Os torcedores do Flamengo foram surpreendidos com uma má notícia sobre Arrascaeta. O uruguaio iria jogar ‘no sacrifício‘ até o final da temporada por conta de uma lesão no púbis, conhecida como pubalgia. Para esclarecer sobre o assunto e no que pode acarretar esse ‘sacrifício’ do jogador, o MRN procurou o fisioterapeuta Hector Pelerano para dar explicações ao torcedor sobre a pubalgia de Arrascaeta.
Hector já atendeu o MRN em outro momento, explicando a lesão de Bruno Henrique, adiantando que o atacante deveria ficar fora por cerca de um ano, como vem acontecendo. Agora o profissional volta para explicar a pubalgia, lesão que está afetando Arrascaeta.
“Pubalgia é um termo utilizado para dores na região pubiana, também conhecido como osteíte púbica, talvez um termo genérico para abrangência desse tipo de dor que pode envolver virilha, abdômen e a própria sínfise do púbis. Um termo atual que englobaria todas essas informações seria ‘groin pain'”, inicia.
De forma mais didática, Hector segue explicando como é gerada a tensão e o que acontece na região pubiana enquanto inflamada.
“A sínfise púbica é uma estrutura composta de cartilagens e absorve forças que vem do abdômen e das pernas. Quando se tem um desequilíbrio entre essas forças, a dor surge fazendo o púbis (parte óssea) ficar como no centro de um cabo de guerra, onde o músculo reto abdominal executa força para cima e o os adutores executam forças para baixo, gerando uma grande tensão na região. Quando não existe uma coordenação entre essas forças ou um lado está bem mais forte que outro, a tensão é tamanha, gerando inflamação e dor. Traumas diretos também podem levar a esse tipo de quadro doloroso”, continua.
Acúmulo de jogos contribui para desgaste de Arascaeta
Hector ainda explica o que causa a pubalgia de Arrascaeta. O calendário do futebol brasileiro é constantemente criticado por treinadores e o fisioterapeuta atesta o que é falado. Com pouco tempo para descansar os músculos, a quantidade de partidas faz com que a forma física dos jogadores fiquem fragilizadas.
“Nas avaliações de pré-temporada são feitos mapeamentos nos jogadores para identificar esses ricos que podem trazer lesão futura e assim corrigi-los. Porém, com acúmulo de jogos na temporada e o tempo mínimo de intervalo entre eles, a recuperação não é suficiente para restaurar a musculatura a sua condição natural, deixando assim fragilizada, aumentando o risco de desequilíbrios”, explica.
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Se fosse ficar parado, Arrascaeta teria que tratar a pubalgia com fisioterapia. O jogador deveria ficar de molho de seis a 12 semanas. Ou seja, perderia as finais da Copa do Brasil e da Libertadores. Mas o Mais Querido não quer ficar sem seu atleta, que vai jogar com a lesão.
“O tratamento para esse tipo de lesão é conservadora e baseada em fisioterapia, onde o ideal seria retirar o atleta das partidas e de acordo com avaliação descobrir o ponto principal de desequilíbrio e que gera a dor, além do grau de lesão para se ter prazos que podem variar de seis a 12 semanas de tratamento”, complementa.
Fisioterapeuta explica como Arrascaeta deve ir para o ‘sacrifício’ no Flamengo
Nos últimos dias, muito se falou sobre Arrascaeta jogar ‘no sacrifício’. Como já foi citado anteriormente, o correto seria o tempo de descanso acompanhado do tratamento fisioterapêutico. Mas com as decisões, o clube vai colocar o uruguaio para jogar, mas isso não deve acontecer em qualquer circunstância.
Arrascaeta deve jogar as finais da Copa do Brasil e Libertadores, mas não deve forçar nos jogos do Flamengo pelo Brasileirão. Hector explica que o que acontece nessas situações é uma administração de tempo do jogador em campo. Vai haver uma observação maior com Arrascaeta, percebendo o quanto o atleta aguenta de dor e percebendo os riscos da lesão agravar. O atleta não deve jogar partidas inteiras e os minutos serão contados.
“Fator importante a se considerar é que estamos na reta final da temporada e com os jogos mais decisivos chegando, além de uma Copa do Mundo ao final disso. Arrascaeta não tem esse tempo disponível para tratamento, então vejo Dorival, com possíveis relatórios do Departamento Médico rubro-negro, fazendo um controle de minutos em cima de quanto tempo durante uma partida ele consegue jogar sem dor, versus quanta dor ele aguenta, versus o risco da lesão se agravar”, finaliza o fisioterapeuta.