Quando o Flamengo ganha, há mais amor nos morros, mais doçura nos lares, mais vibração nas ruas, a vida canta, os ânimos se roboram, o homem trabalha mais e melhor, os filhos ganham presentes. Há beijos nas praças e nos jardins, porque a alma está em paz, está feliz. O Flamengo não pode perder, não deve perder. Sua derrota frustra, entristece, humilha e abate. A Saúde, a higiene nacional exigem que o Flamengo vença, para o bem de todos, para a felicidade geral, para o bem-estar nacional.
Esse texto do Juiz de Direito Eliezer Rosa, imortalizado em narração de Fernanda Gentil, exemplifica bem um estudo feito pelo neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu.
Ele juntou 20 torcedores e fez uma avaliação mental para provar sua tese de que os rubro-negros foram os torcedores que menos sofreram durante a pandemia.
Segundo Abreu, isso se deve pelas recentes conquistas e bons resultados do Flamengo no futebol.
“Em 2019, antes da pandemia, a torcida estava em êxtase emocional, liberando neurotransmissores, que são mensageiros químicos no cérebro que trazem boas sensações, necessárias para a nossa sobrevivência. Quando o surto deste vírus foi declarado, a esperança derivada daquele momento servia como meta e, metas, são motivos de vida. São necessárias para que a ansiedade não nos traga tantos pensamentos ruins já que, a esperança de recompensa motiva através de boas expectativas”, afirmou o cientista.
LEIA MAIS: Flamengo terá reuniões por renovação de Arrascaeta nesta semana, afirma portal
A Nação vivia um momento indescritível, com o time em ótima fase e jogando muito bola, até ser obrigada a se distanciar dos estádios. Ainda assim, o amor pelo Mais Querido prevalece, e a cada jogo coloca-se expectativas de grandes momentos.
“Todos, sem exceção, comentaram que depositam suas alegrias no Flamengo e, este, faz com que não sintam tanto o impacto do momento que estão vivendo. Além disso, sentimentos como esperança, expectativas e alegria com a vitória, por exemplo, todos eles são mecanismos de liberação de neurotransmissores da recompensa. Eles compensam a ansiedade e colocam o organismo em equilíbrio mediante a uma situação de estresse e ansiedade constante e intensa”, contou Abreu sobre os voluntários testados.
O problema de tanta expectativa colocada sobre os clubes de futebol, é que os mesmos fatores que levam a grandes alegrias, acabam destruindo o bom humor, especialmente de quem já sofre com algum problema psicológico.
“Se ele já sofre de ansiedade devido ao momento (pandemia) e seu time perde, perde-se também motivações, depositando assim as expectativas na mídia social. Esta, por sua vez, prejudica mais ainda, causando disfunção nos neurotransmissores e podendo trazer doenças como depressão e perturbações”, concluiu o neurocientista.
Diante disso, à Nação só resta torcer para que os bons momentos continuem durante e após a pandemia.