Adversário do Flamengo neste domingo (20) pela Supercopa do Brasil, o Atlético-MG chega com novidades para temporada 2022: Antônio Mohamed assumiu o comando técnico da equipe.
Assim como o Mengão, o clube mineiro trouxe um treinador estrangeiro. Contudo, as semelhanças param por aí. “Turco” Mohamed e Paulo Sousa possuem linhas de trabalho bem diferentes em diversos aspectos e devem confrontar ideias antagônicas em Cuiabá.
Vamos conferir hoje a análise do Atlético-MG em organização ofensiva, ou seja, o período em que a equipe está com a bola. A análise vai utilizar como base as três partidas em que a equipe utilizou uma formação inicial com jogadores considerados titulares: as vitórias sobre Tombense (3×0), Patrocinense (3×0) e América-MG (2×0).
Leia mais: Análise: A rápida adaptação de João Gomes ao modelo de Paulo Sousa
A saída de bola do Atlético-MG de Mohamed
A princípio o Atlético inicia a 1ª fase de construção com uma linha sustentada, dentro no 4-2-3-1/4-4-2 que Mohamed usa como base em organização ofensiva. Mas rapidamente essa estrutura é desfeita quando o goleiro Everson começa a acionar seus companheiros de linha.
De maneira geral, possui dois mecanismos para sair com bola do seu campo de defesa:
- Caso sofra pressão alta, a equipe normalmente opta por bolas longas. Seja do próprio goleiro Everson ou de um de seus zagueiros. Majoritariamente, buscam encontrar os dois ponteiros no corredor lateral. Seja para serem acionados em profundidade ou para fazer apoios para os meias.
- Caso sofra pressão média/baixa, a equipe opta por fazer uma saída de 3 com passes rasteiros. O terceiro jogador mais próximo dos zagueiros pode ser um volante que baixa entre eles ou um dos laterais. Além disso, normalmente dois jogadores ficam a frente dos zagueiros para servir de apoio pelo corredor central.
Dessa forma a equipe possui formas diferentes de gerar amplitude. Por exemplo: caso Mariano atue como lateral base, Arana e o ponta pela direita são responsáveis por alargar o campo. Analogamente, caso Arana fique mais próximo dos zagueiros, Mariano e o ponta esquerda cumprem esta função.
Caso Allan seja o terceiro homem da saída de bola, tanto Arana quanto Mariano podem descer para atuar mais próximos dos ponteiros. Porém, eventualmente, um dos dois laterais centraliza para auxiliar Jair no meio de campo.
2ª fase de construção e entrada no último terço do Atlético-MG de Mohamed
Assim como na saída de bola, o Atlético também busca forçar bolas mais longas quando chega ao centro do campo em bola descoberta. Normalmente o trio de zaga é responsável por este movimento e possui dois principais destinos
- Acionar ponteiros em amplitude para alargar o campo. A ideia é que os jogadores que recebam o passe no corredor lateral induzam os marcadores adversários para o setor e assim gerem espaços no corredor central para infiltrações. Seja dos dois jogadores mais próximos do gol (Hulk e Nacho), bem como de eventuais avanços da dupla de volantes Allan e Jair.
- Acionar diretamente Hulk ou Nacho em profundidade. A dupla busca constantemente gerar desmarques para ser acionados no último terço.
Caso não possuia bola descoberta para realizar passos mais longos em 2ª fase de construção, a equipe opta por rodar a bola “em U”. Ou seja, passes laterais que iniciam no jogador da amplitude por um setor, passam pelos zagueiros ou volantes no corredor central e terminam no jogador em amplitude do lado oposto.
A equipe ainda não possui claramente mecanismos associativos para encontrar janelas por dentro. Quando necessário, essas interações acontecem entre os ponteiros que recebem em amplitude com a dupla Hulk e Nacho de forma intuitiva. Em algumas situações a dupla dos jogadores mais avançados fazem apoios frontais para que os meias ou ponteiros ataquem janelas.
Não deixe de ler! Análise: Paulo Sousa começa a implementar seu modelo no Flamengo
A transição ofensiva do Atlético-MG
Bem como na já histórica equipe de Cuca em 2021, o Atlético-MG de Mohamed já indica que terá como seu ponto forte as transições ofensivas. Nos momentos em que retoma a posse de bola, já possui associações bem estabelecidas entre seu principal jogador (Hulk) com seus companheiros ao redor. As transições são diretas e na maioria das vezes se tornam contra-ataques para a equipe mineira
As transições normalmente se iniciam com passes para o corredor lateral e consequentemente passes longos buscando a profundidade. Caso Hulk esteja em condições de ser acionado pelo corredor central, a dinâmica muda e passa a privilegiar o craque atleticano por dentro. Assim, as ações são iniciadas por dentro e finalizadas partindo de jogadores do lado do campo.
Como o Atlético-MG pode atacar o Flamengo?
Organização ofensiva
Projetando as equipes vão começar o jogo, o Atlético-MG deve buscar com frequência acionar em bolas longas o ponta pela direita. Mohamed já testou formações diferentes onde Zaracho, caso esteja liberado, tem grandes chances de titular como um meia para aberto por um lados. Por outro lado, Ademir e Savarino disputam a outra posição.
Dado a maior predisposição de Savarino atuar pelo lado direito do campo, Mohamed deve optar pelo ponta venezuelano entre os titulares. Assim o Flamengo tem que tomar muito cuidado com as bolas neste setor, principalmente se optar por uma marcação mais alta.
Em segunda fase de construção, é possível imaginar que Paulo Sousa opte por uma marcação em 4-3-3 para gerar incômodo a saída de 3 atleticana. Para este que escreve, está também seria a condição ideal para o Flamengo se defender do Atlético-MG
Pois terá um bloco mais compacto para proteger as ações pelo corredor central atleticano, bem como pode conseguir controlar sua profundidade cobrindo a bola dos zagueiros adversários. Todavia, as bolas longas de Zaracho em Rodinei seguirão preocupando e, provavelmente, terão o apoio de Arana no setor.
Transição ofensiva
Ainda assim, a forma em que o Atlético mais pode agredir o Flamengo é o contra-ataque. Como dito, o alvinegro mineiro segue com os mecanismos em saídas rápidas já bem estabelecidos de 2021. Soma-se a isso o trabalho inicial de Paulo Sousa e a necessidade de evolução no trabalho em pós-perda de posse e controle de profundidade e temos um cenário igual para o clube de Minas Gerais.
Dessa forma é possível projetar que o Atlético-MG privilegiará as transições ofensivas num primeiro momento do jogo, buscando explorar os possíveis espaços deixados pelos Flamengo trabalhando em bloco médio/baixo em organização defensiva.
Buscando acionar rapidamente o trio de ataque em duelo contra os três zagueiros rubro-negros. Buscando inversões pelos corredor laterais para encontrar companheiros em melhor situação de finalização.
Enfim, essas são algumas possibilidades em que o Atlético-MG pode agredir o Flamengo na decisão da Supercopa do Brasil. Amanhã iremos falar um pouco de como o Atlético pode se defender e indicar as possibilidades em que o Flamengo pode furar a defesa do rival.
Siga Douglas Fortunato no Twitter.