofensivas criadas pela equipe, ainda no primeiro tempo. Depois o que vimos foram chuveirinhos aleatórios, lançamentos sem sentido e bolas indo e vindo de uma ponta a outra com imensa lentidão e sem objetividade alguma.
O rubro-negro novamente teve espaços imensos entre seus setores, outra vez viu seus pontas neutralizados, mais uma vez era incapaz de se infiltrar pelo meio. E se o time já não criava, a decisão de Tite de tirar de la Cruz, um dos únicos jogadores que ainda tentavam alguma coisa no meio, para colocar Gabigol, apena agravou ainda mais o isolamento dos homens de frente, que basicamente tinham como única função tentar receber os bizarros lançamentos que vinham da zaga.
E para um time com a qualidade do Flamengo e treinado por um técnico com o prestígio de Tite, isso é muito, mas muito pouco. A sensação é que temos uma equipe que, ao invés de evoluir, parece estar regredindo a olhos vistos, não apenas se tornando menos eficiente no ataque como também mais frágil na defesa – passamos ilesos diante de um Amazonas que mal atacou, mas sofremos dois gols diante do Botafogo.
Então é preciso que Tite, urgentemente, busque soluções. Sejam elas táticas ou técnicas, o Flamengo é hoje um time desanimador, que apresenta um futebol previsível, lento e incapaz de decidir partidas até mesmo contra times da Série B. E com certeza temos recursos pra muito mais do que isso.
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Medium.
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