Ao longo da história, Zico e Maradona se enfrentaram seis vezes, em três partidas oficiais e três amistosos
O dia 25 de novembro de 2020 marca uma data triste para o futebol do mundo inteiro. Aos 60 anos, morreu Diego Armando Maradona, o maior nome do esporte bretão na Argentina. Na década de 80, rivalizou com Zico pelo posto de melhor jogador do mundo. Por ter sido mais decisivo pelo lado de sua seleção em Copas do Mundo, “D10S”, como era conhecido, levou vantagem nessa disputa individual. Em campo, Zico e Maradona se enfrentaram por seis oportunidades.
Enquanto Maradona tirava o Napoli da insignificância, para transformá-lo em um dos maiores clubes da Itália, Zico fazia algo parecido pela Udinese. Não na mesma proporção, pois não teve o mesmo sucesso com a camisa alvinegro. Mas ambos tiveram grande destaque na terra da bota, ficando frente a frente uma vez, pela Serie A. Defendendo suas respectivas seleções, jogaram duas vezes um contra o outro. Mais três amistosos em contextos específicos.
1979 – Zico e Maradona se enfrentavam pela primeira vez
Em 1978, a Argentina ganhou a Copa do Mundo pela primeira vez, em sua casa. No ano seguinte, aconteceu a realização de um amistoso entre a seleção campeã mundial, contra um time que reunia os demais melhores jogadores do planeta. De um lado, estava Maradona, defendendo sua pátria. Do outro, Zico, que não pôde estar em campo pelo primeiro tempo por conta de um fato inusitado: acabou chegando atrasado para o início da partida.
A princípio, parecia que a noite seria do craque argentino. Depois de receber passe dentro da área, pela ponta direita, com a sua canhotinha de habilidade única, pôs a bola no ângulo do arqueiro adversário. Mas, na segunda etapa, o Galinho de Quintino botou a bola debaixo do braço e resolveu tudo a favor de sua equipe. Com um gol marcado e uma assistência dada, Zico impressionou jornalistas do mundo inteiro com sua atuação na Argentina.
No mesmo ano, um outro confronto com superioridade do Galinho
Pouco tempo depois, na Copa América daquele mesmo ano, Maradona e Zico voltariam a se enfrentar. No mesmo grupo, Brasil e Argentina duelaram em Maracanã lotado. Ou seja, se o primeiro embate foi em território familiar a Maradona, o camisa 10 da Seleção Canarinho tinha motivos de sobra para se sentir em casa. O ambiente cômodo fez com que Zico se sentisse confortável o suficiente para abrir o placar.
Após jogada feita por Zé Sérgio, pelo lado esquerdo, Zico apareceu livre dentro da pequena área para finalizar de pé direito, mandando a bola para o fundo do gol. O empate argentino saiu logo após lambança da zaga brasileira, que deu um gol de presente aos visitantes. Por pouco a virada não veio dos pés de um jovem Maradona. Já no segundo tempo, com muita liberdade, o atacante de 19 anos tentou mandar por cobertura para surpreender Leão, mas o arqueiro fez bela defesa.
Chance perdida por Maradona, mas que o Brasil não desperdiçaria posteriormente. Uma tabela envolvente realizada por dois astros do Flamengo, Zico e Tita, culminou numa pintura, que fez a torcida carioca ir à loucura. Na entrada da área, o camisa 10 da Gávea, com raciocínio rápido e técnica apurada, achou Tita, na cara do goleiro. O atacante rubro-negro, que servia a Seleção, conseguiu o que Maradona havia tentado minutos atrás: fazer um lindo gol de cobertura.
Em 1981, um debilitado Zico leva a melhor mais uma vez
No ano mágico vivido pelo Flamengo, em que a Libertadores e o Mundial de Clubes foram conquistados, um amistoso também teve seu simbolismo. Afinal, craque dentro e fora de campo, Paulo César Carpegiani pendurou as chuteiras em uma partida não oficial, diante do Boca Juniors, no Maracanã. Pelo lado oponente, obviamente estaria ele: Diego Armando Maradona. Na única ocasião em que o maior ídolo da Argentina enfrentou o Flamengo, o Mais Querido levou a melhor.
Quem realmente se destacou foi um jogador que, no dia, estava com uma febre de 38º e tinha furúnculos espalhados por todo o corpo. Aí você para e pensa: quem, nessas condições, teria capacidade de resolver uma partida de futebol profissional com dois gols e mais uma atuação de encher os olhos? Se sua resposta foi “Zico”, não poderia estar mais certo.
No primeiro gol, uma aula de posicionamento e oportunismo. Zico, esperando cruzamento feito pela direita, dentro da pequena área, finalizou na saída do goleiro, para fazer 1 a 0 para os mandantes. Na comemoração, uma preocupação: o Galinho colocou a mão no joelho e fazendo expressões de dor extrema. Mas, conseguiu se recuperar para jogar o restante da partida. Uma pena para o Boca.
Poucos minutos depois, Tita passou para Zico que, com uma liberdade que só se encontra em amistosos, aproveitou para aumentar a vantagem. Com números finais dados ao duelo, mais uma vez o craque brasileiro levava a melhor sobre Maradona. Marca que iria se manter para o próximo confronto.
O mundo para e assiste Zico e Maradona duelando
Sem dúvidas, o jogo mais importante envolvendo os dois craques aconteceu em 1982. Na Copa do Mundo realizada na Espanha, Argentina e Brasil se enfrentaram na segunda fase de grupos. Enquanto os “hermanos” defendiam seu posto de campeões do mundo, o Brasil contava com um esquadrão, comandado por Telê Santana que não jogava futebol. Mas sim, produzia arte, através de um estilo de jogo que encantou o mundo inteiro.
Apesar dos argentinos depositarem todas as suas esperanças nos craques Maradona e Ramon Diaz, o confronto foi totalmente dominado pelos jogadores que vestiam a amarelinha. E foi justamente Zico quem começou a pavimentar o caminho para a vitória. Aos 11 minutos, após um petardo efetuado por Éder em cobrança de falta, a bola explodiu no travessão. Por pouco não saiu um golaço. Mas no rebote, o Galinho, muito atento, aproveitou para abrir o placar. 1 a 0 no marcador.
E, dos pés do camisa 10 da Seleção, nasceu o segundo gol brasileiro. Na intermediária, Zico ao ver Falcão passando com liberdade pela ponta direita, imediatamente acionou o volante. O “Rei de Roma” recebeu, olhou e, com maestria, botou na cabeça de Serginho Chulapa, que aumentou a vantagem. 2 a 0. Mas não parou por aí. E o responsável por marcar o terceiro também é um “conhecido” da torcida do Flamengo.
Mais uma vez, ele. Zico, completamente imparável, conduzia a bola até a altura da meia-lua. Apenas com falta era possível não deixar que ele fizesse o diabo em campo. Sabendo disso, os argentinos, no lance, entraram fortemente no meia. Apesar do choque faltoso no corpo do Galinho, a bola também foi tocada, em direção ao lado esquerdo do campo. Fulminante apareceu Júnior, que apesar de ter o pé direito como o mais especial, fuzilou com o esquerdo, estufando as redes adversárias. 3 a 0.
Quem deu números finais ao jogo foi Ramon Diaz, aos 44 do segundo tempo. Mas esse gol só aconteceu depois de Maradona chamar o protagonismo da partida, ainda que brevemente, para si. Porém, por um motivo nada louvável. Aos 41′, deu entrada violenta em Batista e recebeu o cartão vermelho. O título não viria para o Brasil, mas, certamente, todo o povo brasileiro ficou bem orgulhoso do que a Seleção mostrou, não somente contra a Argentina, mas na Copa inteira.
Em 1985, finalmente, Maradona foi superior
Poucos ícones da cultura geral representam para um povo o que Maradona é para Nápoles. Um verdadeiro Deus, responsável por dar relevância à cidade, esportivamente falando. Ao todo, foram cinco títulos, incluindo um a nível continental, vencendo a Copa da UEFA, em 1989. Quatro anos antes, em 1985, um ano após a chegada de Maradona na terra da bota, o único confronto contra Zico no qual se destacou mais que o Brasileiro.
No entanto, há de se contextualizar: a temporada 1984/85 foi uma das piores da carreira do Galinho, muito por conta da sequência de lesões que o acometeu. Ainda assim, não foi o suficiente para o ídolo de Udine ser derrotado. Quem abriu o placar foram os visitantes. Falta pelo lado direito do campo, perto da área, em posição que favorece o canhoto. Por isso, Maradona colocou no ângulo. 1 a 0.
Mas, quatro minutos depois, a Udinese conseguiu chegar ao empate, com um gol consideravelmente menos bonito que o marcado por Maradona. Um bate-rebate frenético dentro da área acabou sobrando nos pés de Dino Galparoli, que guardou. No segundo tempo, Zico até tentou responder Maradona na mesma moeda, mas a falta que cobrou, quase perfeitamente, explodiu na trave. Sem problemas. Afinal, aos 10′ do segundo tempo, Luigi Di Agostini virou. 2 a 1.
Porém, Maradona não iria deixar barato. Aos 43 minutos, após longo lançamento em direção a área, Buitoni encobriu o goleiro com uma cabeçada. A bola acabou explodindo no travessão, mas D10S não desperdiçou. O empate, que no geral, foi o melhor resultado que Maradona conseguiu contra Zico, marcou também o melhor desempenho do argentino nessas partidas.
Festa pelo retorno de Zico e mais uma vitória do Galo
Depois de passagem marcante pela Itália, foi feita uma festa quando Zico voltou ao Brasil. Um dos convidados para jogar no time adversário foi Maradona. Sem muita pretensão de ter um desempenho invejável, o argentino viu, mais uma vez, o Galinho brilhar e conseguir a vitória. 3 a 1, com um gol marcado pelo ídolo do Flamengo.
Bom, o que fica de todos esses confrontos? A certeza de que, assim como Pelé x Eusébio, Messi x CR7, entre outras rivalidades do futebol, Zico x Maradona foi um evento que atraía olhares do mundo inteiro. Até mesmo daqueles que não se diziam interessados pelo esporte. Porque, o que ambos faziam, não era somente entrar em campo para correr atrás de uma bola. Eles transformaram cidades, viraram religiões para seus torcedores.
Obrigado, Zico. Obrigado, Maradona. Descanse em paz, D10S!
Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Divulgação
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