Tite iniciou seu trabalho no Flamengo no dia 10 de outubro de 2023 e completa um mês de clube nesta sexta-feira (10). O Rubro-Negro passou por mudanças dentro e fora de campo com o novo treinador, que resultaram em clara evolução da equipe. Em contato com o MRN, o analista Raphael Rabello, do canal Falando de Tática, analisou os primeiros 30 dias do treinador no Fla.
Tite tem seis jogos no comando do Flamengo, com quatro vitórias e duas derrotas, 66% de aproveitamento. Além disso, marcou oito gols e sofreu cinco no período. Apesar de algumas oscilações, a equipe está mais organizada e consistente em relação ao restante do ano. Atualmente, o Fla na quinta colocação e três pontos atrás do Botafogo, vivo na briga pelo título do Brasileirão.
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Adenor começou com mudanças mais sutis, sem mexer muito na estrutura da equipe. No entanto, passou a imprimir seu estilo de jogo com o tempo. Hoje, o Flamengo apresenta virações táticas e a vitória por 3 a 0 sobre o Palmeiras é um grande exemplo.
“Pensando em um campinho base, ele partiu sempre de um 4-2-3-1. Quando ele tinha os dois volantes, Maia e Pulgar, ele usou. Quando ele não tinha optou por Gerson de volante, mas na verdade ele fez um tripé de meia. O Arrascaeta desceu um pouco, no jogo contra o Santos isso fica bem claro, mas era o Arrascaeta pela esquerda e Gerson pela direita. A novidade contra o Palmeiras foi a troca de lado, os dois com pé natural, e funcionou. Então ele mudou para um 4-3-3, os pontas mais abertos e os laterais por dentro, mais parecido com o que ele fazia na seleção.”
Além disso, ressalta que o Flamengo joga em muitos momentos de forma assimétrica. Ou seja, os movimentos dos atletas que atuam pelo lado esquerdo são diferentes de quem joga pela direita. Assim, Tite pretende aproveitar ao máximo as características de seus jogadores.
“No lado esquerdo é mais comum o Cebolinha estar com o pé na linha e o lateral sempre por dentro, ainda mais quando é o Filipe Luís. (Na direita) O Matheuzinho às vezes dá essa amplitude quando o time está começando a progredir, com o Luiz Araújo vindo mais por dentro.
Diferenças do Flamengo de Tite para o de Jorge Sampaoli
Raphael Rabello apontou a principal diferença do Flamengo de Tite para o de Jorge Sampaoli. Hoje, o Mengão é um time com diferentes maneiras de atacar e que não precisa ter a bola o tempo inteiro. Diferente do que acontecia com o argentino.
“Na época do Sampaoli era proibido contra-atacar, acelerar o jogo. Ele não gostava que o Flamengo acelerasse o jogo, pois achava que o jogo ficava aleatório, nivelado por baixo. Ele não esta totalmente errado, mas acho que praticamente proibir o time de contra-atacar fazia mal para a equipe. Hoje isso está claro, o time pode contra-atacar e quando tem a possibilidade de acelerar, acelera.”
“E qual o ganho que isso dá à equipe? Primeiro: se tornar uma equipe mais versátil, com mais opções para agredir o adversário. Quando você contra-ataca costuma ter mais espaços, e jogadores talentosos como os do Flamengo se beneficiam quando recebem espaços.
O jogo com o Palmeiras mais uma vez é um bom exemplo de como o Fla coloca a versatilidade em prática. O primeiro gol do Fla sai em jogada trabalhada, que Pulgar vê oportunidade de acelerar e encontra lindo passe para Pedro. Em seguida, o Fla fez gol após lançamento do goleiro para Cebolinha, que deu assistência para Arrascaeta.
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Analista aponta mudança de postura no Flamengo após chegada de Tite
Uma das maiores críticas dos torcedores do Flamengo ao time foi a postura em campo, principalmente em jogos decisivos. Com Tite, Raphael Rabello destaca que o Rubro-Negro passou a brigar mais pela bola e também apresenta mais intensidade após perde a posse.
“Outra coisa importante falar é que o time passou a disputar um pouco mais. A intensidade sem a bola á algo que o Tite cobra muito. Para retomar a posse, deixar o adversário desconfortável. O time corre para trás com mais senso de urgência, mais desarmes, muitas roubadas de bola por trás do adversário, algo visto desde a época do Corinthians. Fica claro que ele estimula isso, treina. E o time duela muito mais sem bola, quando perde a posse rapidamente tem sete jogador protegendo a área.”
Além disso, comenta como os times de Tite costumam não sofrer em bolas paradas do adversário. O treinador dá muita atenção ao seu sistema defensivo, o que é um “ganho enorme” para o Flamengo.
“Aliás, foi muito legal a entrevista dele falando que errou contra o Santos quando mudou a marcação de bola para. Realmente é muito raro, me chamou a atenção, times do Tite raramente tomam gols em segunda bola de bolas paradas. Ele é muito atento nesses detalhes porque diz que ‘tem que estar bem em todas as fases do jogo’. Aos poucos ele vai entregando isso ao time.”
Alterações no sistema defensivo
Tite é conhecido por armar grandes sistemas defensivos. Foi assim na seleção brasileira, com 30 gols sofridos em 81 jogos, e não seria diferente no Flamengo. No entanto, para ajustar a defesa do Rubro-Negro, precisou abandonar o conceito de bloco alto que ficou marcador no time nos últimos anos.
“Outra mudança que o Tite fez foi a marcação em bloco alto, ele simplesmente não faz essa marcação e utiliza bloco médio ou baixo. Talvez para simplificar, porque o tabalho está iniciando e não tem muito tempo para treinar. Blovo alto precisa ser algo muito bem encaixado, pois o adversário pode encontrar espaços ao escapart da ‘teia”.
A mudança permite ao treinador realizar muitas mudanças táticas no time durante o jogo. Nos primeiros jogos, utilizou estrutura mais fixa e diminuiu o número de movimentações que os atletas poderiam fazer. Contudo, a entrada de Luiz Araújo no time titular deu mais opções.
“E ai tem algumas mudanças. Até o jogo com o Fortaleza, ele praticamente só usava o 4-4-2 com Arrascaeta e Pedro mais na frente. A partir desse jogo e o confronto com o Palmeiras, ele passou a trazer variações com o Luiz Araújo bem mais abaixo do Cebolinha. Então, ele fica flutuando nessa segunda linha, que se mexe muito de acordo com onde está a bola. Por exemplo: a bola roda para o lado esquerdo e o jogador salta para pressionar o adversário. Aí fica variando de uma estrutura de 4-3-3, 4-1-4-1 e até mesmo 5-4-1. Isso porque o Luiz Araújo baixava na mesma linha dos zagueiros e laterais contra o Palmeiras.
Cebolinha e Luiz Araújo entre os titulares do Flamengo
Se antes da chegada de Tite Luiz Araújo e Cebolinha não estavam tendo muitas oportunidades, tudo mudou assim que o técnico chegou ao clube. Ambos foram titulares em três jogos, somam três gols nos jogos com o treinador e se tornaram titulares do Flamengo.
“Ele escolheu colocar o Luiz Araújo porque ele já vinha pedindo passagem. Ele escolheu botar o Luiz para ponta pois não tinha um dos volantes. Ai colocou Gerson de volante e o atacante no lugar do meia, ao invés de escalar o Victor Hugo por exemplo. Ele começa a montar do jeito que ele quer fazer, mais parecido com a seleção brasileira. Só que a primeira opção era o Bruno Henrique, que foi expulso. Ele usou o Cebolinha e deu certo.”
Além de destacar as boas atuações de Everton, Raphael explica que o atacante joga mais preso ao lado esquerdo d dá mais liberdade para Arrascaeta. “Ele dá muito protagonismo também para o Arrascaeta, que ganha liberdade para circular e todo o talento do uruguaio aparece. “
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