Com 43 gols em 2019, Gabriel Barbosa foi o maior artilheiro do ano no Brasil. Isso todo mundo já sabe. Mas como Gabigol marca seus gols?
Olhando com cuidado, podemos entender padrões e qualidades do atacante do Flamengo, além de como o posicionamento influencia no rendimento!
Primeiro, os pênaltis. Gabigol converteu sete no ano passado. Ou seja, 16% dos seus gols vieram da marca da cal. Até aí, tudo bem. O que impressiona é a versatilidade do repertório. Cobranças de todos os tipos, para todos os gostos.
Versatilidade, aliás, é a palavra de ordem aqui. Gabriel é um atacante que possui uma caixa de ferramentas impressionante, sempre encontrando uma solução diferente para os problemas do jogo.
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Ele faz gols de todos os jeitos, não é um maestro de uma nota só. No começo do ano, um tipo de jogada chamava a atenção. Gabigol saía do meio para o lado esquerdo, recebia e chutava cruzado. Um tipo de gol até pouco comum no futebol hoje. Seis dos nove primeiros gols do camisa 9 foram com essa movimentação.
Os gols do vídeo não são iguais – nem na finalização, nem na movimentação -, mas revelam um padrão interessante.
Por que Gabriel marcava tantos gols assim? Temos que lembrar que, no Flamengo de Abel, ele jogava isolado no ataque em um 4-2-3-1. O atacante nesse esquema joga centralizado e tem muito espaço na frente para ocupar.
Gabigol, no entanto, nunca se sentiu muito confortável entrando do centro para o lado direito, pois ficava meio torto buscando a finalização com a bola no seu pé ruim. Seu movimento em diagonal partindo da esquerda para dentro também sempre foi meio rudimentar.
Por isso, naturalmente ele buscava sempre atacar o espaço na diagonal do centro para a esquerda. Para isso, normalmente tendia a cair um pouquinho mais para o lado direito antes da corrida e costumava correr em arco para controlar bem a posição de impedimento.
De repente, esses gols desapareceram.
Aliás, de certa forma, os gols dele desapareceram. Em 12 jogos do Fla, Gabriel fez apenas dois gols: um rebote contra o Cruzeiro (que veremos depois) e um pênalti contra o Athletico (que já vimos).
No mesmo período, Bruno Henrique fez sete. Esse tipo de jogada simplesmente sumiu do repertório. Há alguns motivos para isso, mas o principal tem a ver com posicionamento. Abel começou a experimentar com Gabriel aberto pela direita, jogando Bruno Henrique para a área. Assim, aquele movimento não existia mais.
Jogar com Gabigol partindo do lado direito não parecia uma ideia tão ruim. Afinal, como já vimos, o movimento mais confortável para ele é carregar na diagonal para a perna esquerda. O problema é que, além da presença de BH, essa movimentação esbarrava com a infiltração de Arão.
Gabigol simplesmente não se adaptou jogando na direita.
Mesmo quando jogava na frente, o ataque não funcionava e a fonte secou. Abel caiu e veio JJ.
O Mister priorizou logo uma formação com dois atacantes que também limitava o movimento centro-esquerda, mas abria outras portas.
O camisa 9 começou a jogar em espaços muito mais naturais para ele. Sua movimentação se tornou mais fluida e a chegada na frente era muito mais coerente. Repare como os movimentos são mais simples e bem executados do que nos primeiros gols.
O primeiro gol de fora da área, inclusive, foi contra o Botafogo, em 28/07, no sexto jogo de Jorge Jesus. Jogando mais à direita, mas como atacante e não partindo da ponta, Gabriel ficou mais confortável e começou a liberar todo o potencial da sua perna esquerda.
Mas não foi só isso que aconteceu. Além da versatilidade nas finalizações, começou a aparecer a versatilidade da sua movimentação. Depois de desaparecerem os gols na diagonal centro-esquerda, começaram a surgir gols de rebote. Muitos gols de rebote.
Não é sorte. Gabigol tem um faro apuradíssimo para encontrar soluções na área. Fica impedido muitas vezes, mas só porque está constantemente atacando as costas da defesa. Na verdade, ele controla muito bem a linha de impedimento. Por isso faz tantos gols assim. Ele tem uma capacidade de previsão impressionante. Sabe onde a bola pode sobrar e faz todo o esforço para se posicionar antes dos zagueiros. Além disso, reage muito, muito rápido.
Repare no gol contra o Vasco… Castán até marca bem, mas Gabigol prevê a jogada e chega antes.
Contra o Bahia, a mesma coisa. No exato momento que a cobrança de Arão toca na trave, todo mundo ainda está parado, mas Gabigol já começou a reagir para pegar o rebote. Uma fração de segundos que faz toda a diferença.
Essa capacidade de antever o fim das jogadas é o grande diferencial de Gabriel. Sua movimentação sempre busca os espaços certos na hora certa. Não basta estar lá, mas entender como e quando a bola vai chegar lá.
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Sua movimentação abre espaços que ele mesmo ataca logo depois.
É por isso que ele faz tantos gols só empurrando para as redes. Não basta dizer que “os companheiros o colocaram na cara do gol”. Ele sabe criar as situações para chegar ali.
Repare como ele se coloca por trás da defesa, em impedimento, na hora do primeiro passe. Ele não quer aquele passe. Ele quer o passe depois do passe. Já está pensando lá na frente. Como um mestre de xadrez, ele já se posiciona para o xeque-mate que virá alguns movimentos depois.
Gabriel ainda tem aspectos para refinar no seu jogo. Normal. Afinal, tem apenas 23 anos.
Nesse quesito de movimentação, no entanto, já é muito, muito, muito bom, mesmo comparando com os grandes atacantes do mundo. É um especialista em abrir caminhos. Um casamento perfeito! Gabigol e a Nação rubro-negra se amam!
O camisa 9 é um artilheiro versátil, inteligente e mortal.
Se for colocado no contexto certo, jogando da forma mais natural para ele, pode preparar o estoque de plaquinhas.
Por Téo Benjamin – Siga-o no Twitter: @teofb –
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