Luiz Filho | Twitter: @lavfilho
Infelizmente não vi Zico jogar em seu auge, não assisti o Flamengo campeão da Taça Libertadores e do mundo, vi pouco do fim daquela geração. Quem não reverencia sua História, não terá bom futuro. Zico é sim um ídolo! Meu de meu pai e meu tio, os “culpados” por eu ser tão amante do futebol, tão Flamengo!
Assisto a muita coisa, de campeonatos europeus até divisões subalternas do nosso futebol e listaria muitos jogadores que vi jogar no campo, em tapes e vídeos no Youtube, sendo eles jogadores do Flamengo ou não. Sei que seria injusto com outros de tantos times e de outras épocas. A muitos nunca vi um vídeo: Puskas, Di Stefano, Zizinho, Leônidas entre outros. Isso não diminui o meu respeito por eles, porque respeito a História do futebol.
Ouvi estórias do meu avô, ex-combatente da segunda guerra, testemunha ocular da construção do Maracanã e penso que o respeito aos processos, respeito ao passado é fundamental para formar as próximas gerações dentro e fora de campo. Vi Romário (o melhor que vi em um estádio de futebol), vi Zidane (o melhor que vi jogar), vi Ronaldo, vi um genial Maradona, vi Dennis Berkamp (o que mais gostei de ver jogar), vi Petkovic, vejo Messi, vejo Xavi, vejo Cristiano Ronaldo, vejo Rogério Ceni, por que não, Vejo Neymar e muitos outros. Nenhum desses é maior do que Zico para mim.
Todos que listei têm grande significação no futebol, mas não interessa, não são maiores que Zico! O Galinho emocionou e emociona com sinceridade marcante, palavras objetivas e fundamentadas, que mostram seu caráter e porque é o que é. Quem teve a oportunidade de ver Zico jogar, mesmo que em partida beneficente, o jogo das estrelas, irá entender o que digo. Quando vi Zico entrar em campo com seu primeiro neto, ouvindo a torcida gritar QUEM ERA AQUELE CARA, quase um rei medieval com poderes divinos, senti o que era a História do Flamengo, o que era Flamengo, o que era Zico, a era Zico.
Marejei, ao lado de um amigo suíço, que estava sendo apresentado ao Maracanã. Ver Zico em campo era mágico, foi mágico para mim. Recado: quem o atacou injusta e covardemente não sabe o que é a identidade Flamenga, quem é Zico, o que ele representa e o que é o Flamengo. Sempre digo de brincadeira, com certo tom de seriedade, que o cara que me fez me tornar Flamengo foi Renato Portalluppi, pois minhas memórias de Maracanã e Flamengo estão, sim, ligadas aquele time de 87, 88 e Renato, o gaúcho, era uma das estrelas daquela constelação. Acho que é mais para provocar meu pai.
Em minha memória mais remota da infância tenho Renato, Zinho, Leonardo, entre outros, de seleção, craques, jogadores que fizeram a diferença. Que geração! O melhor deles, sem dúvida, Zico, Arthur Antunes Coimbra. Imaginem se tivesse vencido a copa de 1982? Se Zico tivesse feito o gol de pênalti contra a França em 1986? Se Zico não tivesse machucado o joelho? Problema do futebol! Azar da copa, como diria Fernando Calazans. Zico nunca foi para mim uma pessoa do “SE”, Zico é e pronto! Um grande homem, um grande atleta, uma pessoa cuja História está e sempre estará ligada ao Clube de Regatas do Flamengo que sempre será do Futebol de Zico, Rei Arthur da “Bola Redonda”!
Obrigado por tudo! Feliz Natal!
P.S.: Essa coluna foi escrita no Buteco do Flamengo em homenagem a Zico, que tinha sido escorraçado do Flamengo, na gestão anterior. Não que ela seja grande coisa, mas não sei se conseguiria escrever algo melhor.