O alto custo de mandar jogos no Maracanã na situação atual, na qual a Odebrecht mantém a concessão do estádio mas praticamente abandonou a operação, voltou a ser exposto nos borderôs das duas últimas partidas do Flamengo no Maracanã, contra Atlético-GO, pela Copa do Brasil, e Atlético-MG pela estreia do Brasileiro. O Flamengo levou mais de 83 mil pessoas ao Maracanã, que gastaram R$ 2.691.085 em ingressos nas duas partidas. No entanto, mesmo com a isenção de aluguel no jogo contra o Atlético-MG e a redução do valor na partida contra o Atlético-GO — R$ 250 mil em vez dos R$ 700 mil que o clube vinha pagando nas outras partidas — o Flamengo ficou com uma renda líquida somada de apenas R$ 126.287,24. E a mais da metade desses R$ 126 mil ainda foi para o Ato Trabalhista (fundo reservado para o Flamengo pagar antigas dívidas com funcionários): R$ 67.931,99. Com isso, o valor restante para os cofres do clube foi de apenas R$ 58.355,25.
O Flamengo não pagou aluguel na partida contra o Atlético-MG como parte de um acordo com a prefeitura de que a renda seria utilizada para pagar uma doação de alimentos pelo clube para reabrir restaurantes populares no Rio de Janeiro. A prefeitura, então, conseguiu com a Odebrecht a isenção do aluguel. O clube também não pagou a taxa de 5% à Ferj. O borderô identifica R$ 462.052,50 como “despesa com evento e ação social”, menos do que a soma de R$ 589.108,80 gasta com infraestrutura do estádio, custo operacional do jogo e contas de consumo. Para o Flamengo, sobraram, da renda bruta de R$ 1.874.265, R$ 452.879,96 (dos quais R$ 68 mil já citados foram para o Ato Trabalhista).
O saldo de R$ 384.497,97, porém, por pouco não bastou para cobrir o rombo deixado pela outra partida do Flamengo no Maracanã na semana. A receita de R$ 816.820 da partida contra o Atlético-GO passou longe de cobrir as despesas da partida, que somaram R$ 1.143.412,72. O prejuízo de R$ 326.592,72 é o maior registrado pelo Flamengo desde a reabertura do Maracanã. Além do aluguel de R$ 250 mil, o borderô registrou R$ 82.600 de custo de infraestrutura, R$ 362.785 em custo operacional do jogo e R$ 170 mil em contas de consumo. Nesse jogo, a Ferj deu a sua bocada de R$ 40 mil.
Para efeito de comparação, o Palmeiras arrecadou contra o Vasco R$ 2.109.685,93 (cerca de R$ 600 mil a menos do que o Flamengo na soma das duas partidas) e ficou com uma receita líquida de R$ 1.487.319,31. Mesmo se descontado o valor investido pelo Flamengo na ação social, o clube paulista, principal adversário rubro-negro no cenário esportivo nacional, lucrou cerca de R$ 1 milhão a mais do que o Flamengo com bilheteria nesta semana.