E nesta noite de quarta-feira, diante do Botafogo, tivemos aquela que possivelmente é a melhor e mais dominante atuação do Flamengo contra um time de Série A nesta temporada, já que goleada contra o Nova Iguaçu a gente não pode levar muito em consideração. Isso porque, ainda que o placar de 3×1 não transmita totalmente a realidade do jogo, a vitória de hoje no Engenhão ofereceu talvez a mais clara imagem do que Paulo Sousa espera da equipe rubro-negra nesta temporada 2022.
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Tivemos a pressão forte na saída de bola, com rápida recuperação da posse; tivemos um jogo de armação muito objetivo, que valorizava o domínio da bola mas também buscava o passe vertical para definição; tivemos o sistema com 3 zagueiros dando espaço para que os alas avançassem e Matheuzinho jogasse praticamente como um armador pelo lado direito; tivemos Lázaro, que parece ter se tornado um dos atletas favoritos do treinador português, mais cheio de personalidade do que o personagem de James McaVoy no filme “Fragmentado” e contribuindo novamente com passe para gol.
Somando a isso algumas figurinhas carimbadas, como o gênio Arrascaeta, que novamente decidiu na armação e na finalização; o monstro Pedro, que não comemora mais gols pela mesma razão que você não comemora cada respiração que realiza; e o sempre artilheiro Gabigol, que dessa vez não pediu para que Vitinho chutasse a bola antes dele; e o que se teve foi um placar amplo, mas que poderia sido ainda mais elástico não fossem as diversas bolas na trave e fantástica fábrica rubro-negra de gols perdidos, que aparentemente nunca fecha.
É claro que obviamente não foram apenas flores. Tivemos a tradicional queda de intensidade no meio do primeiro tempo, quando o Flamengo, após vinte minutos de intensa pressão em que poderia ter feito ao menos 3 gols, aparentemente decidiu que um gol já era o bastante e sentou em cima do resultado. Tivemos o pênalti não marcado para o Botafogo, num momento em que a equipe de General Severiano poderia ter empatado a partida. E claro, tivemos o gol contra de Léo Pereira, um homem tão predestinado ao erro, tão comprometido com o fracasso, tão casado com o desagradável que, diante das dificuldades da equipe alvinegra para criar chances, decidiu ele mesmo marcar o gol de honra da equipe adversária, uma política de distribuição de gols que orgulharia Karl Marx mas irrita bastante o torcedor.
Mas o saldo final após o confronto é sim muito positivo. Primeiro porque Paulo Sousa segue cada vez mais conseguindo implementar suas ideias, organizar a equipe, entender qual jogador pode contribuir mais em cada função. Depois porque, com o rodízio de atletas, mais gente no elenco rubro-negro está tendo sua oportunidade de mostrar serviço e conquistar a confiança do treinador ou de se queimar de vez e finalmente ser expulso do barco – Isla, estamos olhando pra você.
É óbvio que todos nós queremos resultados o quanto antes e também é evidente que o Botafogo, ainda sem técnico e um pouco distante do esquadrão prometido pelo investidor John Textor, não representa um desafio tão grande quanto outros rivais que vamos enfrentar, mas também é visível que o Flamengo vem progredindo, que Paulo Sousa vem entendendo o material que tem nas mãos, e que talvez, com o tempo, possamos sim finalmente unir a capacidade técnica do nosso grupo com ideias decentes na parte tática, como não acontecia desde 2019. Nada está garantido, mas a sensação é de que ao menos existe uma boa direção e um caminho definido até lá.
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